4. Back to the past

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1 mês depois.

Murray Hill, Nova York – Abril, 2015, 13h46 PM.

Point Of View Justin Bieber.

Tentava descontar minha raiva em qualquer objeto daquele cômodo, minha respiração estava descompassada. Meu relacionamento com Trisha sempre foi conturbado, tudo acabava em brigas, mas no fundo, eu acreditava que ela me amava. E eu também a amava. Começamos a se envolver quando eu decidi vir de uma vez pra Nova York, a 1 ano atrás. Ela frequentava uma das boates em que eu costumava a ir, e quando vi, já estávamos nessa.

Trisha sempre foi uma vagabunda quando queria, mas não achei que fosse chegar a tal ponto de sair por aí, ficando com outro cara enquanto dizia estar comigo. Não suportava a ideia de pensar que ela tinha me feito de corno depois de todas as chances que a dei. Parece que mais ninguém sabe honrar o voto de confiança que dou. Eu havia errado algumas vezes também, mas jamais me deixei cometer os mesmos erros novamente.

- Você acha que pode simplesmente falar que ficou com um cara enquanto estávamos juntos e continuar como está? Você ficou louca? – falei esmurrando a mesa de centro. – Se isso cair na mídia, sabe como pode foder a minha carreira? – gritei.

- Só pare de quebrar as coisas. Eu já disse que estava bêbada amor. Isso não pode interferir na nossa relação, a gente se gosta. - ela veio perto de mim com cara de choro. A cara que eu havia caído em todo esse tempo. Vadia.

- Saia da minha casa antes que eu vá preso por bater em mulher. – ela tentou me tocar. - SAIA.

Trisha pegou a bolsa e andou até a porta a passos lentos. Ela me encarava enquanto eu tentava controlar mais a raiva. - Não tente me ligar quando se arrepender de não ter me perdoado. – ela disse, fechando a porta em seguida.

- Filha da puta. – fechei os olhos, tentando contar até 10 e não descontar em mais nada, eu já havia tacado vários coisas ao chão. Não queria pensar em como o rompimento do meu relacionamento iria causar agitação na mídia. 

Lembrei- me do compromisso que teria a 30 minutos e apressei-me em ficar pronto logo. Scooter me mataria se eu perdesse o primeiro dia de produção do álbum por conta de mulher.

Enquanto dirigia até o estúdio, lembrei da última vez que havia visto Angeline. Fora a 1 mês atrás, quando ela havia tocado vários remixes pra mim e havíamos decidido contratá-la para a produção das músicas. Naquele dia, eu havia conseguido evita-la ao máximo, mas sei que daqui pra frente não seria mais assim. Sei também que a chance de voltarmos a ser amigos seria grande. Qual é, fomos melhores amigos durante certo tempo. Embora eu ainda não tivesse a perdoado, sei que Angeline possuía um bom coração, e havia sentido a minha falta também. Mas quem dirá que, se não voltássemos a ser amigos, ela não me deixaria novamente. Assim como Trisha havia se desculpado tantas vezes e acabara de quebrar minha confiança pra valer.

- A sessão de fotos pra capa do álbum é daqui três dias, espero que não se esqueça de seus compromissos. – Scooter passou por mim antes de eu adentrar o andar, um pouco atrasado.

- Vou bem, obrigado, e você? - ironizei enquanto me dirigia ao estúdio e abria a porta.

- Você me assustou. - Angeline disse atrás da mesa de som, colocando a mão no peito.

- Está devendo alguma coisa pra ficar assustada assim? – falei tirando o casaco e me sentando no sofá. – Vamos começar isso logo, preciso acrescentar algumas melodias em uma das canções, procure por aí uma pasta com as letras das músicas, são as que precisam de batidas originais.

- Tudo bem. - ela falou enquanto colocava o headset no pescoço e começava a procurar.

Fui até o piano do estúdio e por um momento me senti desconfortável enquanto começava a tocar na frente dela. Me levava a 5 anos atrás novamente, e embora eu gostasse daquela sensação, eu não queria que aquilo tudo acontecesse novamente. Sei que enquanto tocava, Angeline se esforçava pra não vir até o meu lado.

- Depois de 5 anos, finalmente aprendi a tocar uma música no piano. – ela falou atrás de mim, enquanto folheava alguma coisa. – Não que você tenha perguntado.

- Conta outra. – falei rindo baixo.

- Está duvidando que fui capaz de aprender a tocar sozinha? – ela parou de fazer o que estava fazendo e veio ao meu lado, franzindo a testa. – Moro com uma amiga que tem um piano e sabe tocar muito bem, quando não estou trabalhando em alguma festa, fico sem ter o que fazer em casa.

- Quero ver. – falei me levantando e a desafiando. Eu devia parar de agir por impulso, mas pensar que Angeline havia aprendido a tocar alguma coisa, me deixava curioso. Ela me encarou desconfiada, mas depois de um tempo concordou e se sentou a onde eu estava sentado a alguns segundos atrás.

Ela começou a dedilhar o piano, até que a melodia foi sendo reconhecida na minha cabeça.


Just a fraction of your love

(Só uma fração do seu amor)


It fills the air

(Preenche o ar)


And I fall in love with you

All over again

(E eu me apaixono por você

de novo)


Ela cantarolava baixo enquanto tocava perfeitamente.


You're the light that faced the sun

In my world

(Você é a luz que alimenta o sol

No meu mundo)


I'd face a thousand years of pain, for my girl

(Eu enfrentaria anos de dor pela minha garota)


Out of all the things in life

That I could fear

The only thing that would hurt me

Is if you weren't here

(De todas as coisas na vida

Que eu poderia temer

A única coisa que me machucaria

Seria você não estar aqui)


Era Common Denominator, uma música que eu havia escrito e lhe mostrado, quando me dei conta de que eu estava apaixonado por ela, a 5 anos atrás. Angeline nunca soube disso, pois havia ido embora, 1 mês depois.

Change MeWhere stories live. Discover now