KATHERINE
- Kat mesa oito! Jimmy cala a boca e vai atender a mesa cinco! - reviro os olhos indo até a mesa oito enquanto Jimmy fazia malabarismo com colheres no caminho da mesa cinco.
- Oi bom dia, o que vão pedir? - pergunto ao casal de adolescentes que estavam se comendo, porém eles nem se desgrudaram. Mereço, reviro os olhos e me afasto indo outra mesa. - Sim? - pergunto pra dois homens que riam do casal se comendo.
- Ah! Duas colheres de chá por favor - um deles diz ainda rindo quando nota minha presença.
Mas no momento que me viro pra ir pegar as colheres uma caí na mesa, logo a outra também. Arregalo os olhos e olho pra Jimmy que dá um sorriso aberto e fala um 'disponha'.
Os clientes nem percebem o que aconteceu.
Meu primo Jimmy costuma ser bem idiota às vezes, mas não deixa de ser boa pessoa. O som da lanchonete começou a tocar Living on the outside, minha música preferida enquanto eu servia algumas outras mesas.
Eu cantava animada e distribuía sorrisos aos clientes, mesmo que falsos eram os sorrisos. Até o sininho da porta fazer seu barulho indicando novos clientes.
Levanto o olhar vendo os "populares" da minha escola rindo e bagunçando tudo na lanchonete, entre eles há dois primos meus. Julie e Jack, que fingem nem saber da minha existência (até porque eu faço o mesmo com eles)
Eu tenho uma familia exageradamente grande demais, tenho primos cubanos, americanos, mexicanos, e a maioria brasileiros, como eu.
Bom, o que se pode dizer se seus avós tiveram 16 filhos? Pois é. E bom, eu, como a metade dos netos, trabalha pra conseguir o próprio dinheiro e dar no pé pra outro lugar qualquer.
Atualmente eu moro em Los Angeles, sim aquela tal cidade da Califórnia. É uma cidade movimentada, principalmente falando da lanchonete onde trabalho a Happy Mixer, sim nome ridículo mas fazer o que? Foi o meu falecido avô que escolheu.
Eu amava reparar na vida dos clientes (que, para deixar claro eram muito mais interessantes do que a minha).
Gostava de ver a menina que vinha aqui só pra estudar e só pedia milk-shake de morango, da turma de dançarinos intitulada Angels que vinha todo segunda, quarta e sexta á noite, do senhor idoso que sempre vinha com sua mulher e davam flores aos nós -funcionários -
Da mulher rica que sempre reclamava de qualquer coisa mas não deixava de voltar aqui e também dos populares, que pareciam viver só para se divertir e causar prejuízos.- Jimmy mesa três! - grito pra ele atender a mesa cheia de adolescentes.
- Eu não, fui da última vez, vai você!
Reviro os olhos e vou até lá pingarreando e chamando atenção deles.
- O que vão querer? - pergunto com o bloco na mão, sinto os olhos de dois garotos no meu corpo, analisando meu velho uniforme que já estava pequeno e os olhos dos meus primos idiotas.
Julie revirou os olhos castanhos e pegou um espelho retocando o batom perfeito, e Jack me encarava começando a me incomodar.
- Então...? - pergunto mas ninguém responde - JIMMY! - grito vendo ele derrubando algumas colheres do seu malabarismo.
- Calma mulher! Olha a violência, foram só algumas colheres!
- Calma o caralho, cacete! - xingo em português pra ninguém entender, somente ele. Ele saí juntando as colheres e me xingando tambem em português. Volto meu olhar para os adolescente idiotas - Então, o que vão pedir?
- Um milk-shake de baunilha com nutella. - só Julie responde e Jack solta um "o mesmo que ela" ainda me encarando e eu saio.
- Pedidos da três tio González! - falo alto entregando o papel a ele.
A lanchonete era do meu avô até morrer, mas passou ao meu pai e ele vendeu a uma família mexicana que eu adorava trabalhar junto. Quando compraram disseram que não iriam mudar o nome, só a decoração.
