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Muitas pessoas acham que suas vidas melhoram a partir do momento que você se afasta das coisas ruins que acontecem com você, mas infelizmente não é bem assim. Me mudei recentemente para uma cidadezinha pequena do Canadá.

Setembro chegou, e com ele o começo do ano letivo. Usei o final de semana que antecede as aulas para retirar meus pertences das caixas. Livros, roupas, videogame, bola, alguns jogos de tabuleiro e meu telescópio, minha peça preferida do quarto todo.

Domingo à tarde, terminei de organizar todo meu quarto, então decidi dar uma volta, já que não tinha muita coisa pra fazer em casa e eu precisava conhecer a região. Peguei meus patins, coloquei-os nos pés e saí pela porta da frente, feliz em estar em um lugar novo.

Eu me sentia mais leve naquela cidade, não tinha mais aqueles valentões da antiga escola pra me atormentarem assim que boto os pés pra fora de casa. Passeando por aí, fui gravando os locais. Supermercados, farmácias, padarias, lojas de penhores, bijuterias, fui gravando cada lugar que via.

Na virada de uma das esquinas, esbarro em um garoto e caio, derrubando-o também.

- Ei, olha por onde anda! - Resmungou o garoto.

- Desculpe, eu não consegui parar.

Ele se levanta e, vendo minha dificuldade para fazer o mesmo, estende uma mão, para me ajudar a ficar em pé.

- Nunca te vi por aqui, como se chama? - Perguntou o ruivo.

- Prisce, Caio Prisce. - Respondo, dando um sorriso, mas logo desfazendo-o por vergonha.

- Sou Alexander, mas pode me chamar de Alex. - Abriu um sorriso como se me conhecer fosse algo bom pra ele.

-Eu preciso ir, antes que minha mãe fique preocupada. - Saio em alta velocidade, deixando-o lá e voltando para casa.

Minhas bochechas ardiam de tanta vergonha que eu sentia, não sei se era pelo tombo, ou pelo sorriso.

Cheguei em casa, meu pai tinha saído e minha mãe estava na cozinha, fazendo o jantar.

- Precisa de ajuda com alguma coisa mãe? - Digo lavando minhas mãos.

- O que já falei sobre andar de patins dentro de casa, Caio?

- Na verdade você nunca falou nada. - Ela joga água na minha cara e começamos a rir juntos. - Pode me ajudar cortando algumas cebolas?

Ajudando minha mãe na cozinha, ficava imaginando como seria o primeiro dia de aula, e, ao mesmo tempo, ficava pensando no garoto com quem esbarrei mais cedo.

Terminamos de comer, já estava tarde e eu precisava dormir para acordar cedo no dia seguinte, então fui para o meu quarto e me joguei na cama. Olhando para o teto com pôsteres de constelações grudados nele, ficava pensando ansioso no amanhã, mal sabia eu que não deveria estar tão feliz assim. Logo, adormeci.

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