III

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  Um jovem estava prestes a se jogar do décimo primeiro andar de um prédio, cansado da vida, se deixou levar pela depressão, fazendo com que os espíritos malignos se alimentassem de seu fruído de vida, ela levantou sua foice e a direcionou no pescoço do rapaz, faltavam míseros milímetros para que ele completasse o ato e esta, pudesse arrancar-lhe a alma, a foice invisível a olho nu, acertou certeira na artéria do pescoço, puxou-lhe a alma do corpo físico antes que este se chocasse no chão, a alma recém desencarnada ao ver a entidade obscura lhe segurando pelo braço, arregalou os olhos e gritou desesperadamente, ela apenas o encarou divertindo-se com o medo do rapaz, abriu a porta dimensional e o lançou dentro, fechando-a logo em seguida.     Sentiu uma voz em sua mente gritando por socorro e logo ela reconheceu-a, sabia que após ter salvado a vida da menina, sentiria suas vibrações até que desencarnasse, se transportou rapidamente seguindo um instinto que não deveria, pegou a moça nos braços e a levou para terra firme, esquecendo de se tornar invisível, deixou que a jovem lhe visse, virou o rosto rapidamente encolhendo os ombros tentando esconder sua face monstruosa, Angie lhe olhou zonza, tossindo, perdendo a consciência logo em seguida, ela encarou o corpo molhado, as vestes pequenas e transparentes deixando transparecer os seios rosados da garota, um  sentimento estranho tomou conta de si e flashblacks de sua vida terrena vieram a tona.

...

1928

   24 de Julho a Polícia Rodoviária Federal é fundada com a denominação de "Polícia das Estradas, Wendy ao ler isso no jornal que achou em frente sua casa, criou a esperança de conseguir entrar para a polícia, sonhava em ser reconhecida, proteger vidas, mas seus pais não autorizaram, tinha apenas 16 anos, correu para o quarto trancando a porta, pegou uma lata velha que estava ligada a um tubo que se conectava com uma casa ao lado.

- Carhy ? Está aí ?

- Oi Wendy.

- Acabei de ler no jornal que estão com vagas para entrar na polícia.

- Nossos pais não vão deixar Wendy, não fomos feitas para essas profissões.

- Não diga isso! Até quando as mulheres vão ser subjugadas a serem donas de casa? Eu não fui feita pra isso, quero viver o meu sonho e sei que você também. (A jovem respirou fundo tentando não se alterar com a amiga).

- Você está certa, desculpe. Mas como vamos conseguir nos candidatar?

- Conheço um senhor que faz parte da patrulha das estradas e ele tem contato com grandes nomes lá dentro do regime policial, e disse-me que podemos conseguir entrar se nos esforçarmos nos testes, mas você sabe que teremos que...

-Fugir? (Exclamou Carhy).

- Sim.

- Quando podemos ir?

- Amanhã a noite, as 23:30, me encontre atrás das árvores do jardim do papai.

- Ok.

   No horário marcado, Wendy e Carhy se encontraram, ansiosas pela expectativa da realização de um sonho proibido, colocaram as mochilas nos ombros e cobriram as faces com gorros enormes, caminharam pelas ruas de terra por duas horas seguidas até chegarem no lugar marcado, a noite estava em seu auge as 01:30 da madrugada, davam passos leves pelo mato para não fazer muito barulho.

- Senhor Levi, estamos aqui. (Gritou a jovem observando o lugar estranho que haviam marcado de se encontrar).

  Logo um velho sai de trás de uma árvore, uniformizado, segurando sua arma na cintura.

- Vocês vieram! (Exclamou o velho as observando).

- Sim, para onde vamos?

-Digam-me, vocês duas acham mesmo que irei torná-las polícias?

   Wendy encarou Carhy e essa entendeu o sinal, era uma cilada, antes de fazerem qualquer movimento para fugirem, mãos firmes as seguraram pelos pulsos, três homens armados sorriam para elas perversamente, o velho chegou perto das jovens e cheirou seus pescoços sentindo o perfume adocicado que ambas estavam usando.

- Sejam meninas bem boazinhas, que meus garotos vão brincar com vocês agora.

...

Agora

   Fui tirada de meus pensamentos quando senti as mãos leves de Angie tocarem meu capuz, perdi a noção do tempo em que fiquei em meus devaneios, coloquei-a no chão bruscamente e virei-me de costas pra ela caminhando rapidamente até sumir entre as árvores, se eu tivesse um coração, com certeza teria infartado, nem sei o que a dentro desta carcaça de ossos, nunca tiro essa capa, nunca me olho no espelho, até hoje não aceito o que me tornei, o efeito que essa mortal causa em mim faz me lembrar de quando ainda sentia afeto, me faz lembrar de Carhy.

...

O dia em que a morte se apaixonou.Onde histórias criam vida. Descubra agora