O CASTELO DA RAINHA

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Branca decidiu caminhar em direção à casa do Chapeleiro, já que ele era o que aparentou mais humano entre aquele mundo de loucuras. Chegando perto da casa viu uma mesa gigante de chá desastrosamente preparada e em torno dela se formava o que parecia uma convenção. Todas as criaturas que perseguiram a mocinha estavam lá e discutiam fervorosamente. Branca tentou ouvir o que diziam enquanto se escondia nos arbustos e vendo toda comida desperdiçada na mesa lembrou-se de sua fome e decidiu comer os cogumelos guardados no bolso.

Mordiscou o primeiro e espantosamente esticou, agora tinha o dobro do tamanho anterior e se encolhia para continuar escondida nos arbustos, em um lapso de memória abriu o frasquinho da poção e bebeu. Rapidamente começou a encolher novamente ficando menor do que no princípio.

Subitamente teve uma ideia...

"Se eu fosse menor do que se pode ver passaria despercebida pela multidão e chegaria ilesa ao castelo da Rainha"

E assim fez.

Andou lentamente e com muito cuidado pelas criaturas buscando parecer invisível, mas foi pega, vista e tragicamente apresentada ao sofrimento quando a jogaram em um bule de chá. Pálida e já desacreditada lembrou dos cogumelos no bolso e começou a comê-los, rapidamente o lugar encolhia em volta da menina que crescia e crescia até explodir o bule de chá e mesmo assim ela continuava a crescer. A multidão espantada correu aos gritos para bem longe dali.

Branca de Neve, enfim, continuou o seu destino voltando ao seu tamanho normal. Nem pequena. Nem gigante.

Ao longe avistou alguns soldados retocando com tinta o que pareciam ser rosas brancas pintadas de vermelho. Chegando perto dos soldados perguntou: — Como posso encontrar a Rainha?

— Tens certeza que é ela que gostaria de encontrar, mocinha?

—Procuro uma Rainha, disse Branca, torcendo para essa quisesse lhe ver menos morta do que a anterior.

Um dos soldados acompanhou a menina, que há esse tempo já parecia esgotada de suas forças, Branca não percebia que quanto mais tempo ficava no país dos loucos, mais ela desaparecia na Floresta Encantada cumprindo o desejo da Rainha Má.

Chegando ao palácio o soldado anunciou que a mocinha queria uma audiência com a Rainha do lugar.

***

As trombetas começaram a tocar anunciando a entrada da Rainha de Copas no ressinto. Todos estavam em silêncio, inclusive Branca enquanto olhava aquela entrada majestosa. A Rainha sentou em seu trono e perguntou furiosa ao soldado...

— O que está acontecendo aqui? Gritou a Rainha.

Tremendo de medo o soldado se apresentou e disse cautelosamente que uma mocinha acabara de entrar no castelo e pedia para ver a rainha.

— Alice! Cortem a cabeça! — Gritou na mesma hora para os soldados que já caminhavam em direção de Branca de Neve. A menina correu para frente da rainha exclamado não ser Alice e pedia piedade, disse que todos no caminho queriam vê-la morta por não ser Alice, foi essa última sentença que amansou a fúria vinda da sala do trono. A rainha olhando para aquela moça pálida que definhava em sua frente perguntou o que ela era e como fora parar ali...

A menina começou então a se explicar:

— Meu nome é Branca de Neve e sou uma princesa...

Assim que disse isso o ar da Rainha de Copas mudou completamente, isso e o fato da criatura branca não ser o demônio que atormentava as noites da rainha, a diabinha Alice. Interrompendo a menina foi logo perguntando o que ela, Rainha do País das Maravilhas, poderia fazer para ajudar uma princesinha perdida.

Branca explicou a Rainha que morava na Floresta Encantada e que tinha sido enfeitiçada por uma bruxa má, no mesmo instante a rainha declarou para todo o castelo que se preparasse uma porção que revertesse o feitiço posto na menina. O palácio de copas tornou-se um caos atrás de alguma solução para o problema da princesinha.

Achou-se. Pelo menos várias poções foram enfileiradas na sala do trono e cabia à menina branca provar uma por uma. Assim fez.

Chegando ao último frasco de poções as forças de Branca de Neve quase não existiam mais, era o feitiço da Rainha Má prendendo a menina ali para sempre. Branca abriu o frasco e bebeu, esperou com os olhos fechados, mas nada aconteceu.

A menina olhou para a Rainha de Copas sentindo-se presa a sua infelicidade, furiosa a Rainha gritou: — Cortem as cabeças! E no mesmo instante Branca começou a desaparecer, sentindo-se puxada para fora dali.

Rapidamente todo o País das Maravilhas tornou-se um borrão e desapareceu. Branca acordou em uma caixa de vidro... um príncipe...

Percebera que tudo não passava de um sonho, mas algumas vezes durante a noite ainda ouvia uma risada estranha pelo Palácio. Pensava ela ser o gato, ou a loucura que trouxera consigo daquele lugar.


Fim 


ATRAVÉS DO ESPELHO


A Rainha Má ficara sabendo através do espelho que fora A Rainha de Copas que libertou Branca de Neve do sono profundo. Amaldiçoou a Vermelha com o seu único pesadelo... Alice.


Branca de Neve no País das Maravilhas Onde histórias criam vida. Descubra agora