Sophie Carter é uma garota completamente determinada. Tem o sonho de ser astrônoma e nada, nem ninguém, vai impedi-la. Estudou a vida inteira para isso. Consequentemente, aprendeu a ser fechada e suficiente por si só. Nunca foi muito social, preferi...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Se alguém tivesse me falado algumas semanas atrás que eu estaria dançando no baile de formatura ao invés de pegar meu diploma e sair correndo, eu provavelmente riria e voltaria a ler meu livro. E eu realmente estou falando sério. Naquele momento, uma guerra estava acontecendo dentro de mim.
De um lado havia a razão e tudo o que eu havia pensado durante a minha vida inteira, e do outro estava uma voz que dizia coisas que eu realmente não queria acreditar. E eu não acreditei, o que acabou mudando o rumo da história inteira.
Ele dança bem, foi a primeira coisa que pensei. A situação, por mais estranha que fosse em minha cabeça, não estava tão desconfortável como pensei que fosse ser. A música era um pouco mais lenta, porém não conseguimos entrar no clima e rimos a dança inteira.
Uma parte da minha mente dizia 'saia daí agora', enquanto outra dizia 'isso é tudo o que você sempre quis'. Apesar de não parecer, eu sempre fui muito carente. Mesmo. Quando eu era pequena, muitos me classificavam como a criança sociável. Eu tentava conversar com os outros para esquecer meus problemas, não que isso tenha funcionado.
Resolvi focar nas coisas que sabia fazer bem e deixar de lado tudo o que acabava me atrapalhando. E aqui estou eu.
"Você até que dança bem." Pedro comentou quando a dança estava prestes a acabar.
"Você não dança tão mal assim." Falei rindo.
"Por que você nunca falou comigo antes?" Ele perguntou.
A pergunta me pegou de surpresa. Eu queria responder, queria falar a verdade, mas eu simplesmente não confiava o suficiente nas pessoas para me abrir. Então, tomei uma péssima decisão.
"Por que você nunca falou comigo antes?" Rebati. Ele me olhou um pouco tristonho.
"Eu não sei, para falar a verdade. Acho que um pouco de medo." Ele murmurou.
"Há. Medo de mim? Obrigada." Fui irônica e comecei a me irritar.
"Sabe, você é tão diferente, achei que nunca falaria comigo." Pedro confessou. E a música estava quase acabando.
"E então você nunca tentou?" Não sei de onde surgiu toda aquela raiva, mas acho que eu havia ficado tanto tempo sem ninguém, que não sabia como não afastar as pessoas.
"Teria mudado alguma coisa?" Ele também se irritou.
"Não sei, e nem tenho como saber."
"Sabe, achei que você fosse ficar feliz com isso. Com pessoas tentando se aproximar de você, foi o que eu falei para a Laura e pro Lucas." Ele aumentou o tom da sua voz.
"Então você fez eles falarem comigo?" Ótimo, minhas únicas amizades são falsas.
"Não disse isso." A música acabou e imediatamente nos soltamos.
Pelo canto do olho, pude ver Laura e Lucas andando em nossa direção.
"O que está acontecendo aqui?" Eles perguntaram baixinho.
"Não sei, o que está acontecendo aqui, Pedro?" Perguntei enquanto cruzava meus braços.
"Me desculpe se você não quer ter amigos." Ele bufou. Laura e Lucas se entreolhavam a cada segundo, preocupados.
"Eu fico bem melhor sozinha do que com você." Me controlei para não gritar.
"Gente, se acalmem. Todo mundo está olhando para cá." Lucas murmurou.
"Deixe que olhem. Pela primeira vez, em todos esses anos, as pessoas veem que eu existo. Pena, é tarde demais." E eu sai andando.
Se eu fui dramática? Com certeza. Mas eu tinha motivos? Achava que sim. Pensem comigo, a batalha dentro de mim estava muito maior do que eu conseguia suportar. Eu não queria estragar tudo na minha última semana.
Eu tive o colegial inteiro para sofrer dramas adolescentes e depois crescer. Por que a vida resolveu me dar um drama justo na última semana? Eu já não havia crescido o bastante? Eu não queria um drama, eu não queria uma vida típica de filme. Eu só queria sobreviver um curto período de tempo para poder viver em paz depois.
Mas eu não estava conseguindo. Muitas vozes estavam falando em minha cabeça ao mesmo tempo e eu me recusava a acreditar no que eu estava sentindo. Então, eu simplesmente fugi.
