Última Dança

1

Yuuri caminhou lentamente ao longo da praia de Hasetsu.

Ele estava carregando dois sacos cheios de mantimentos, retornando de uma viagem de compras que ele usava como uma desculpa para visitar sua irmã em sua antiga pousada. A casa dele e de Victor estava perto, e Yuuri gostava de vê-la sempre. Embora ela tivesse amadurecido um pouco com a idade, ela ainda manteve a firmeza brusca nela, lembrando-se dos bons velhos tempos. E ela ainda deu o melhor conselho, levando Yuuri a procurar sua ajuda toda vez que ele se sentia ansioso por alguma coisa.

Assim como agora.

Eles eram velhos. Tão velho, mesmo Victor, finalmente admitiu isso com uma risada. Ele estava empurrando 80, com Yuuri atrasado quatro anos atrás. Eles ainda eram casados, e ainda muito apaixonados. Eles se tornaram parte um do outro, e Yuuri não conseguiu imaginar nunca ter Victor ao seu lado.

Mas ultimamente, ele começou a imaginá-lo cada vez mais.

Sua vida ocupada estava muito atrás deles agora, ambos se retiraram do olho público anos atrás. Eles escreveram a história do patinação feminina masculina, tornaram-se lendas. Eles tinham caixas cheias de medalhas, uma competição de patinação que recebeu o nome de ambos e provavelmente foram o motivo do relacionamento maravilhoso entre os patinadores russo e japonês e suas respectivas federações de patinação.Eles pegaram troféus, partiram recordes, realizaram shows de gelo populares, foram hospedados e fizeram torneios comentados, atendendo-os como convidados especiais. Sempre lado a lado, o sempre famoso casal de patinação feminina inseparável. Não havia um dia em que não estivessem juntos, se não fisicamente, então, pelo menos, nos pensamentos uns dos outros.

Mas o dia chegaria eventualmente, pensou Yuuri, saudou de volta para casa, ao ver o marido dormindo na sua cadeira favorita.

Ultimamente, ele estava dormindo muito mais do que o habitual. Até agora, Victor tinha sido uma bola de energia, saltando com seu poodle tanto quanto os joelhos lhe permitiram, tirando aleatoriamente Yuuri em uma valsa quase todos os dias, fazendo um zoom sobre seu amado Hasetsu em sua velha bicicleta, oferecendo a todos seus cordiais cumprimentos E sorrisos em forma de coração, agora acompanhados de enrugamentos adoráveis ​​ao redor de seus olhos.Aqueles olhos ainda estavam claros como um céu de primavera sobre o oceano, sempre brilhando com maldade e amor. Apesar de sua idade, ele era sempre jovem de coração.

Mas, enquanto Yuuri observava o lento aumento constante do cofre de Victor enquanto ele estava amontoado debaixo de seu cobertor, ele sabia. Que um dia, essa cadeira estaria vazia.

Como se Victor percebesse seu olhar, ele abriu os olhos, piscando sonolento. Ao ver Yuuri, seu rosto se iluminou imediatamente.

'Yuuri!'

Ouvir Victor chamar seu nome assim fez com que o coração de Yuuri incesse calor com todas as vezes. Ele caminhou até o marido, que estava tentando sair da cadeira profunda e saudou-o com um abraço e um beijo na bochecha.

"Você estava fora de compras?" Victor finalmente conseguiu se levantar. "Eu poderia ter ido com você, teríamos levado Hatchin em uma caminhada. Uma senhora tão velha precisa de seu exercício.

"Eu não queria acordá-lo apenas por isso", disse Yuuri, gentilidade permeando sua voz.

Ele sabia que Victor também estava ciente de sua idade, cada vez mais a cada dia. E seus dias passaram tão rápido agora. Yuuri quase não fazia nada e, de repente, estava escuro. Ainda não havia muitas coisas para eles fazer agora. Eles foram para passear com seu poodle velho ao longo da praia, visitaram os Nishigoris ou passaram um tempo com Mari e sua família na pousada. Seus filhos agora tinham filhos, o que fazia os dois grandes tios ótimos. Victor tocou com as crianças por horas, e o som de suas risadas juntas ajudou a manter a atmosfera viva da pousada Yuutopia Katsuki.Mas, com mais frequência, eles simplesmente se sentaram em sua própria varanda com vista para o oceano, balançando em seu banco de balanço, apoiando-se um contra o outro. Cochilando , falando, brincando, relembrando, ou simplesmente desfrutando tranquilamente a presença do outro.