CAPÍTULO 17. Xeque
NÃO ERAM MAIS DO QUE onze horas da manhã quando Yuna bateu na nossa porta, já que a nossa campainha ainda não havia sido consertada. “Chanyeol!”, ela gritou. Ele abriu a porta do quarto e me pediu para esperar, e, mesmo contra a minha vontade, fiz um esforço extra e continuei parada enquanto Chanyeol ia falar com ela.
Para ser sincera, eu tinha esquecido da existência de Yuna desde que Chanyeol e eu nos beijamos. Na verdade, tudo depois daquele dia parecia um borrão confuso, mas lindo — sim, eu não sei como definir de uma forma melhor a minha paixonite correspondida —, como os nossos três encontros e saídas com nossos amigos, onde tentávamos manter nossa situação em segredo.
Eu apenas não planejei uma coisa: Chanyeol. Ele não conseguia fingir que não havia algo de errado e ficava olhando para mim no meio dos nossos amigos, segurando o riso logo depois. Isso resultava em uma grande onda de preocupação, por que todos acabavam achando que Yeol tinha enlouquecido. E saber da verdade só me deixava ainda mais envergonhada.
Porém, os nossos encontros tinham saído melhor do que esperávamos. Exceto no primeiro, já que passamos a noite em um hospital depois de descobrir a alergia de Chanyeol a camarão de uma maneira quase-trágica. Não posso negar que isso rendeu ótimas fotos dele vermelho e cheio de marcas pelo rosto, como se tivesse sido atacado por um grupo de guaxinins raivosos.
“Chanyeol!”, Yuna gritou mais uma vez antes dele abrir a porta. Assim que ouvi o trinco girar, coloquei o ouvido na porta para saber do que eles falavam. “Eu simplesmente não acredito no que você fez! Eu sempre soube que você era um gênio, mas não a esse ponto... Essa sua ideia de namorar aquela... me esqueci o nome dela... mas, enfim, essa ideia deixou os produtores do programa vidrados!”
“Você está enganada, eu gosto da Nari de verdade. E como você sabe sobre a gente?”
“Você assinou um contrato, queridinho. Quando alguém concorda em participar de um reality, nossa equipe tem permissão de filmar você por aí. E, deixa eu te dizer: o público vai me amar assim que virem vocês. Tipo, que idiota trai a namorada?”
“Você. E, segundo, não somos namorados, na real.”
“Grande coisa, eu precisava de contatos para entrar no show-business. Ou acha que eu ficaria com você pra sempre?”
O apartamento ficou em silêncio no mesmo instante enquanto Yuna se preparava para continuar a falar, mas eu abri a porta do quarto sem pensar duas vezes. Eles viraram as cabeças instantaneamente.
“Ela pode ir embora? E você pode me explicar o que está acontecendo, Chanyeol?”, perguntei. Yuna torceu os lábios pintados de vermelho.
“Pena que eu não trouxe a equipe comigo, eles iam adorar gravar o shot dela saindo do seu quarto”, ela revirou os olhos. “Querida Nari, é simples. Ou nem tanto, já que Chanyeol não esclareceu ainda, mas o fato é: o acordo que fizemos foi esse, ele finge que voltou comigo para o reality e a emissora o paga, em dólares, oitocentos mil.”
“Que reality?”
“Back to Me. Alô? Onde as celebridades se reúnem com seus antigos amores e vão em encontros e essas coisas? Nenhum deles volta no final, mas o pessoal adora ver isso”, ela completou com um sorriso. “Chanyeol é a minha chave de volta para a popularidade. Os telespectadores vão amá-lo. A não ser que ele coloque tudo a perder por sua causa.”
Chanyeol me encarava com as sobrancelhas baixas e olhos tristes. Apesar de receber aquela notícia louca tão de repente, aquilo significava que, então, ele não estava namorando Yuna quando eles saíam juntos. Era atuação. Chanyeol estava salvando a nossa pele por oitocentos mil dólares!
