Tudo que a vida me deu...

DOIS

- OOOOOOMMAAAAA..- a gritaria não parava - OOOOOOMMAAAAA

Durante todo o dia era possível ouvir os gritos que sempre vinham do mesmo lugar: O último quarto do corredor, onde não haviam janelas. Nada além de uma porta preta que era aberta apenas duas vezes ao dia.

-Omma.- chamou novamente na esperança de que alguém vinhesse ao seu encontro. - Hobi onde você está?

Dentro do quarto não tinha nada além de uma cama, as paredes eram todas brancas e o chão acolchoado.

-OOOOOOOOMMAAAAAAA

A voz voltou a ecoar por todo o lugar, era o único som ouvido.

- Cale a boca! - outra voz se fez presente no local, a porta foi aberta e um homem alto apareceu. - Por que não cala essa maldita boca?

Lee estava dentro do pequeno quarto, e se encolheu com a aproximação do homem.

- Escute bem. - falou já sem paciência.- Eu não te aguento mais!

Levantou a garota pelos cabelos e lhe desferiu um tapa.

- Quem é você? - Lee perguntou para homem, olhando em volta- O que querem de mim?

-Você sempre pergunta a mesma coisa. - segurou a garota pelo braços e a prensou contra parede. - Dessa vez... Bom... Dessa vez você não vai esquecer de mim!

O homem começou a beijar o pescoço da garota como se sua vida dependesse disso. Sem que percebesse, Lee pegou a caneta que estava no bolso da camisa dele. O homem começou a subir o vestido da mesma. Lee o encarou por alguns segundos, depois simplesmente sorriu.

-Tem razão... Dessa vez eu não vou esquecer de você!

Em fração de segundos, Lee acertou em cheio o olho direito do homem com a caneta, o empurrou para o lado, e o mesmo caiu no chão se contorcendo. A garota correu para fora do quarto. Enfim poderia ser livre novamente.

-AAAAAAAAH .- gritou pelos corredores pois sabia que não havia ninguém ali, além do seu antigo guarda.- Eu vou conseguir!

Corria desesperada atrás de uma saída, mas todos os corredores pareciam querer lhe confundir. Quando passou por um dos corredores ouviu algo que não achou que fosse possível.

-ME AJUDA... NÃO ME DEIXA AQUI. - a mesma parou de correr e esperou. - POR FAVOR EU TÔ AQUI!

A garota resolveu procurar pelo dono da voz, poderiam estar tentando enganá-la, mas isso não passou pela sua cabeça, pois no dia em que chegou, encontrou um garoto pouco mais velho que ela em uma sala, acorrentado ao pé da mesa onde o homem que a tirou de sua família se sentou.

-POR FAVOR. - a voz voltou a ecoar.- AQUI!

Um barulho alto foi ouvido e isso fez com que Lee soubesse exatamente aonde devia ir. Entrou no corredor a esquerda e viu quatro portas, olhou uma a uma até achar o dono da voz.

-Não me deixe aqui sozinho...

A voz soou baixa e Lee sentiu-se triste, pois também não queria ficar sozinha, muito menos naquele lugar.

-Calma eu vou tirar você daqui, só espere um pouco.

-Ooooh por favor, me ajude sim... Não me deixe aqui. - falou ao ouvir a voz da garota. - Não quero ficar aqui.

Lee voltou a correr pelos corredores em busca do seu antigo "quarto", pois precisava das chaves que estavam com o guarda para abrir a porta e ajudar o garoto.

-ACHEI. - gritou ao ver o corpo do homem caido.- Espero que esteja morto seu maldito! - chutou o homem algumas vezes para descontar a raiva que sentia depois voltou a passos largos até o jovem. - Vamos conseguir.