Cartas para Evan [EM PAUSA]

Capítulo 1

Sabe aquele amor avassalador? Aquele que bagunça toda sua vida? Eu vivi um, e posso dizer com todas as minhas forças, se eu soubesse o que aconteceria naquele dia, eu ficaria em casa e evitaria toda a dor que eu sinto até os dias de hoje.
Você vai saber todos os motivos que me fizeram desistir desse amor, você vai saber tudo que eu senti, tudo que eu chorei, tudo que me fez bem e mal, e eu juro, que quando todas essas cartas forem entregues, me verei finalmente livre de você.

Você se lembra da primeira vez em que nos vimos? Eu me lembro perfeitamente, como se tivesse acontecido ontem.

FLASHBACK

Eu estudava jornalismo, estava no segundo período, tirava notas razoavelmente boas.
Bom, eu tinha uma vida bem normal até você aparecer.
Naquele dia,eu havia acabado de sair da minha ultima aula do dia, estava caminhando calmamente em direção ao refeitório, iria almoçar com alguns amigos e depois iria para o meu apartamento, eu o dividia com Hanna, minha melhor e única amiga.
Meu celular vibra em meu bolso,o retiro, vendo o nome "Mãe" no visor, respiro fundo antes de antender.

Kate: Oi mãe -digo forçando um certo entusiasmo
Mãe: Kate querida, você não ligou na segunda! -droga! Ela sempre me pedia pra ligar na segunda- Eu fiquei preocupada, aconteceu alguma coisa?
Kate: E-eu esqueci de ligar mãe, me desculpe, eu só ando estudando bastante! -digo- Eu prometo que não vou deixar de ligar uma segunda se quer!- prometo para a mesma
Mãe: Tudo bem querida,você vem esse final de semana para casa? -pergunta,eu sentia sua voz um pouco de tristeza
Kate: Eu posso tentar ir -falo um pouco desanimada -se eu conseguir ir, eu ligo para a senhora na sexta antes de ir, ok? Tenho que ir, preciso almoçar.
Mãe: Tudo bem, tenha um bom dia, eu amo você!
Kate: Amo você também.

Coloco o celular em meu bolso e continuo andando até o refeitório, Hanna me vê assim que coloco meus pés dentro do refeitório, e começa a acenar loucamente, pego meu almoço e caminho até a mesa, me sentando com Hanna e mais alguns de nossos amigos.
-Você demorou Kate!- diz Hanna
-Eu sei, me desculpe, minha mãe me ligou e eu acabei esquecendo de continuar andando -digo rindo junto com algumas pessoas na mesa
-Então, só estava faltando você Kate, para eu poder fazer meu grande anúncio -Diz Eliott rindo presunçoso
-O que você queria tanto dizer? -Pergunta Harry
-Esse final de semana,a fraternidade, da qual eu sou presidente -disse com um ar convencido e todos riram -irá dar uma grande festa, e todos vocês estão mais que convidados.
Alguns riram com a notícia, comemoravam e eu continuei quieta, sem expressão alguma.
-Kate? -diz Harry
-Hum? -digo levantando meus olhos para ele, Harry era realmente um garoto muito bonito, e também muito legal, nós havíamos saído algumas vezes, mas não sentia nada além de amizade por ele.
-Você vai a festa?-pergunta ele
-Não, vou para casa nesse final de semana-digo para ele
-Ahhh entendi -disse ele frustrado -será que no final de semana que vem, a gente poderia sair? Ir comer alguma coisa, ver um filme ou sei lá -pergunta ele esperançoso
-Claro -sorrio fraco, eu gostava da companhia de Harry e não havia nenhum motivo para não aceitar o seu convite- Combinamos algo depois, me mande uma mensagem e combinamos algo, tenho que ir, tchau Harry -digo beijando sua bochecha- Hanna, te vejo em casa? -pergunto e ela assente
Saio da mesa, e vou andando até a saida do campus da faculdade, entro em meu carro e vou dirigindo.
Paro em um semáforo, ligo o rádio a procura de alguma musica interessante, acabo parando o rádio em alguma música pop aleatória que acabei achando. Volto minha atenção a rua, vejo a biblioteca em que eu sempre passava horas estudando, no final de uma calçada cheia de lojas, acabo decidindo entrar para ver se achava algum livro interessante para ler no longo final de semana que passaria em casa. Sorrio para Maureen, a bibliotecária gorducha que trabalhava naquele local.
Vários títulos, nomes de autores, capas e imagens me distraem tanto que não vejo uma pessoa se aproximando de mim, levanto meus olhos pronta pra xingar a pessoa que havia esbarrado em mim, ao olhar para a pessoa que havia esbarrado em mim, eu precisei me concentrar de novo.
- M-me desculpe- digo olhando para a pessoa em que eu havia esbarrado
- Sem problemas, só olhe por onde anda!-diz ainda olhando pra mim, seus olhos azuis eram os mais escuros que eu já havia visto, eles pareciam saber tudo sobre mim, mesmo tendo me conhecido há alguns segundos.
Ele se virou, caminhou até Maureen, assinou a locação do livro e saiu sem olhar para mim, que olhava para ele extasiada.
Seu olhar era intenso e profundo, parecendo perfurar minha alma e no fim, seu olhar foi um dos motivos que me fizeram desistir.
Ele era intenso, e parecia saber coisas quais eu nunca havia contado pra ninguém, e nunca teria coragem de contar, até agora.