24 horas de solteirice

Véspera de Natal

Sehun

Eu tinha acabado de afundar o botão do teclado do meu computador. Justo quando eu estava prestes a passar de fase no jogo do 007. Fiquei com tanta raiva. Só poderia ser praga do meu esposo. Ele odeia que eu jogue. Mas o que posso fazer se é o único lazer que posso ter? Eu não gosto de fazer as coisas que os outros maridos curtem. Não gosto de futebol, não gosto de golf, nem de xadrez e nem de caminhar. Luhan nunca deveria reclamar de mim. Afinal, eu passo o dia inteiro em casa. Se eu curtisse outras coisas, teria que passar algumas horas fora de casa e longe dele. Mas por que diabo ele não reconhece isso?

Talvez até reconheça, mas ele me quer 100% só para ele. Quer um homem que passe o dia limpando a casa, fazendo comida e cuidando dos filhos. Eu não sou um empregado, tenho o direito de me divertir. Todo ser humano tem direito ao lazer.

Era sábado do dia 24 de dezembro, véspera de natal. Costumava ser para mim o dia mais feliz do ano. Minha mãe acordava cedo para os preparativos, e durante todo o dia a casa ficava com um cheiro maravilhoso de comida natalina. Eu, como sempre um malandro, costumava "beliscar" as comidas e tentar encontrar o esconderijo dos presentes. Ah, bons tempos que não voltam mais. Desde que me casei com Luhan, minha mãe não faz mais a ceia de natal e não esconde mais os presentes. Agora eu tenho que ajudar meu esposo com as comidas e ainda por cima ficar de olho nas crianças. A ceia de natal não parece tão mágica se é você quem a faz. Na verdade, é um saco preparar tanta comida. Poderíamos muito bem comprar a ceia pronta, mas Luhan insiste em fazer. Argh.

— Sehuuuun! Vem aqui agora! – ele berrou da cozinha.

Já que meu teclado estava quebrado, só me restava ir para o inferno da cozinha.

Meus filhos, por algum milagre natalino, estavam brincando tranquilamente na sala com seus carrinhos e lego. Andei com cuidado para não pisar naquelas peças que poderiam ser extremamente dolorosas.

Luhan tinha posto o som para tocar um CD natalino que ele mesmo havia feito. Tinham músicas americanas, chinesas e coreanas, tudo com o tema de natal. E meu esposo estava de frente para o balcão da cozinha, usando um avental com tema de natal e cortando alguns legumes.

– Preciso da sua ajuda – disse ele, sem tirar os olhos do que fazia. – Preciso que me ajude a limpar o peru.

– Mas eu não sei fazer isso. É nojento.

– É só enfiar debaixo da água!

Olhei para o bicho dentro de uma bacia de plástico, dentro da pia. A carne rosada me embrulhava o estômago.

– É nojento, Lu! Eu faço qualquer outra coisa.

Ele revirou os olhos e largou a faca que segurava sobre o balcão.

– Então corte esses legumes.

Fiquei aliviado por ele ter tido complacência. O natal faz mesmo milagres.

Peguei a faca e iniciei o meu trabalho. Enquanto eu cortava uma cenoura em rodelas, notei que Luhan volta e meia me encarava. Isso me incomodava, mas estava se tornando comum. De um tempo para cá, ele vem me encarando muito.

– O Chanyeol e o Baekhyun disseram alguma coisa sobre vir? – eu perguntei, para quebrar o silêncio.

– Sim, todos confirmaram. Jongin e Kyungsoo trarão as sobremesas e Chanyeol e Baekhyun as bebidas.

– Que milagre. Achei que fossem insistir em fazer na casa de algum deles.

– Por quê? Nossa casa é espaçosa.