5º Capitulo
[Oiça: http://www.listenonrepeat.com/watch/?v=iRkaJEwEKaA]
1 de Maio – 40 dias
[Louis ON]
Eu não via Inês há precisamente 16 dias, nem no seu 18º aniversário que fora dia 17 de Abril pude vê-la. Apesar de estar com Joana era de Inês que eu realmente gostava mas ela não me deixava mostrar o quanto. Ela afastara-me e agora não posso simplesmente deixar Joana. Eu gosto dela, mas não da forma como ela gosta de mim. Eu não a queria magoar, estou apenas confuso. Eu guardava rancor de Inês mas tudo se foi no preciso momento em que vi o seu belo sorriso e os seus olhos castanhos brilhantes. Eu sentia-me culpado por todas as palavras que lhe dissera e o facto de ela me dizer que me iria deixar de qualquer forma deixava-me inquieto. Joana contara-me que ela não saía de casa mas não me contava o motivo. Seria eu? Duvido, ela parece demasiado forte para sofrer tanto assim por um idiota como eu.- Queres bolachas, Lou? – Joana perguntou-me estendendo-me uma caixa.
Pois, estávamos ambos em minha casa a ver um filme. O filme acabara e ela tinha ido buscar comida. Neguei e ele comeu as bolachas animadamente. Enterrei-me nos meus pensamentos sem ligar ao que se passava à minha volta. Eu sinto-me confuso. Como pode uma rapariga fazer-me apaixonar por ela em apenas 2 meses? Quem me ouvisse dizer isto, achar-me-ia louco, mas engana-se. É possível amar-se em pouco tempo. É possível quando se trata da tua alma gémea. Eu sinto-o bem cá no fundo que ela o é e não suporto a ideia de a ter afastado. Idiota! Porque falo sem pensar? Percebi que Joana falava pois chamou-me à atenção.
- Não ouviste nada do que disse pois não? – perguntou-me.
- Não, desculpa – sorri fraco.
- Pensas nela, não pensas? – perguntou-me com um sorriso terno. Os seus olhos castanhos observavam-me, tentando decifrar a minha expressão.
- O quê? – esbugalhei os olhos com a surpresa. Era assim tão óbvio?
- Na Inês… Pensas nela. Eu sei que vocês já se conheciam apesar de ambos não me contarem. Eu vi as fotos nas revistas mas achei que eram apenas amigos, mas pelo vosso estado aconteceu algo mais – olhou para as mãos brincando com os dedos.
- Eu… desculpa…
- Não precisas de te desculpar. Mas porque nunca avançaram ou assumiram? – perguntou olhando para mim curiosa.
- Ela disse que não podíamos no momento em que eu me declarei… Disse que nada poderia acontecer entre nós só, mas só não percebo o porquê… - baixei a cabeça.
- Ela… ela não te contou? – percebi a sua voz surpresa.
- Não me contou o quê? – levantei a cabeça.
- Ela tem uma doença terminal. Resta-lhe pouco mais de um mês – percebi as lágrimas nos seus olhos que logo se formaram nos meus também.
- Ela… ela o quê? – falei já com a visão embaçada.
- Foi por isso que ela não quis ter nada contigo. Para não te fazer sofrer… e para não a deixares no momento em que estaria realmente doente. Tu tens uma vida completamente diferente - reflectiu – Mas ambos sofrem de qualquer das maneiras – concluiu, falando mais para si do que para mim.
- Eu…eu não acredito! Como pode ela estar tão errada?! Eu nunca a deixaria por isso! – exaltei-me.
- Vai ter com ela Lou – sorriu para mim, segurando-me a mão.
- Mas e… e nós?
- Estou a acabar oficialmente contigo – sorriu.
- Eu não sei o que dizer…. Obrigado! – beijei-lhe a testa e peguei no casaco para sair de casa – Mas e tu?
- Eu apanho um táxi…
- É que nem penses! Afinal vou para tua casa – ri-me e ela acompanhou-me.Entrámos no carro depois de trancar a casa e conduzi até à sua casa, controlando-me para não exceder o limite de velocidade, que já se tornava difícil. Eu estava nervoso, tremia, batucando freneticamente os dedos no volante. Joana parecia totalmente confortável com a situação. Acho que ela não gostava tanto assim de mim. Ela não mostrava estar afectada, aliás, sorria levemente! Paramos em frente à sua casa, saímos do carro e Joana abriu a porta de casa. Entramos e cada vez sentia o meu coração mais acelerado. Posso jurar que o sentia na minha garganta, querendo saltar a qualquer momento! Antes de ir para a cozinha apontou para cima, para que eu subisse as escadas sussurrando um “3ª porta à esquerda” sorri, agradecendo-lhe e subi as escadas a correr, tentando não cair. Respirei fundo antes de bater à porta. Descontraí os ombros, respirando fundo mais uma vez. Fechei os olhos com força e abri-os finalmente, ganhando a coragem que me faltava. Como é que em 10 min toda a coragem que eu tinha para falar com ela, se tivera ido? Realmente não sei responder.
Olhei para cima, encarando a porta em seguida. Bati na mesma ouvindo a sua voz doce falar com algum esforço um “Podes entrar, mãe”. Abri a porta, observando-a deitada na cama enquanto lia um livro. Sorri antes mesmo de dizer algo, apenas observando-a. Permanecia concentrada no livro, sem se importar com quem estivesse no quarto. Mordia ligeiramente o lábio e juntava as sobrancelhas, demonstrando surpresa ao ler o que estava escrito no livro. Li na capa “No Seu Mundo”. A minha mãe falou-me dele. Fala sobre um rapaz autista que é suspeito de homicídio. Abanei levemente a cabeça e finalmente ganhei coragem e falei algo.
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90 dias a teu lado
FanficEm apenas noventa dias tudo pode mudar e muita coisa pode acontecer...