Acho que está muito melhor assim. Apenas eu e Jimmy ficamos trabalhando aqui.
Tio González me entrega os dois shakes e pergunta se os Angels vão vir hoje.
- Eles já estão chegando - respondo já perto da mesa entregando os pedidos. Foi só eu falar que eles chegaram.
O rádio estava tocando Mi Gente do J Balvin, e eles já chegaram animando a lanchonete. Dou um sorriso e aumento a música logo no comecinho dela.
- CHEGAMOS! - Kiara fala enquanto todos dançam. - E aí Kat! Cadê o Jimmy? - rio e aponto para o garoto atrapalhado no fundo, a mesma sorri enquanto ela vai até ele.
- E aí KitKat? - ouço uma voz linda perto de mim e me viro, vejo Lucas dançando bem perto de mim. - Dança comigo?
- Não posso, expediente - dou um sorriso e ele revira os olhos.
- Sempre a mesma desculpa... - ele levantou a voz - Oh Grande Mago González, pode me fazer uma das suas maravilhosas vitaminas pra mim?
- Mas é claro meu filho você precisa ficar forte!
- Mas eu já sou forte, olha - do nada ele me colocou no ombro
- Me solta Lucas! Me solta - gritei de cabeça pra baixo.
Senti olhares em mim.
- Opa - ele colocou a mão na minha bunda cobrindo já que provavelmente todos viram minha calcinha preta.
- Tira essa mão daí menino - era pra soar brava mas eu ri.
- Só se você dançar comigo - ele responde no mesmo tom.
- Ok, ok, agora me deixa.
Senti o chão de novo nos meus pés e na hora que iria começar a dançar com ele me chamaram, revirei os olhos para Lucas e saí, ouvindo ainda ele reclamar. Na mesa Julie estava de novo retocando o batom (ela não vê que vai acabar com ele batom assim não!?)
- Quero um sanduíche caseiro de bacon com cheddar e hambúrguer. - Jack pede e o seu amigo pede o mesmo.
- Hambúrguer caseiro? - pegunto anotando no papel.
- Sim - Jack continuava me encarando.
- Eu tô com algum bicho na cara ou a roupa tá manchada?
- Hã? - ele responde confuso.
- Você não para de me encarar, tem alguma coisa em mim?
- Claro que sim, quer dizer por que eu ficaria encarando você se posso olhar para alguém com mais beleza que você?
- Isso é você que tem que responder. Mas do jeito que é burro aposto que não consegue. - sorrio saindo dali.
- Tio González, Kat e Jim hoje tem dança vocês vão? - Kiara voltou chamando nossa atenção
- Não sei...meu expediente é o da noite hoje e...
- Que nada! Nós três vamos sim, vou fechar mais cedo até porque esses dois precisam tirar o estresse um pouco, mexer las cadeiras! - tio González me interrompe apontando pra Jimmy e eu.
- Eu não tô estressada e não preciso de fes...- novamente alguem me interrompe
- Festa? Tô dentro - Jimmy diz andando de lado pra olhar pra gente mas tropeça no próprio pé e caí.
- Caramba Jimmy, você tem 18 anos e ainda não aprendeu a andar direito!? - falo alto irritada
- Chica loca! - Tio González fala rindo da cozinha.
- "Eu não tô estressada e não preciso de festa'' - Lucas tenta imitar minha voz e faz aspas com os dedos.
Bufo, indo até o balcão para entregar os pedidos.
•••
Me olho no espelho vendo que o vestido preto tinha me feito ficar bem bonita, já que era justo até a cintura e depois ficava rodado. O decote era em V mas não muito básico nem vulgar.
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Fireland
Teen FictionDizer que a vida de Kate Blanco era uma vida boa, era uma grande mentira na sua opinião, porém ela não trocaria a vida que tinha por nada, até encontrar alguém e cometer uma das maiores loucuras da vida: meter o pé na estrada e sumir no mundo. Mas...