Temporal - Lya Luft

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O tempo rasteja no telhado
Depois de se fazerem filhos e dívidas,
E as dúvidas brotarem nas frestas
Da porta.

O tempo trança bordados no rosto
E manchas na mão,
Mas a gente não muda: ainda chove
No escuro e um pássaro começa a cantar,
Um amigo morre antes dos quarenta anos,
E nossa mãe, com quase cem, nem está
Nem se ausenta.

Como tudo o mais,
O tempo não tem explicação:
Corrói e transfigura, expande
Ou empobrece, conforme a escolha
De cada um.

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