Capítulo 2

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MARIA JÚLIA

Já fiz bastante coisa, inclusive andar de um lado para o outro. Faz tempo que eu não sentia essas sensações dentro de mim, natureza, liberdade, tenho ar puro, animais, e fora essa fazenda aqui a minha volta. Eu já troquei as minhas vestes, tomei meu banho, e já estou na minha barraca, ela não é grande mas também não é pequena, meus livros cabem aqui e eu também com os meus biscoitos e meu copo de leite. Vou ler até me embreagar de leite e até o sono me pegar e me levar a nocaute.

- Ouço passos e olho em volta da barraca, e isso me leva ao meu despertar.

— Quem está dentro da barraca apareça. - Uma voz bem perto fala.

Minha roupa está boa, não é pijama, porém é bem confortável. - Saio da barraca meio abaixada e me levanto.

Um homem está em minha frente parado, e com um paredão de homens lá trás. - Coloco minha mão na frente dos meus olhos para impedir os raios do sol em minha vista, pós o sol está a nascer.

Tem sete homens atrás dele, e um na frente, o que querem?

— O que desejam? - Pergunto.

— Essas terras são privadas, a senhora sabia? - O homem fala.

— Meu nome é Maria Júlia, prazer também. Eu estou acampando aqui para passar as minhas férias e colocar minha cabeça no lugar. Não sabia que isso é terra privada, aliás está no mapa, lá na prefeitura, no cartório, nas agências de viagens não dizem nada disso. - Falo e continuo a olhar eles.

— A senhora se retire imediatamente, terras privadas, e o dono não está nada satisfeito de vê-la aqui nas terras dele, ainda mais em seu lago. - Ele fala.

— O lago é dele? - Pergunto e tiro a mão da frente do meu rosto.

— Sim. Não vou que está tudo cercado impedindo qualquer passagem? - Ele fala.

— Isso é uma brincadeira, né? - Pergunto.

— Muito sério e a senhora vá se retirando. - Ele fala.

— Agora mesmo que ficarei, o lago é público, o seu patrão que está não está nada satisfeito fale para ele sentar e chorar pois aqui estou e aqui continuarei. - Me viro e entro em minha barraca novamente.

Agora você vê isso, como isso pode gente? Uma pessoa pode achar que é dono de um lago? Não é porque uma fazenda fica envolta que o lago é da fazenda. Mas isso deve ser brincadeira mesmo, e eu que não vou me importar com isso, de forma alguma. Os homens ainda estão lá fora, daqui dá para ouvir o falatório deles.

Eu espero de coração que ninguém venha me tirar da graça do meu senhor meu Deus, porque paciência eu não vou ter com essa baboseira e outra coisa na minha agência de viagens está lá que isso é direito de todos, e se é de todos é o meu direito também.

GABRIEL ANTONE

Essa mulher acha que vai ficar aqui, e ela que vá achando mesmo. Hoje ela terá o dia todo para se retirar, caso contrário eu que irei ao encontro dela, e pode ter certeza que coisa boa não vai sair de mim se caso ela permanecer aqui. Se ela soubesse como eu estou revoltado ela não ousaria nem ter dormido aqui.

— Senhor, chegou uma carta. - meu mordomo avisa, e estende a sua mão segurando a carta.

— Obrigada. - Pego a carta em minhas mãos. — Pode se retirar. - falo e ele sai rapidamente.

Carta? Para mim? Deve ser alguém querendo parceria, provavelmente. e outra que carta grande, parece até exame. - Abro a carta.

- Transvaginal?— Que porra é essa? - digo em voz alta.

O nome da Yasmin está aqui, isso é um exame transvaginal, cacete. Como isso? Ela tá grávida? Dezesseis semanas? - Eu preciso ligar para ela.

— Eduardo. - Grito o nome do meu mordomo e ele aparece em alguns estantes.

