Estranha

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             * Algumas Semanas Depois *

Havia chegado da escola com muita raiva, Baekhyun tinha mandado o Minseok bater no Sehun porquê ele queria o nosso lanche e Sehun não quis entregar, eu fui tentar ajudar Sehun mas fui empurrado e bati a cabeça na parede, levei vários chutes no estômago e um soco nos lábios.

Abri a porta entrando e fechei com toda a minha força, subi as escadas e entrei no quarto soltando minha mochila no chão e me joguei na cama. Eu queria saber o que se passava na cabeça do Byun pra ele fazer essas coisas, será que os pais dele davam a devida atenção?, será que ele se sentia triste e com raiva pelos pais não darem atenção a ele e por isso ele fazia esses tipos de coisa pra descontar sua raiva?. Várias perguntas que talvez nunca teriam respostas e que não justificaria o fato de Byun Baekhyun ser um completo babaca.

Suspirei me levantando da cama e fui tirar o uniforme da escola, e tratar de cuidar dos meus machucados.. mamãe não podia me ver nesse estado e por falar nela, onde será que ela estava?. Mamãe estava muito estranha ultimamente, ela quase não conversava comigo, quando eu perguntava se estava bem ela não me respondia e passava o dia todo no quarto.. ela estava se afastando de mim e eu não entendia o porque, foi simplesmente do nada.

Coloquei uma bermuda preta confortável e uma camisa cinza de mangas compridas, estava um pouco frio. Fui até o banheiro e peguei o kit de primeiros socorros começando a cuidar do machucado nos lábios.

Enquanto eu passava devagar o algodão molhado de álcool no lábio inferior, as luzes do banheiro começaram a piscar. Parei o que estava fazendo e olhei para a lâmpada, assim fez-se um barulho no meu quarto.

- Omma? ~ abri a porta do banheiro e saí do mesmo.

Meus olhos passearam pelo quarto e de repente começou a ficar tão frio que meus dentes começaram a bater, abracei meus braços e caminhei até a janela vendo as árvores paradas. De repente comecei a ouvir barulhos no corredor, como se fosse unhas passando pela parede. Engoli em seco e comecei a andar lentamente até lá, meu corpo tremia de medo, mas a curiosidade sempre falava mais alto.. eu não estava preparado para o que eu iria ver, mas eu precisava saber o que era aquele barulho.

Assim que cheguei até a porta do quarto, segurei na fresta e coloquei apenas os olhos, o quão assustador foi aquilo. Era a minha mãe, ela arranhava a parede com as unhas até sangrar e depois ela lambia os dedos de uma maneira como se estivesse faminta, ela estava de costas para mim e seus cabelos estavam bagunçados.

Eu estava tão assustado, nunca tinha visto minha mãe assim, o que estava acontecendo com ela?.

***

                * dia seguinte *

- Eu tô falando Sehun, minha Omma tá estranha demais.. ela tava bebendo o próprio sangue.. ~ disse caminhando ao lado de Sehun no pátio da escola. ~ hoje eu dei bom dia a ela e ela agiu normalmente..

- Kyung, eu acho que você tá paranoico demais.. você anda vendo coisas onde não tem.. ~ ele colocou uma mão no meu ombro.

- Aquela casa é mau-assombrada, eu tô falando.. não quero ficar mais naquele lugar, Sehun.. eu quero voltar pra Seoul..

- E me deixar? Nossa, grande amigo! ~ ele fez uma carinha tristonha.

- Você também poderia ir e estudar na minha antiga escola.. se seus pais deixassem né..

- Enfim.. você quer passar a noite na minha casa? ~ pergunta ele sem jeito.

- Não posso deixar a Omma, Sehun.. preciso saber o que tá acontecendo...

- E eu estou disposto a te ajudar no que precisar, Kyung..

***

Mais tarde novamente em casa, dessa vez Sehun estava comigo, nós viemos da escola direto pra casa.. eu não fazia questão em adicionar o "minha" na frase quando se tratava desse lugar, por mais que eu me atraía pela escuridão, a um certo limite, essa casa tinha um ar mais sombrio que você possa imaginar, eu passava o dia saindo depois da escola porque a sensação dessa casa é horrível.

Eu abri a porta e nós entramos.

- Omma!, cheguei!, Sehun também está aqui! ~ fechei a porta e Sehun me cutucou apontando.

Olhei na direção onde ele apontava e a vi com uma faca em mãos cortando os pulsos, dava para vê-la da cozinha.

- OMMA!! ~ gritei e fui até ela.

Eu levei um susto quando cheguei e vi seu rosto, a pele dela estava mais pálida e estava tão ressecada.

- Omma, pare com isso! ~ já estava entrando em desespero e ia tomar a faca de sua mão quando ela me olhou com os olhos totalmente negros.

- Eu não sou sua mãe.. ~ ela disse com uma voz grossa e pulou em cima de mim me fazendo cair no chão.

Tentando me esfaquear.

- Ommaaaaa!!! ~ gritava chorando e desesperado, a todo momento eu me perguntava o que estava acontecendo.

De repente escuto um baque e ela caiu do meu lado, quando levantei o rosto para olhar vi Sehun com uma frigideira em mãos. Ele me ajudou a se levantar e eu comecei a chorar descontroladamente, eu estava apavorado, sem saber o que fazer, Sehun me abraçou e eu desabei ali em lágrimas.

- O que tá acontecendo? ~ perguntei chorando sentindo Sehun afagar minhas costas.

- Kyung, precisa se acalmar.. vamos levá-la para o quarto..

- ELA ME OLHOU COM OS OLHOS NEGROS, SEHUN!! E COM OUTRA VOZ!! ~ gritei chorando.

- Shh.. Calma.. Shh.. vai ficar tudo bem..

Fui me acalmando aos pouco sentindo o afago de Sehun fazer efeito, soltei ele e me afastei suspirando. Nós pegamos ela com cuidado e a levamos até o quarto, ela parecia estar dormindo ou ainda estava desmaiada. Terminamos de ajeitar ela na cama e saímos do quarto indo para o meu em seguida.

- Sehun, pode passar a noite aqui? eu te empresto minhas roupas.. ~ eu estava com medo de ficar sozinho com ela ainda mais nessa casa.

- Claro.. já pensou em levá-la ao médico?

- Não, Mas vou fazer isso amanhã..

Sehun pegou um colchão que tinha no quarto da Omma e colocou no chão perto da minha cama, deitei sentindo meu corpo ir relaxando porém minha cabeça estava a mil e só pensava no episódio a alguns minutos atrás.

- Você dorme com a abajur ligado? ~ pergunta Sehun afastando aqueles pensamentos.

- Sim, eu tenho um certo medo do escuro.. ~ dei uma risadinha sem graça.

- Ahh.. tudo bem.. boa noite, Kyung..

- Boa noite..

Me virei para o lado da parede e comecei a chorar novamente, bem baixinho, eu me sentia perdido, mesmo tendo Sehun o tempo todo comigo, eu me sentia sozinho, dentro de uma caixa.. eu precisava ajudar minha mãe, saber o que estava acontecendo com ela, nós precisávamos ir embora dessa maldita casa o mais rápido possível.

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