Pobre mas rica de amor.

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(Revisado)

Bufo só pode ser um pesadelo, dentre tantos carros e tantas pessoas, eu realmente teria que falar com este babaca?

-Esta mesmo tentando me roubar?!.-Ele me olha furioso.

-Acha mesmo que iria roubar a luz do dia?.-Reviro os olhos a ignorância desse cara chegava a ser surpreendente e um tanto quanto estúpida.

-Espero tudo que venha de alguém como você!-Fala me olhando com desdém

-Gente como eu?-Eu já planejava um discurso muito grosseiro em minha mente mas em vez disso respirei fundo-Eu não ligo pelo oque você espera, só vim pegar meu desenho!.-Me viro tentando manter a calma.

Mas o babaca engomadinho, ignorante, retrógrado, nariz em pé.... ok, calma... Ele puxa o meu desenho e encara o mesmo, levantando a sobrancelha, eu ainda não o tinha visto, levanto os pés e espio, era uma nota de 100 amassada e molhada, semelhante com a que ele me ofereceu como esmola, fico surpresa que minha mente me levou a desenhar isso, depois de um tempo em silêncio ele fala.

-De quem roubou isso?.-Ele encara o desenho e olha para mim com o olhar curioso.

-Não roubei! Eu que fiz!.-Pego o desenho de sua mão de uma forma rápida e mais bruta do que o normal.

Ele tira um lenço do bolso e limpa suas mãos, me fitando por fim.

-Relaxa mauricinho, não vou te passar nenhuma doença!.-Falo com sarcasmo, minha ofensa pareceu não o atingir.

-Talvez , mas não confio em alguém suja como você!.-Ele se vira e sai andando, com certeza sua ofensa me atingiu.

Babaca! Um ódio me sobe, e eu não consegui conter a minha língua.

-Oque te faz melhor do que eu? não estou falando de dinheiro porque podemos ver que você tem muito, mas oque te faz ser uma pessoa melhor? porque quando você tenta humilhar alguém menos privilegiado, acusar e... o molhar-Falo lembrando daquela manhã- isso não te faz ser superior e ao ver alguém como você abaixar tanto o seu "nível" mostra o quão amargo você é e olha só mauricinho, dinheiro nenhum compra dignidade, ou moral!

Saio andando mas escuto ele falar, com a voz ríspida, eu sabia que ela ainda estava de costas pra mim.

-Dignidade? qual dignidade você tem em pedir esmola? e moral? pelo menos você tem oque comer todos os dias? um teto? e afinal se você é tão boa assim porque está nas ruas? talvez então estejamos no mesmo nível mendiguinha !

Ele voltou a andar e eu senti seus passos se afastando, talvez ele não fosse tão estúpido e tivesse razão, oque me fazia melhor do que ele? porque eu morava nas ruas, porque eu estava sozinha, e ninguém nunca me procurou?

Não consegui mais desenhar durante aquele dia, comprei algumas coisas no mercado, na verdade o segurança comprou pois não me deixou entrar, eu ainda estava com a roupa húmida e suja graças ao "banho" que tomei hoje, durante o caminho até minha casa eu pensei nas coisas que aquele homem disse e eu não entendia porque aquilo me afetou tanto.

Deixo minha sacola em casa e caminho até o rio com roupas limpas, me dispo na beirada do córrego e sinto a água fria tocar os meus pés, começo pelas pernas me esfregando com o sabão de coco que um dia eu comprei de uma vendedora ambulante, com a ajuda de uma bucha velha eu esfregava minhas mão a fim de tirar toda a sujeira, e só quando as mesmas começaram a arder que eu parei, nenhuma água ou sabão seria capaz de lavar minha consciência que talvez eu não tivesse sido uma boa pessoa e por isso estava nesta situação, lavei meus cabelos e em seguida meu rosto, aproveitei e lavei minhas roupas até estarem quase sem sujeira nenhuma, me sento em uma pedra e deixo o calor do sol me aquecer, sol que já estava quase indo em bora, aproveitei aqueles minutos restantes de sol para me aquecer e me secar, quando o céu ja estava tomando a cor laranja e azul escuro eu me levantei, coloquei roupas limpas, uma calça caqui bege e uma camiseta vermelha, calcei chinelos e voltei para minha casa.

Moradora de ruaOnde histórias criam vida. Descubra agora