Track 3: Lego House

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Chanyeol não era ignorante para o que transgênero significava.

O que lhe chocara, no entanto, não fora saber que Baekhyun era. Fora entender, naquele instante, o motivo de todas as vezes que Baekhyun entrara chorando em sua casa.

Claro que ficara surpreso ao saber, não era algo que esperava. Não era algo que ninguém esperava, visto que todas as pessoas eram educadas para crescer binário, hétero, “normal”. Pessoas trans, gays, lésbicas, assexuais, não binárias e entre todos os outros termos eram meramente reconhecidas pela sociedade, e em sua maioria sofriam repúdio. Chanyeol sabia que, não fosse sua mente aberta e sua mãe ser bissexual, teria olhado para Baekhyun com os mesmos olhos que as outras pessoas, julgando, procurando uma razão ou alguém para culpar por seu jeito de ser, por coisas que estavam fora de seu alcance.

Mas Chanyeol fora educado para, acima de tudo, amar. Independente de tudo, um amigo era um amigo e, ali, vendo Baekhyun se encolher entre seus próprios braços, abaixando a cabeça para esconder suas lágrimas de culpa, como se necessitasse sentir-se culpado, era o que importava para Chanyeol.

Em dois passos largos, chegara até Baekhyun e o tomara em um abraço apertado, enquanto o menor se agarrava a seu peito e começava a soluçar.

- Hey Baek, você não precisa chorar. Não há nada de errado. Eu fico muito feliz que você confie em mim o suficiente para me dizer isso.

Baekhyun apenas o apertara com mais força e, sem saber o que fazer, puxara o garoto para a cama, sentando-se com ele a seu lado enquanto afagava seu cabelo. Ficara assim até que Baekhyun se acalmara o suficiente para se afastar e murmurar um “obrigado”.

- Baek.

- Hm?

- É por isso que você não se dá bem com seus pais?

- Sim. Bom, meu pai ignora, acha que é um problema que vai passar com o tempo. Minha mãe é quem reclama o tempo todo. – murmurara em seu peito, enxugando o rosto com as mãos.

- Você sabe que, sempre que algo acontecer ou você se sentir mal, pode vir para cá, certo?

Então Baekhyun soltara um risinho.

- Mas Chanyeol, eu praticamente vivo aqui.

- Ah, isso não seria má ideia, seria? A gente poderia jogar a noite inteira e dividir o quarto e- ah cara. Não, espera. Puta merda.

- O que foi Chanyeol? – perguntara assustado enquanto Chanyeol se afastava abruptamente.

- Eu troquei de roupa na sua frente, cara! Ah, não, acho que cara não é o termo certo, né? É que eu nunca pensei todo esse tempo.

- Chanyeol, se acalma.

Chanyeol agora andava pelo quarto, pegando roupas que estavam espalhadas pelos cantos. Era como se alguém houvesse lhe dado um peteleco na cabeça e gritado “tem uma garota no seu quarto”.

- Nossa como isso esta uma bagunça, meu senhor.

- Chanyeol, mas você nunca se importou com a bagunça. – Baekhyun o olhava confuso. Confusa. Nossa.

- Mas antes eu achava que você era um garoto!

- Chanyeol, eu não me importo com a bagunça. Você não precisa me tratar diferente.

Levantando da cama, Baekhyun fora até onde Chanyeol estava parado com cara de bobo e puxara as roupas de suas mãos, jogando-as de volta ao chão.

- Eu continuo sendo Baekhyun, minha personalidade é a mesma. Eu não me importo com sua bagunça.

- Mas... como você quer que eu te chame?

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