“Nana, eu só fiz isso por que as cobranças estavam chegando com mais frequência. Eu via quando você as escondia de mim, e...”
“Você é um gênio”, eu sussurrei. Ele pediu que eu repetisse, sem entender. “Você. É. Um. Gênio. Park Chanyeol!”
“Quê?”, Yuna perguntou.
“Você precisa tanto de nós que está pagando o Yeol para te ajudar”, cruzei os braços, raciocinando tudo da melhor forma. “E agora só pode resgatar a sua carreira com a ajuda dele.”
Yuna torceu os lábios, visivelmente surpreendida pela minha ousadia em falar daquela maneira com ela. Porém, não retrucou — ela sabia que eu estava certa. Puxei Chanyeol pela mão até a cozinha. “E então, o que vai fazer?”, perguntei.
“Você... Não está com raiva de mim?”
“Raiva? Não, não!”, ri, extasiada. “Eu pensei que você estava com ela de verdade. Esse é o maior alívio da minha vida.”
Chanyeol sorriu, também aliviado. Enquanto isso, Yuna havia feito uma rápida ligação para alguém da emissora, e virou-se para nós: “O episódio vai ao ar hoje.”
“Como assim?”, ele perguntou.
“Ué, temos as filmagens de você com a Nari. E eu já gravei as minhas, onde descubro tudo e começo a chorar deitada no meu divã. Até peço para eles desligarem as câmeras, uma atuação digna de cinema! Aposto que até o Bong Joon-Ho vai querer me contratar.”
“Eu nunca disse que você poderia usar minha imagem”, falei, tentando ignorar a expressão esnobe dela.
“Não se preocupe, vamos borrar seu rosto.”
“Os netizens vão me achar nas redes sociais, você sabe disso”, falei. Netizens são o que chamamos de bullies da internet, principalmente os fãs de atores e cantores, que adoram massacrar artistas e pessoas inocentes por motivos nenhum.
“Bem, Chanyeol concordou com o uso das imagens da vida dele.”
“Isso não incluía a Nari”, ele respondeu, ríspido. Nunca ouvi o Chanyeol usar aquele tom para falar com ninguém, nem mesmo quando estava furioso.
“Está tudo sob as regras”, Yuna sorriu. Ela guardou o celular na bolsa e caminhou até a porta. “Eu vejo você na próxima semana para gravar o último episódio, Chanyeol. Isso se você estiver intacto até lá”, e foi embora.
Eu não sabia como reagir. Afinal, não havia o que fazer além de esperar pelo inevitável. “Eu preciso arranjar uma maneira de acabar com o contrato”, ele disse, procurando o celular para ligar para Yuna. Segurei o braço de Chanyeol, fazendo-o olhar para mim.
“Não tem como”, suspirei. “A gente lida com isso depois.”
“Todo mundo vai pensar que somos dois idiotas enquanto a Yuna sai como a vítima da história. Nossos amigos vão ver o programa, provavelmente. Eu não quero que nada de mal aconteça com você.”
“Nossos amigos vão acreditar em nós”, respondi, e segurei as mãos dele. “E eu também não quero que se machuque.”
De tarde, começamos a procurar meios de quebrar o contrato. Porém, todas as alternativas significavam que pagaríamos uma quantia monstruosa para a emissora — algo bem maior que os oitocentos mil de Chanyeol —, e ficaríamos endividados por oito anos, no mínimo. Conforme as horas passavam, nossas esperanças diminuíam pouco a pouco. Eu estava mais calma que Chanyeol, já que ele ficava andando para lá e para cá pelo espaço pequeno da cozinha, murmurando balela.
“Acho melhor convidarmos nossos amigos para virem até aqui e explicarmos tudo”, eu falei. “Não quero que eles descubram que estamos namorando por meio de um 'reality' show estrelado pela Yuna.”
“Se você diz, então é o que vamos fazer.”
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Auspicious | Chanyeol
FanfictionOnde Jung Nari é maníaca por limpeza e Chanyeol é o cúmulo da desorganização. ────────── a chanyeol fanfiction jagiyahajima © 2017