Ele finalmente me soltou e saio sorrindo pela porta afora. Eu me sentei no chão da cozinha de costas pra pia e respirei aliviado. Meu coração estava disparado. Que homem monstruoso, como ele pôde fazer isso com o filho do amigo dele, na casa do amigo dele? Eu me perguntava.
Fora da casa, enquanto os homens riam, bebiam e falavam palavrões, Marcos se aproximou do meu pai e disse:
- Donatello, tem uma coisa que quero te contar, mas não sei como.
- Pode falar homem. Nós nos conhecemos a tanto tempo para ter esse tipo de bobagem um com o outro.
Os outros homens se aproximaram para entrar na conversa, Marcos continuou :
- É que é meio chato sabe? É sobre seu filho, é um assunto meio delicado.
O semblante do meu pai mudou na hora. Agora estava com uma expressão carregada e nervosa.
- O que tem o Henrique? O que o meu garoto fez?
O silêncio foi total nessa hora. Marcos fingindo colocou a mão atrás da cabeça, abaixou os olhos e disse:
- Eu peguei ele me espionando enquanto eu mijava. Olhando pro meu pau. Quando eu perguntei o que ele fazia ali, ele me pediu para eu deixar ele me chupar. É claro que eu disse que não, eu não sou viado, até briguei com ele. Você é meu amigo e eu tenho que ser honesto com você. O rapaz ficou zangado comigo e é bem capaz de te jogar contra mim, meu amigo. Só por isso eu to te contando.
Meu pai ficou atônico. Todos esperavam uma reação dele. E ela veio na forma de um grande soco na cara de Marcos, ele caiu no chão de um vez. E quando meu pai partiu pra cima com uma fúria terrível nos olhos e rangendo os dentes. Mas os outros homens o seguraram. Marcus se levantou com a boca sangrando e disse:
- Meu amigo, eu só tentei te alertar para que você não ouvisse piadas por ai por causa do Henrique.
- SEU DESGRAÇADO!!! MALDITO !!! Não toque no nome do meu filho. Nunca mais chegue perto dele entendeu!!? Eu mato você mizerável!!! Saia da minha casa! Não se aproxime do meu garoto! Saia daqui!
Meu pai gritava e esperneava tentando se livrar dos braços que o seguravam, em certos momentos ele quase conseguia, mas eram quatro segurando um. Percebendo que o tiro saiu pela culatra, Marcus riu debochado e falou:
- Não me culpe se o seu filho é uma bicha. Aposto que ele deve ser mais rodado do que qualquer puta dessa cidade. Vai me dizer que nunca reparou no jeito que os homens olham pra ele. Nunca ouviu as pessoas sussurando por ai. Seu filho é um viadinho, e não vai demorar pra ele ser a putinha de todos nós, seus amigos. Afinal de contas ,os amigos compartilham o que tem.
- SEU FILHO DA PUTA!!!!! EU VOU TE MATAR!!! Me soltem, eu vou acabar com esse infeliz, me soltem. Eu vou matar esse verme.
Os outros homens seguravam meu pai e pediram calma. Marcos continuava rindo. Eu ouvia tudo de dentro, não estava acreditando que tudo aquilo estava acontecendo, meu pai iria me odiar. Ele ainda gritava quando a voz de um dos homens ecoou lá fora:
- Marcos, vai embora por favor, deixa o Donatello em paz. Depois vocês se acertam. É melhor você ir. Sai daqui, não sei quando tempo a gente ainda segura ele.
Meu pai tentava se livrar, mas dimunuiu os movimentos para ouvir Marcos falar:
- Tudo bem. Eu vou. Mas antes eu queria te dar um conselho meu amigo, você deveria aproveitar a vadiazinha que você tem em casa, nem todos os homens tem essa sorte. Quisera eu ter uma putinha como esse seu filho para foder todos os dias. Hahahahahahahahahaha...
Ele disse isso e saiu apressado, meu pai gritava, esbravejava, mas foi vencido pelo cansaço. Caiu de joelhos no chão... Estava tremendo de odio.
- Donatello, não leva a sério o que ele disse, deve ter sido a bebida. Você sabe como ele gosta dele de arrumar confusão.
