O Alex na minha sala? Como assim?
Eu comecei a ficar nervoso e minhas mãos começaram a suar frio.
- Caio, já pode se sentar. - A professora diz, e eu percebo que estou encarando Alex e todos da sala estão rindo de mim, enquanto estou igual uma estatua lá na frente.Caminho até meu lugar e sento, completamente roxo de vergonha.
A aula correu bem, até que o sinal toca, e temos que ir pra próxima sala, é quando Alex vem falar comigo.
- Que surpresa vê-lo por aqui, senhor Prisce.
- Digo o mesmo, Alex.
- Quer ajuda para encontrar a sala da próxima aula?
- Pode ser, não conheço nada nessa escola mesmo. - Entrego o papel com meus horários para ele.
- Uau, que engraçado, seu horário é exatamente igual ao meu! - Ele sorri. - Parece que vamos ser colegas de classe, e bons amigos.
- Er... que legal! - Sorrio de volta, mas não com muita ansiedade.
Por algum motivo eu me sentia nervoso, eu engasgava algumas coisas e acabava não dizendo nada.
- Bom, vamos, não quer se atrasar pro primeiro dia, não é?
- Claro que não, vamos logo então.
Ele me levou até a sala da próxima aula e de todas as posteriores. No fim do dia, eu já não me sentia com vergonha perto dele, me sentia mais livre, parece que fiz um amigo novo.
No caminho de casa, eu fui pensando sobre as matérias do dia, até que avistei um garoto do outro lado da rua. Ele carregava uma maleta, e vestia calças jeans, camiseta swag preta com um colete preto, um chapéu e óculos. De início achei aquele garoto muito estranho, parecia aluno do meu colégio, mas não trajava uniforme escolar, e não parecia que haviam materiais escolares dentro daquela maleta.

Notei que ele parecia incomodado com aluma coisa, como se estivesse com medo, ou algo do tipo. Eu preferi não incomodá-lo, sabe-se lá o que tem na cabeça das pessoas hoje em dia.
Chegando em casa, joguei minha mochila no sofá da sala de estar e fui direto para a cozinha, estava com fome. Montei um belo sanduíche e me joguei no sofá de três lugares, onde peguei o controle da televisão e liguei-a para assistir.
Meu celular começa a tocar, e eu imaginava que fossem alguns dos meus antigos amigos, então corri para procurá-lo na minha mochila. Com o aparelho em mãos, vejo um número que desconheço, mas decido atender.
- Caio falando.
- Oi, espero que não se importe de eu ter pego seu número enquanto mexia no seu celular. Infelizmente não consegui salvar o meu número no seu telefone, pois você apareceu bem na hora, mas acho que sabe como fazer isso, não é?
- Bom, não me importo não, Alex.
Alex parecia mais animado em me ter como amigo do que eu estava por conhecer ele. Senti naquele momento um vazio interior, percebi que Alex não se comunicava com ninguém durante as aulas, é como se a única pessoa com quem ele fala na escola inteira fosse eu.
Ficamos conversando, pendurados no telefone, por, pelo menos, duas ou três horas. Falamos dos mais diversos assuntos. Começamos pela nossa experiência no primeiro dia de aula, depois discutimos a convivência de um com o outro, nossos gostos e, quando eu menos esperava, eu já tinha um convite para ir à casa dele quando eu me sentir sozinho, ou quando eu precisar de ajuda com alguma coisa.
É, tudo começa de um pequeno ponto, e quando você mexe um pouquinho, vira uma linha, uma curva, e no fim, temos uma obra de arte, cheia de rabiscos.