CAPÍTULO 1 -- café--

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         Era mais um daqueles dias cinzas de outubro, uma neblina cobria o céu deixando uma sensação de frio e o toque apagado dos velhos prédios na cidade me davam impressão de estar andando em um beco daquelas cidades antigas situadas na Europa.
         Carregava comigo um monte de papéis, algo bem comum nos últimos meses desde que consegui o estágio na KS&CIA eu vivia com presa. Quando eu finalmente entrei na empresa depois de dias entregando currículos e implorando por uma chance, as assistentes viram em mim uma chance de ouro, me usavam para tudo que não fosse do gosto delas, revisava papéis que  não fazia a menor idéia do que se tratavam, atendia os telefonemas como se fosse elas, entregava papéis importantes para gerentes de vários setores e busca café, e é justamente isso que eu estava fazendo naquele momento.
         Agnes me tirava do sério, até certo ponto eu compreendia o jeito dela, anos enfiada atrás daquela mesa  sendo secretaria do Sr. Koroe, mesmo ele sendo um ótimo chefe havia dias que acorda com um péssimo humor além de ter um gosto incoerente para grosseria, Agnes sabia disso como ninguém. Mas isso não me parecia motivo suficiente, para ela fazer da minha vida um inferno também.
"Merda" esclamei e algumas pessoas curiosas olharam em minha direção, a fila está tão grande, vou chegar atrasada! Agnes me paga, não é a primeira vez que troco meu horário de almoço para sadisfazer seus caprichos.
        -Proxima. O que vai querer?
        - O mesmo de sempre.- sorri para a atendente "dois capuccinos e um expresso pana" era sempre o mesmo pedido, o mesmo preço, a mesma atendente.
        - Está pronto.- disse me alcançado os cafés.- Tenha uma ótima semana!
        - Até amanhã Deise.- falei para relembrar, como se ela não soubesse que teria que voltar, olhei bem no fundo dos olhos dela que me diziam para pegar os capuccinos e sentar na mesa, tomar cada um deles vagarosamente e nunca mais voltar para aquele antro de esnobes. Esse pensamento me rodeava a dias, mas eu sonhei tanto com esse emprego, estava a alguns passos de ser contratada oficialmente não podia jogar tudo para o ar, mesmo que isso significasse ser escrava de Agnes.
        Peguei a bandeja com 3 copos de café, com uma das mãos, era uma das vantagens desse emprego, descobri certas habilidades em mim que desconhecia, equilibrava as coisa como ninguém, de relance lembrei que devia estar atrasada. Olhei para o pulso tentando ver as horas no relógio  "Meu senhor" as vezes supero minha inteligência, havia colocado o relógio virado.
        Então estava eu, no meio da rua andando igual uma condenada olhando para um relógio virado sem prestar a mínima atenção no mundo que me cercava, até que a vida resolveu me abalar.
        -Oh merda, merda, merda... Como  vou explicar isso.- Me abaixei tentando resgatar os papéis molhados de café, o meu peito estava latejando de dor, mas naquele momento só pensei no quanto aquelas assinaturas eram importantes. "Estou ferrada"
          - Desculpe-me, não vi você.  Você está bem?.- ele se ajoelhou ajuntando os papéis.
         - Não, cara olha o que você fez! É incapaz de ver uma pessoa e desviar dela, em que planeta você vive?
         - Ooouh, calma aí, não sou bem eu que andava distraída por aí!
         "Ahn" ele ainda tem a audácia de me disser isso.
          - Seu idiota, se você me viu distraída como ainda teve a capacidade de esbarrar em mim? Sua inteligência me assusta!
         Seus olhos fitaram os meus, por um instante senti um certo frio percorrer meu corpo. Os papéis estavam todos encharcados de café, minha blusa estava toda molhada, mais um dia péssimo.
         - Me perdoe! Eu deveria ter mais cuidado, e você também! Deixe eu lhe ajudar.- alcançou-me os papéis que havia ajuntado, em quanto nós alevantamos do chão ele retirou do bolso um lenço, e se aproximou de mim. - você deve ter se queimado, não quer que eu te leve para casa? Precisa descansar!
          - Não obrigada, tenho que entregar estes documentos no trabalho.
         Ele me olhou seriamente, não tinha reparado em como ele era, vestia se muito bem calça social e camiseta jeans, provavelmente era mais um charlotão que vivia puxando o saco de seu chefe.
          - fique com o lenço, você vai precisar se limpar. -Disse ele, sem saber o quão péssima eu me sentia naquele momentos.

Uma Noiva Para LondonOnde histórias criam vida. Descubra agora