CAPÍTULO 2 -Vigesimo andar-

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        Apertei o botão e esperei alguns segundos, o elevador abriu e vários rostos me encaravam, eu poderia muito bem esperar o próximo mas já estava atrasada, entrei sem hesitar me espremendo entre as pessoas até achar um lugar onde eu me encaixa-se. Ali no meio podia ouvir a risada vinda das moças de trás, alguns olhares de canto fincados em minha blusa outro nós papéis que levava, sussuros começavam a pairar "Quem ela pensa que é?" "Olha o seu estado!"
            Em um gesto quase automático, puxei o blazer tentado esconder o que sobrou da minha dignidade.
        O elevador se abre no vigésimo segundo andar, na minha frente está um grande corredor por onde passam centenas de pessoas importantes com seus contratos milionários, consigo ouvir o barulho abafado de um telefone tocando e o som de salto alto no chão, a maior parte das mulher que trabalha ou passam por aqui usam louboutin, sou a única calçando uma tênis melisa parcelado em quatro vezes. São poucos funcionários que trabalham neste andar, de certa forma sinto me privilegiada por poder andar no meio dessas pessoas mesmo ficando desconfortável as vezes.
        Gosto de observar-las, imaginar como são suas vidas, se tem filhos, uma casa grande com jardim ou moram em condomínios, tento ver a expressão delas, o olhar quase sempre lhes entrega. Alguns parecem ter vidas entediantes, mas sempre acabo sendo supreendida.
         Em certa ocasião atendi ao telefona de uma secretária de voz firme, ela começou a barbulhar algo sobre como nossa empresa havia crescido e o que faríamos a respeito das novas normas de exportação, eu fiquei meio pasma, eu era uma simples estagiária que deveria atender aos telefonemas e anotar recados não fazia menor idéia do que falar "ahn sobre a exportação, deixa eu ver aqui.." disse mentindo, depois de um tempo compreendi que a melhor forma de responder certas perguntas era assim, a mulher no outro lado da linha fez uma grande pausa até falar.
        -Bem, meu chefe está na cidade veio resolver alguns negócios pendentes e irá passar aí. Abra o email com as informações da pauta para a reunião, obrigada.- e desligou o celular.
         Ela não perguntou se podia, não marcou o horário, ela simplesmente disse estaremos aí. Esse tipo de pessoa me dá medo, para ela ser uma secretária deste nível só poderia trabalhar com alguém realmente bom e esplendorosamente rico, fiquei martelando na minha mente " quem chega assim?" Desde que comecei a trabalhar na KS&CIA nunca vi ninguém entrar na sala do Sr. Koroe sem marcar hora, até alguns empresários mais estimados do país eram deixados de lado "mande ele para o supervisor, estou ocupado" dizia Koroe.
        Fiquei intrigada, fiz de tudo para que Agnes me deixasse trabalhar ali naquele dia, queria descobri quem era o homem.
       Duas horas em ponto, chegou um senhor de terno branco com um chapéu panamá curvado de modo que seu rosto ficava meio escondido, do seu lado estava uma bela mulher  tão linda que até eu exclamava "onh que gata" não me levem a mau prefiro outra fruta, mas se fosse para eu começar a  gostar de mulher teria que ser uma dessas, sua cintura era marcada fazendo uma curva certinha no quadril, longos cabelos encaracolados de um tom alaranjado, puxado a um ruivo mel. Esses caras ricos não perdem tempo, logo catam uma mulher jovem para ter de esposa. Ela olhou para mim e sorrio enquanto entravam na sala do senhor Koroe. Achei que o senhor de terno fosse esnobe, metido a papa-anjo porém me enganei.
         Passaram uns quinze minutos até que uma senhora muito bem vestida adentrase pelo  corredor, essa era a verdadeira esposa do homem de terno,  direcionou-se até  mim e começou a conversar.Agnes ficou estupendamente puta da vida comigo naquele momento, falou que eu precisava parar de incomodar as pessoas e pediu desculpas para senhora pelo incomodo e por estar roubando seu tempo, falou que ela poderia entrar na sala do chefe. A mulher sorriu. Ela agradeceu e disse que estava tudo bem e queria só conversar um pouco, falou que não  sentia-se bem nessas salas por isso sua filha eram quem acompanha o marido.
        Eu havia tirando conclusões precipitadas daquele homem, ele era um velho amigo de Koroe por isso era tão bem recebido, o senhor de terno era reconhecido não só por ser um milionário mas por ser amigo de seus funcionários. Um verdadeiro líder. Isso me fez perceber o quanto a gente tira conclusões precipitadas das outras pessoas, as coisas as vezes são diferentes.

         - MEU DEUSSS.... Onde você estava? Está atrasada a mais de dez minutos!
         Agnes me olhava, fazendo com que eu acordasse dos meus pensamento.
        - Olha seu estado! Nessa empresa não aceitamos pessoas vagarosas, o que aconteceu para que você esteja igual a uma mendiga?
         - Isso é só café? Fui burca ele para você! No MEU horário de almoço. - me execedi, o mau humor no meu corpo quase superava o de Agnes.
         - Olha o tom! Com quem pensa que está falando.
         - Me desculpa! Um cara esbarrou em mim, o seu café caiu!
         - Não acredito!
         - Sim! E o cara teve a audácia de falar que não me viu, acredita. - disse achando que o espanto de Agnes era pela história.
         - Não menina, olha isso!.- disse arrancando as folhas de meu braço. - você fodeu com os documentos! Como vão arquivar esse papéis? Está tudo molhado.
         - O café caiu em mim também sabia? E tava quente! Como tenho culpa disso?
         Agnes me fitou com ódio, naquele momento queria me matar, nunca deixava ninguém retruca-la.
         - Logo hoje que estou toda atarefada você me apronta. - ela olha para a sala do Sr. Koroe. - London vem hoje para uma reunião com seu pai, preciso dos papéis. Deixo passar seu descuido desta vez, mas você vai precisa arrumar isto!
         Ela me alcança os papéis.

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⏰ Última atualização: Apr 27, 2020 ⏰

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