O ar-condionado se achou no direito de quebrar na minha primeira semana de aula. Acho que pifou de velhice! Ou só estava revoltado da vida com os novos ocupantes da sala e fez uma greve. Lembro de ter levado um casaco bem quentinho, afinal, a sala tinha um bendito ar-condicionado! Fui otária? Pode ter certeza que fui. Ele ficou quebrado durante uma semana, foi consertado e sempre que pensávamos "agora vai" ele quebrava de novo. Sinto que ele ria da gente. Desses pobres humanos suados e reclamões. E não era pra menos, a cada cinco segundos alguém resmungava "ai, que calor". E não é exagero, só quem viveu os revoltosos verões soterapolitanos saberá que tô abusando do eufemismo aqui.
Sem opções e com a expressão "quem não tem cão, caça com gato" em nossa mente, tivemos como solução abrir todas as janelas. E você pensa que adiantou? Que nada! Mesmo com todas as janelas abertas não passava uma grama de vento para aliviar nosso calor. Acho que o ar-condicionado fez um acordo com o vento e ambos ficavam rindo na nossa tortura. Sim! Eu disse tortura! Pois foram dolorosos....agonizantes..lastimáveis dias.
Para contribuir com o pandemônio climático, alguns professores, que desconfio serem sádicos, não permitiam que abrissem as janelas. E essa foi a mais pura e desumana forma de tortura que me veio a mente. Com toda certeza o ar-condicinado fez um acordo com esses professores em troca de favores extras. E ambos ficavam na sala dos professores, bem fria e acolhedora, rindo dos alunos que derretiam a cada dia.
Até agora só te apresentei os vilões: o ar-condicionado(o poderoso chefão), o vento(no subcomando), juntamente com alguns professores(comparsas do crime). Mas toda história merece um heroi. E minha protagonista heroica era uma professora em especial. Com seus cabelos cacheados, sua voz doce, trajando sempre de um sorriso acolhedor fez o ato mais heroico da história dos atos heroicos: pediu para abrir todas as janelas.
Como eu disse, o vento não estava do nosso lado, mas alguém em especial não se rendeu a lábia criminosa do ar-condicionado, esse alguém é a luz. Toda vez que abríamos as janelas entrava uma forte luz que era capaz de iluminar a mais escura das almas. Tudo brilhava no mais iluminado esplendor. Com todas as janelas abertas a sala era pura saltitante e harmoniosa luz. A luz era tão forte que o meu mau humor iluminava. Na verdade, todos que estavam naquelas sala se iluminavam. A voz doce da professora, atrelado aquela forte luz me fazia sentir que estava vivendo nos mais brilhantes filmes de princesa da Disney. E sempre que recordo essas aulas vem imediatamente essa mágica luz na minha mente.
Então, de toda essa delirante experiência, aprenda que quando faltar luz na sua vida, quando você estiver sem uma gota de energia, quando você pensar que não aguenta mais, desligue o ar-condicionado.
P.S. Esta medida está atrelada à altas doses de calor! Mas quem disse que calor não é bom?
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Devaneios em prosa
PoesíaUm livro que, através do poder da poesia, fará o seu leitor refletir e ter,como o próprio nome do livro sugere, devaneios.