2. Mudança de Ideias

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Adorei a reação ao primeiro capítulo e espero que continuem a gostar até ao final ^^ Boa leitura ♡✌

Capítulo 2 : Mudança de Ideias

Uma nova dor aparece a cada passo que eu dou mas consigo guardar isso para mim. Seria péssimo se alguém percebesse. Assino a folha na entrada, abrindo um sorriso obviamente forçado.

"Hey." cumprimento. Brittany pára de escrever no seu computador, olhando para mim com um sorriso. Queria passar os meus dias bem disposta como ela.

"Bom dia, Kim. Como estás?" que tal horrível? Cheia de dores? Com vontade de chorar por horas ou então fugir para bem longe. Vontade de largar tudo e apanhar um avião com destino ao outro lado do mundo.

"Estou ótima e tu?" imagino que me vá contar sobre o seu marido. Eles casaram há pouco tempo, Britt ainda não caiu em si, o que eu acho amoroso.

"Ontem saímos para comer um gelado na praia depois do jantar, ele é um cavalheiro, não podia pedir mais." riu. Dá para perceber no seu rosto o quanto ela ama o seu marido e eu gostava que esse fosse o meu caso. "Mas não te posso contar tudo agora porque já tens um paciente no gabinete. Veio um pouco mais cedo e pagou mais do dobro para marcar consulta hoje uma vez que já não havia vagas, tive que passar a que tinhas agora para outro dia." é alguém que realmente precisa de ajuda. "Dizia-te o nome mas não me lembro. A minha cabeça já não funciona como quando tinha a tua idade." não sei se ela tem sessenta mas não está longe disso. Fisicamente, ninguém lhe daria a sua idade.

"Vou indo então, obrigado." sorrio, caminhando até ao meu consultório. Os seus cabelos encaracolados são a primeira coisa que eu vejo quando abro a porta e estou confusa. "O que te fez mudar de ideias?" pouso a minha mala, retirando o meu casaco para trocar pela bata.

"Ham... Eu pesquisei sobre o que disseste e notei algumas ligações ao que eu sinto e ao que eu sou então achei que deveria pelo menos tentar ham... Desabafar ao menos. Porque duvido que melhore. E vim também desculpar-me pela minha reação de ontem, não foi nada racional." esfregou os seus olhos. Sento-me no sofá à sua frente com o meu bloco de notas, pronta para ouvir tudo o que ele queira dizer. "Está tudo bem?" perguntou ao  perceber a minha dificuldade ao colocar o braço na manga da bata.

"Sim, dei um jeito ao braço ontem a fazer limpezas, nada de importante." minto, focando-me nas minhas anotações depois de me conseguir vestir corretamente. ''Os teus amigos vieram aqui ontem, eles importam-se bastante contigo.''

''Eles disseram. Obrigado por não lhes dizeres nada sobre a consulta.'' mexeu no seu cabelo e começo a achar que é algo que ele faz quando está nervoso ou desconfortável. ''Eu sei que disseste que tudo o que eu contar é confidencial mas... Não sei, obrigado.''

''O quer que seja que digas aqui, vai ficar aqui. Não te preocupes com nada disso.'' garanto. ''Podemos continuar o assunto de ontem?'' confirmou e agradeço por isso. ''Depois de saíres, tiveste algum momento de grande tristeza?''

''Mais ao menos... Depois de parar para pensar que se calhar tinhas razão, eu fui pesquisar e isso afetou-me, não sei bem porquê. Nunca pensei que eu tivesse algo assim, mesmo que agora pareça óbvio.'' é otimo que ele tenha aceite o seu problema.

"Ontem passaste apenas uma pergunta à frente, achas que me podes responder hoje?" seria um avanço gigante se ele me respondesse a algo tão íntimo.

"Vais achar estúpido." nego. Não acharia estúpido nada de um paciente. "A primeira vez que tentei, não me lembro quantos anos tinha mas foi da maneira mais convencional possível. Tomei um monte de comprimidos mas o meu estômago é sensível então eu vomitei logo. O mesmo aconteceu quando tentei ao beber desinfetante, dessa vez doeu bastante." anoto, achando que é tudo, mas ele continua. "Da terceira vez eu literalmente tentei enforcar-me mas o Louis e o Niall apareceram e eu escondi a corda, ia ser traumatizante para eles encontrar-me pendurado já sem oxigénio nos pulmões. Mas bem, continuando. A minha avó já me impediu de me afogar na minha própria banheira, tentei atirar-me de uma ponte uns tempos mais tarde mas um homem desconhecido parou-me e eu fugi." dá para perceber na sua voz que ele está ligeiramente emocionado. "Eu acho que já tentei enfiar uma faca numa tomada porque achei o choque ser suficiente mas ele só me fez esquecer mais ao menos esse momento. Estou a falar como se fosse uma brincadeira para ocular o facto de eu querer fazer isso todos os dias. Eu não gosto de estar vivo e eu sou tão merda que nem me consigo matar." ele ri mas não há uma gota de humor nem no seu rosto nem na sua voz. "Eu só queria que toda a tristeza e toda a pressão psicológica desaparecessem, todo o stress." puxou o seu cabelo em frustração. Eu quero realmente compreender o que se passa dentro da cabeça dele. "Oh, esqueci-me de quando saltei para a frente de um carro. Ele travou a tempo e eu só fiquei como um idiota parado a olhar para o motorista assustado."

Depression || H.S || TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora