Treze

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Luke se apoiou em mim por todo o caminho até a porta do meu apartamento, mesmo com o taxista e depois o porteiro perguntando se eu queria ajuda para carregá-lo, ele resmungava algo e me abraça mais forte como se não quisesse que eu o soltasse. E bem, eu não soltei. Abri a porta com dificuldade e o empurrei para dentro antes de me virar para trancá-la. Quando me virei de volta para ele, pude vê-lo parado do mesmo jeito de olhos fechados e os braços estendidos para frente como se me chamasse para um abraço. Soltei uma risadinha baixa, balançando a cabeça em negação, mesmo sabendo que ele não veria e o peguei pela mão, o levando em direção ao quarto.

— Eu tinha me esquecido que você fica carente bêbado. – Murmurei achando que ele não ouviria, mas ele riu. Eu podia até ficar preocupado com as perguntas que poderiam vir a seguir, mas ele estava tão bêbado que, provavelmente, não se lembraria de nada amanhã. – Senta. – O empurrei para sentar na ponta da cama, mas ele jogou seu corpo nela, ficando apenas com os pés para fora. Ele ainda estava com um sorriso divertido no rosto e eu também. Era difícil não sorrir ao vê-lo daquele jeito. Abaixei para tirar seu tênis e suas meias para deixá-lo mais confortável. – Vá para cima, Luke. – Ele se arrastou pela cama até estar deitado com a cabeça no travesseiro e esparramado pela cama. Fui até o armário para pegar outro edredom para levar comigo para sala e quando eu fui até a cama pegar o outro travesseiro, Luke segurou meu pulso ainda de olhos fechados. – Luke...

— Fique comigo – Interrompeu-me e abriu lentamente os olhos, provavelmente dando de cara com minha feição confusa e surpresa. – Por favor, eu não quero ficar sozinho. – Pediu fazendo muita força para dizer aquelas palavras, eu podia ver.

— Eu não acho uma boa ideia, Luke. – Respondi desviando meu olhar dele. Tentei puxar meu braço para longe, mas seu aperto aumentou e eu não estava fazendo tanta força assim de qualquer forma.

— Por favor, Miles. Eu não vou fazer nada. – Parou. – Eu só não quero ficar sozinho. – E eu fiquei. A voz dele soava rouca e eu poderia dizer quebrada, como se dizer aquelas palavras doessem, e mesmo que não tenha doido nele e seja tudo da minha cabeça, eu poderia dizer que doeu em mim. Então eu apenas fiquei.

— Chega para lá. – Luke sorriu largamente e soltei meu pulso, indo para o lado direito da cama e coloquei o travesseiro de volta no lugar, jogando o edredom em cima dele, que riu brevemente. – Você é muito espaçoso. – Disse com divertimento, ganhando uma careta como resposta. Apesar de a cama ser de casal, eu poderia sentir todo meu corpo se esquentar apenas por estar em um cômodo fechado com ele. Ao me deitar, tentei ao máximo não toca-lo de forma alguma e fiquei estático na cama olhando para o teto. Ele nem pareceu estar desconfortável, já que eu pude vê-lo de canto de olho se virar para mim e ficar me observando com a cabeça deitada em suas mãos. Eu não me atrevi a encará-lo de volta. Tudo dentro do meu corpo gritava perigo, perigo e um foge daí antes que alguma merda aconteça. – Vá dormir, Luke. – Disse sério, ainda encarando as luzes acesas do quarto. Eu tinha esquecido de apagar e agora mesmo se eu quisesse dormir eu não conseguiria. Ótimo. Mas também não era como se eu conseguisse e amanhã quando ele me perguntasse o porquê das olheiras, eu poderia usar isso como uma desculpa.

— Obrigado. – Sussurrou, mas antes que eu pudesse responder, sua respiração pesada já estava lenta de novo e eu o olhei, apenas tendo a visão de um sorriso sumindo e um Luke relaxado, dormindo. Eu havia me esquecido de quão bonita era essa cena. E foi impossível não me lembrar da ultima e única vez que eu o vi assim tão de perto e de como tudo mudou drasticamente ao amanhecer. Mas no fundo, havia valido a pena. Eu sei que sim.

— Desculpe por tê-lo escolhido hoje. – Murmurei após algum tempo em silêncio, apenas para ter certeza que ele já estava realmente dormindo. Eu só precisava me desculpar de algum jeito, e com ele acordado eu seria bombardeado de perguntas que não teria como eu responder. Então eu só tinha aquela oportunidade para fazer. – Eu senti sua falta durante esses anos. – Virei-me para o lado para não ter que encará-lo com a vista já embaçada e tentei ao máximo dormir, mas quando preguei meus olhos, senti seu braço em cima de mim me puxando para perto dele. E eu gelei. Virei minha cabeça sobre os ombros para ver se ele tinha acordado, mas seu rosto estava da mesma forma de antes. Talvez ele só estivesse acostumado em abraçar as pessoas na cama. Soltei o ar que estava preso dentro de mim e mesmo sem querer acabei me aconchegando no seu aperto e dormi.

Angels Can't Fall in Love  ♡Muke♡Onde histórias criam vida. Descubra agora