— Liga agora para a Yasmin, pede para ela vim aqui que eu preciso falar com ela agora. - digo, Eduardo anui com a cabeça e se retira da sala.

Yasmin era uma mulher de programa, ela é linda, uma mulher belíssima. Esteira de seu corpo alta, pele clara, cabelos escuros e compridos, lábios carnudos, um corpo sem defeitos, tudo na medida certa. Com 18 anos ela saiu de casa, veio fazer curso de modelo aqui em minha cidade, não teve como se sustentar no dia a dia e muito menos como pagar o curso, com isso entrou para a vida dá prostituição. Não fui seu primeiro homem na cama, mas ela sempre me disse que eu fui o primeiro a marcar a vida dela. Comecei a ter casos escondidos com ela, dei dinheiro a ela, dei uma casa, dei inclusive o curso dela. Porém tínhamos um combinado quando comecei a ter casos escondidos com ela, ela ia parar com a prostituição e se prevenir cuidando de sua saúde íntima. Yasmin se levantou na vida, hoje ela é uma modelo, e está com carreira para o exterior. Yasmin e eu não temos relações a alguns meses, eu que sempre a procuro, ela nunca me procurou para nada. Hoje a Yasmin tem seus 22 anos. As vezes quando eu chamava ela para passar a noite comigo, apenas conversávamos como bons amigos, e agora ela grávida?

DUAS HORAS DEPOIS.

Estou em meu quarto, to sentado aqui na mesa do meu quarto a horas esperando ela. Já assimilei melhor a situação, estou com a minha cabeça no lugar.

— Yasmin chegou, posso pedir para ela entrar? - Eduardo fala e eu o olho.

— Sim, chama ela logo. - Respondo. Se eu pedi para chamá-la é porque preciso falar com ela.

- Yasmin entra em meu quarto e me olha. Não tem barriga nenhuma alí.

— Recebeu minha carta, certo Gabriel? - Yasmin pergunta.

— Entra e fecha essa porta. - Peço a ela, e ela faz.

- Yasmin começa a se aproximar e se senta na cadeira na minha frente.

— Você tá grávida? - Pergunto curioso.

— Sim Gabriel, eu descobri a poucos dias. A criança estava escondida em minha costela. Por isso não fiz barriga até agora, e aliás é cedo para se notar. - Yasmin fala e fico me olhando.

— O anticoncepcional? Cade o efeito dele? - Pergunto.

— Pessoas engravidam tomando anticoncepcional de forma correta, eles são falhos. Não venha pensar que eu fiz isso querendo. Eu tinha uma carreira inteira agora pela frente e não posso mais viajar. A agência disse que espera que eu não fique acaba com essa gravidez, porque se isso acontecer eu tô na rua. - Ela fala e os olhos lacrimejam.

— Nunca te deixei na rua, te ajudei desde quando te conheci. Você sumiu, não deu mais notícias como sempre, ficou a espera da minha ligação pelo visto. - Respiro fundo. — Você tá grávida, eu não tenho dúvidas que esse filho não seja meu, posso estar seguro disso? - Pergunto.

— Claro. Eu conheci outro homem, mais ainda nem se quer o beijei, estamos na amizade porém vim aqui para isso também, te avisar para não me procurar para sexo e sim procurar pelo o teu filho.

— Eu vou te dá, e da todo o suporte que essa criança precisar, depois você passa seus dados para o Eduardo que você vai fazer o acompanhamento logo. Eu não queria isso agora para você, você está nova, com uma carreira pela frente, eu estou em uma fase boa da minha vida não queria filhos agora, mas se Deus quiser assim vamos aceitar, porque filho é benção.

- Ela sorrir e eu estendo a mão para ela.

— E pode ficar com esse homem que você conheceu, não teremos mais nada, só amizade. - Me levanto, ela pega em minha mão. — E o vínculo que essa criança vai trazer para nós. - Beijo a barriga dela.

ACAMPANDO COM O INIMIGOOnde histórias criam vida. Descubra agora