Inconsistências

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  E aqui,meu jovem desamor
Que jaz meus ossos partidos
As borboletas mortas de meu estômago
Os fios tênues de liberdade que sempre me içaram
Sim, é aqui que jaz
O meu já cansada coração travestido em armadura de aço
Como sempre esteve
Matei meus gritos nos silêncios
Minhas esperanças, matei com o amanhã
Matei-me em vida,como eu sabia que aconteceria
Sim,meu perdido desamor
Somos almas de tristeza resoluta
Paixões incompreendidas
Desalentos comunais...
Sou Ícaro e Orfeu
E nessa noite,peço que deite-se junto a mim
Em meio leito de morte
Iremos nos fartar do brilho das estrelas mortas
E deixar que a terra nos consuma
Caíremos de qualquer modo
Sabeis que pode ser pelas mãos de entes
E expectativa e planos dos mesmos?
Sabeis ainda que tudo está fadado?
Que quando se chega aos nossos limites de perversão e violência
Não se há mais perdão?
Deite ao meu lado nesse leito de falsa morte
E vamos assassinar nossas desilusões
Queima-las com o fogo que rompe nossas veias
Pinta-las com o carmesim de nosso sangue
Sim,quem vos fala meu desamor
É a mesma que está trancafiada no escuro dos dias
Na integridade das noites
E na violência da vida
Pois digo, estou cansada das lutas
Sim,digo que já não há asas que me podem tirar dessas celas
Pois é certo como a aurora
Que o dia deixou de nascer para meus olhos tristes
Sim,estou morta há séculos
Desde que nasci e respirei o ar dessas rotinas malditas
Dessa sociedade cheia de amarras
Matei-me enforcada
Sufocando aos poucos
Deglutindo o ar
Saboreando os breves deleites de inconsciência E incoerência
Sim,meu desamor
Matei-me em vida
Um cruel assassinato sem culpados
Sem vítimas
E com dores findas apenas para minha alma.
Pairo apenas na falsa calmaria terrena
Juntando as peças destroçadas
Que nunca puderam ser concertadas desde o início
Uma sonata com final previsível
Um acorde sem grandes proporções
Uma nota finda que deve apenas
Morrer em posterior silêncio
Levando consigo todos os hinos
Sim,querido desamor
Estou morta há dias
O conjunto de todas as peças que me fez tomar a coragem
De cometer suicídio em vida e declarar meu triste fim
Sim,meu ingênuo desamor
Admiro teus sonhos,tuas vãs alegrias juvenis
Eu também já as tive
Mas alegrias banais não suprem para sempre
E esse mundo vai traga-lo como sempre faz
Com almas tortas como você e eu
Somos crianças fadadas
Almas amaldiçoadas
Dedilhadas e preparadas para o mesmo fim
Sim,somos condenados a despertar
A emergir dos sonhos insones que nos cercam
E subverter as linhas feitas em pedra
Que parecem nos seguir  .

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