Por um fio

E agora?

Mayla me olhava séria enquanto perguntava o que eu iria fazer agora.

- Como assim o que eu vou fazer? - digo.

- Você sabe mana. - ela fala como quem não entende minha dúvida em relação à pergunta que me fez.

- Sei o que Mayla? - digo impaciente.

- Eu estou perguntando se você vai ter essa criança Emilly?!

- O que? Você ta maluca?! É claro que eu vou ter o meu filho. Outra opção nunca foi e nem nuca será uma possibilidade! - grito indignada. Como ela podia me perguntar uma coisa dessas?!

- Mana eu sei que você sempre quis ser mãe, mas pensa bem, uma criança agora só ia atrapalhar sua carreira e ainda mais sendo filho de quem é.

- Nunca mais fale assim, você ta me entendendo?! Meu filho não vai me atrapalhar em nada, pelo contrário, agora tenho mais um motivo pra lutar e ser melhor.

- Tem certeza? De qualquer forma você ainda tem tempo pra decidir. - Ela insiste.

- Não tem o que decidir Mayla! Quantas vezes vou ter que dizer isso? Eu vou ter o meu filho e não há nada que tu possa fazer pra me convencer do contrário. – grito com raiva. Não importava o que acontecesse eu teria meu filho e criaria ele com todo amor do mundo mesmo que fossemos só eu e ele.

- Você quem sabe, mas depois não diz que eu não te avisei – ela diz e sai batendo a porta do quarto.

Deito na cama e começo a chorar mais ainda. Não podia acreditar no que Mayla tinha acabado de me dizer. Independente dos problemas dela com o Marcos, meu filho não tinha nada haver com isso. Era só uma criança, um bebê, que ainda nem nasceu. Não acredito que ela ia me abandonar quando mais precisava dela. Estou chorando compulsivamente quando papito entra no quarto e pergunta:

- Que gritaria era essa aqui? Sua irmã saiu que nem um furacão do quarto e você ta ai chorando. O que aconteceu?

- Nada - digo tentando fugir do assunto

- Nada, Emilly?! Nunca tivemos segredos, você sabe que estou do seu lado e sempre te apoiaria em qualquer coisa. Não há nada que você precise esconder de mim. - papito diz enquanto senta na cama ao meu lado.

- Eu tô grávida pai! - digo rápido, abaixando a cabeça com medo de sua reação.

- Ô minha menina - ele diz me abraçando.

- Eu to aqui pra você sempre! Você e essa criança, meu neto, podem contar comigo pra tudo. - diz me abraçando ainda mais forte.

- Você não tá chateado comigo? - pergunto chorosa.

- Claro que não minha princesa. Eu acho você muito nova e acho que você e o Marcos foram bem irresponsáveis, mas entendo que vocês estavam lá sobre pressão e apaixonados. E além do mais eu vou ter mais um neto. Quer felicidade maior que essa?!

Meu pai sempre foi meu parceiro e sempre me apoiou em tudo. Fico aliviada por ele não estar bravo e não renegar o neto. Pelo menos o meu pai estaria do meu lado e me apoiaria nesse momento.

- Pena que a mana não pensa assim - digo dando um meio sorriso.

- Como assim? - ele me pergunta confuso.

- Ela me sugeriu tirar o bebê, disse que seria o melhor pra mim - digo dando um risinho irônico.

- Eu não acredito que sua irmã fez isso. – papito diz triste

- Fez. Ela odeia o pai do meu filho e vai odia-lo também – falo já chorando.

- Claro que não princesa! Sua irmã tá brava agora, por causa das diferenças que tem com o Marcos, mas tenho certeza absoluta que daqui a pouco ela vai pensar em tudo isso e vai se desculpar por tudo que falou. E é claro que ela vai amar essa criança, independente de qualquer diferença que ela tenha com o pai do bebê, é sobrinho dela. – diz, tentando me acalmar.

- Não sei. Mas espero do fundo do meu coração que ela mude de idéia. A mana sempre foi tudo pra mim, sempre fizemos tudo juntas e apoiamos uma a outra.  Não ia suportar ter ela contra mim principalmente num momento como esse.

- Fica calma. Tudo vai se acertar você vai ver - diz fazendo carinho em minha cabeça.

- Tomara! – digo desejando do fundo do meu coração que as coisas com a mana se acertassem logo.

- E o Marcos? - papito me pergunta.

- O que tem ele?

- Ele é o pai.

- Sim. E o que tem isso?

- Você não vai contar pra ele? - me pergunta com cara de dúvida.