- É isso amigo, o Marcos só esta afim de arranjar briga. Deixa isso pra lá.
Sem levantar o rosto o meu pai falou:
- Vão embora, por favor. Saiam daqui.
- Donatello, veja bem o você vai fazer. Aquilo só foi provocação dele.
- Eu quero ficar sozinho. Vão embora.
- Tudo bem amigo. Nós vamos deixar você. Mas tenha juízo. Não faça nada de cabeça quente. Nós estamos indo. Juízo irmão.
Os homens saíram e meu pai continuou ajoelhado pensando. O silêncio era ainda mais aterrador do que a gritaria. Eu não conseguia chorar, o que era incrível pois eu chorava por qualquer coisa. Mas eu estava com muito medo. Quando o meu pai entrasse em casa eu não sabia o que poderia acontecer, se ele acreditou nas mentiras daquele homem disse eu estaria perdido. Fui para o meu quarto e deitei na cama, peguei um livro qualquer e abri, mas não consegui ler nada, não enxergava nada. Só esperava o momento do meu pai aparecer.
Ele finalmente entrou, subiu as escadas, passou pela porta do meu quarto aberto sem olhar pra mim, entrou no seu quarto e se trancou. Eu não sabia o que fazer, agora eu temia por ele e por mim. Eram 17:00 horas da tarde. Quando deu 18:00 horas eu juntei forças e resolvi ir fazer o jantar. Preparei a comida dele, e fui chama-lo, bati na porta do quarto, tremendo:
- Pai? O senhor esta bem? Eu fiz o seu jantar.
O silêncio foi total.
- Papai? O senhor esta ai?
- Eu já vou descer. Me espere lá embaixo. Estou saindo do banho.
Eu tesoureiro aliviado ao ouvir a voz dele mais calmo. Fui para a mesa de jantar espera-lo, eu havia feito tudo que ele gosta, desde espaguete ate carne assada. Ele desceu usando uma bermudas de cor cinza um pouquinho acima dos joelhos, e uma camisa de cor azul bem escuro. Estava com o semblante sério. Sentou e comer sem dizer nada. Pelo menos ele comeu tudo direitinho. Acho que ele gostou. Eu comi muito pouco. Quando terminamos de jantar eu retirei a mesa e ele continuou sentado com um olhar perdido. Enquanto eu lavava os pratos senti que ele olhava pra mim. Até que o silêncio finalmente se rompeu.
- Verdade? Você fez aquilo mesmo?
Eu respondi fundo e disse:
- Não pai. Eu não fiz nada. Ele que fez. Ele veio até mim e tentou me agarrar. Mas eu resisti, eu o rejeitei, e ele ficou com muita raiva. Eu não sei por que ele fez tudo isso. Ele que me agarrou primeiro aqui na cozinha.
- E por que você não meu chamou? Eu sou seu pai, porque você não gritou por mim. - Ele falou isso com uma raiva contida.
- Eu tive medo do que o senhor pudesse pensar, que eu estava atiçando ele. Eu não sou assim.
- Eu sei que você não é assim. Você é meu filho e eu te conheço. Desde quando ele vem te incomodando?
- Hoje foi a primeira vez que aconteceu. Mas eu ja estava percebido antes ele olhando para mim diferente.
- Você deveria ter me dito.
- Eu sei pai, eu sei. Eu só queria poupar o senhor.
- Me poupar? Você acha que durante todos esses anos eu nunca ouvi nada a seu respeito? Na escola, na rua, no trabalho...
- Eu não sei o que o senhor ouviu, mas eu nunca me insinuei para ninguém, eu nunca dei em cima de nenhum homem. Eu nunca nem tive namorada. Eu vou de casa para escola e da escola para casa. Eu praticamente só ando com o senhor. O que eu poderia fazer assim de tão ruim? Eu não sou promiscuo como o senhor esta pensando.
- Eu nunca pensei nisso. Mas toda essa situação me incomoda muito. Não é facil para mim aguentar toda essa gente falando de você.
Ele parou um pouco de falar, olhou para mim fixamente e finalmente falou: