O grande peso das palavras.

93 29 61
                                    

— Anteriormente —

    — Por que está tão surpresa, hm? - questionou ironicamente. Engoli em seco, sentindo como se estivesse sendo imprensada entre suas paredes.

    — E-eu... Ou melhor, você me assustou. - respondi praticamente sussurrando, encolhendo os ombros.

    — O que estava fazendo na rua de madrugada? E de quem é aquele carro que te trouxe? - encarou-me com frieza, e eu, como fiquei constrangida, abaixei a cabeça.
 
    — Só não desconto minha raiva em você agora mesmo, porque seu pai está dormindo e eu não quero que ele acorde. - cruzou os braços. — Seu irmão me contou sobre suas saídas às escondidas de noite. Ainda não consigo acreditar que você foi capaz de fazer isso por três anos.

    — Mas eu pedi para ele...

    — Não contar? - ela completou, mais uma vez com um sorriso debochado. — Por favor, Eunbin. Eu sou uma mãe. É óbvio que uma hora descobriria que algo está errado.

    Eu tentei me segurar, entretanto, foi em vão. Meus olhos ficaram marejados em míseros segundos. Tinha pedido com toda a sinceridade para que Taemin guardasse o meu segredo, mas ele não o fez. O mesmo não foi capaz de manter uma promessa com a própria irmã.

    — Olha, eu vou ser bem direta. - suspirou forte, massageando as têmporas. — Até sábado que vem, quero que esteja com o seu nome limpo desse grupo de dança que participa. Durante esse pequeno prazo, eu te deixo aproveitar seus últimos dias lá. - abri a boca para me manifestar, porém ela novamente me interrompeu.

     Se fosse para ser sábado que vem, eu não iria poder participar da apresentação.

     — No domingo seguinte, você e seu irmão vão para a casa da sua tia no interior. Tive que adiar a viagem por sua causa.

    — Por que está fazendo isso? É só um grupo de dança, não fazemos... - parei de falar assim que recebi um olhar reprovador. Suspirei cansada. — Por quanto tempo ficarei lá?

    — Até dois dias antes de suas férias acabarem. - respondeu. — Bom, o meu recado já foi dado. Espero não precisar repeti-lo.

    Meu dia estava sendo péssimo. Como se não bastasse ter acordado com dor de cabeça, de tanto que passei a madrugada chorando, minha disposição para sair da cama era zero, sendo que o ponteiro do relógio já marcava exatamente quatro horas da tarde.

    Faço uma careta quando ouço meu estômago revirar de fome. O que mais fiz hoje foi dormir; não fui capaz de descer nem para tomar café, por vergonha, e talvez um pouco de raiva, de encarar o rosto desapontado da minha mãe e, principalmente, de Taemin. Ele sabia que eu o daria um gelo por dias ou, muito provavelmente, semanas. Então, por isso mesmo, estava tentando evitá-lo por ter quebrado a palavra comigo. Pode parecer uma atitude infantil para quem já tem dezoito anos, porém, sentir-se traída é uma das piores sensações.

    Após um suspiro pesado, fecho os meus olhos, com o intuito de pegar no sono novamente, entretanto, o som do toque do meu celular me desperta. Pego o aparelho, que por sinal estava perdido entre as cobertas, e vejo o nome de Sohye brilhar no visor. Cruzo as sobrancelhas, pensando logo no que poderia ter acontecido para ela estar me ligando em uma hora dessas.

    — Annyeong?

    — Eunbin, está podendo conversar? - depois de alguns segundos quieta, exclama dando uma fungada. Sento-me na cama, no mesmo instante que percebi que a mesma provavelmente estava chorando.

STEPS [춤] - shin hoseok.Onde histórias criam vida. Descubra agora