Capítulo 4 - Aprendiz de animadora

1.2K 122 45
                                    


- Um, dois, três e... Mexa essa bunda, garota!

- Mais do que isso?! Eu vou ficar descadeirada - resmunguei seguindo os passos que Ellie fazia.

Estávamos no porão da sua casa que tinha sido reformado pela sua mãe para que todas suas filhas conseguissem ser maravilhosas dançarinas (Como eu já disse) e darem piruetas ouvindo música no último volume sem incomodar ninguém.

Das quatro paredes, três eram cobertas de espelhos do chão ao teto. O chão era forrado com um material de borracha e a sala era a prova de som.

Passei a mão pela testa, limpando o suor das duas horas de treino com apenas uma pausa de dois minutos. Ellie realmente levava isso a sério. Eu também tentava me esforçar, afinal eu era obrigada a passar no teste que seria daqui extamente trinta e dois dias.

Sabe aquele conceito de que animadoras de torcida não fazem nada além de serem bonitas, usarem gloss e remexer a bunda? Bem, é verdade, porém acrescente acrobacias, flexões, agachamentos, abdominais e coreografias que pareciam intermináveis à tudo isso.

- Pausa para beber água - Ellie disse parando a música que tocava.

Suspirando ofegante de alívio corri para a garrafinha e bebi vorazmente.

- Os testes geralmente tem duas fases - começou a explicar aproveitamente a pausa - A primeira onde você mostra sua técnica fazendo uma série sem música que deve ter no máximo trinta segundos, apresentando tudo que você sabe fazer.

- Que no caso é nada.

- Você sabe dar estrelinha. Enfim, a segunda fase é uma coreografia de trinta segundos também.

- Você vai me ajudar, certo? - perguntei esperançosa - A culpa também é sua de eu estar nessa.

Ela revirou os olhos.

- É, pelo jeito vou.

Eu só não era um desastre completo dançando porque tinha feito três anos de dança, o que facilitava bastante. Agora, tentando fazer cambalhotas, parada, espacatti - e qualquer coisa desse gênero que não fosse estrelinha -, eu era um horror.

Estávamos treinando desde das duas da tarde e meu corpo pedia por trégua, três horas de pulos para lá e para cá era mil vezes difícil do que eu pensava.

- Mais meia hora para encerrar - anunciou Ellie apertando play no som. Gemi de frustração.

Depois de tomar um banho demorado no banheiro do quarto de Mandy - e deixar a tolha pendurada no box propositalmente só para irritá-la - vesti uma calça de moletom e uma camisa folgada.

Iria ser só eu e Ellie na casa dela o final de semana inteiro. Seus pais tinham parentes em uma cidade pequena à duas horas de Atlanta e viajavam para lá toda sexta, voltando domingo de noite.

- Sabe o que seria perfeito agora? - perguntei retoricamente me esparramando no sofá, amarrando meu cabelo num coque - Compressa para eu colocar no meu corpo todo.

- Deixa de ser dramática.

- Você não sabe a dor que eu estou sentindo. Parece que um compressor me atropelou e depois deu ré só pra ter certeza de que eu ia ficar acabada.

- Não sei se ajuda tanto quanto suas compressas, mas eu fiz lasanha.

- Correção: Você colocou no microondas e ficou esperando sentada.

- Mais uma dessa e você vai dormir na casinha de cachorro do vizinho.

Ellie foi para a cozinha e voltou com uma garrafa de refrigerante, dois copos pendurados no gargalo da garrafa e a bandeja de plástico da lasanha.

We'll Be A Dream [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora