Um Passeio

Bolos de Veneno

A cabana era aconchegante. Tinha um caldeirão sobre um tipo de lareira que ficava no canto da cabana. Qualquer outra função daquilo não importava, já que deixava a cabana quentinha. Ali tinha o que ela precisava para viver, talvez com exceção de partes de seres vivos em conserva em potes de vidro — não se sabe se eram só partes de bichos, animais e insetos —. Além de plantas guardadas como ingredientes em tantos potes que talvez nem ela se lembrasse o que tinha em cada um. Além dos minérios, é claro, em outros potes transparentes. E perto desses haviam potes diferentes, com formas geométricas complexas. Por sorte estavam vazios. Talvez a criança fosse se assustar mais se ela entendesse o que estava acontecendo lá dentro dos potes.

 — Isso não é nada não, fica tranquila, criança — imaginou que ela fosse se assustar com tantos potes cheios de coisas bizarras. — O bolo já está pronto.

Depois de comerem, a criança parecia gostar mais dela, ter mais confiança. Elas tinham até conversado. E então ela fez truques e ilusões maravilhosas. A criança adorou, ela queria ir lá mais vezes ou não ter que ir embora. Mas estava ficando escuro rapidamente, então ela tinha que ir. A mulher a levou até onde provavelmente foi onde ela tinha se perdido e depois foi com ela até perto da vila em que ela morava.

 — Tenho certeza que sua mãe está aí, criança. É só entrar. — E antes de dar um aviso, tomou uma posição ameaçadora e intimidadora: — E olha só, lembre-se, não é pra você contar nada disso para ninguém. Ninguém mesmo viu, até mesmo seus pais. Você não pode! — Logo mudou seu tom de novo, uma voz amável, para se despedir: — Agora, tchau! Foi um prazer te conhecer, criança!

A criança, assustada com o tom de voz da mulher, apenas concordou levemente com a cabeça e fez um sorrisinho fingido com a boca. E logo foi andando calma e timidamente até a sua casa, com medo da mulher atacá-la por trás de algum jeito.