Música: Sam Tinnesz - Heart of the Darkness
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Sempre ouvi dizer que a infância é a melhor fase das nossas vidas, bom, pelo menos a primeira melhor fase.
Tenho vinte e sete anos e caminho pelo Aeroporto Internacional de Heathrow envergando a farda que desejei desde que me entendo por gente.
Parece maluco uma pessoa conseguir alcançar tão cedo e no auge da sua vida aquilo que sempre quis até ao momento? Bom, para alguns sim, mas não para mim.
Sempre tive uma ideia bem clara do que queria conquistar. Planos definidos, metas traçadas, mas como sabem, não é só a meta que interessa porque é a jornada que nos transforma.
E a minha jornada ainda agora começou.
- Suazilândia. – Oiço. – Já viste bem? – Andrew aparece ao meu lado, a olhar atento para o monitor com os voos. – Eu nem sabia que essa palavra existia, quanto mais que era um país!
Rio.
- Não é a primeira vez que voamos com um destino estranho. – Observo.
- Meu amigo, mas isso não é muito difícil, metade do mundo é estranho.
Rimos.
Lembro-me do dia em que deixei tudo para trás para seguir o meu sonho. A ansiedade, o entusiasmo, o orgulho, a ambição... Anos depois, continuo a sentir o mesmo, porque todos os dias me apaixono um pouco mais pelo que faço.
- Já tens o plano do voo? – Pergunto-lhe.
- Já. Fui ao escritório. Suazilândia perdida no meio da selva. – Exala. – Onde anda a Sophie? Está na hora.
Ouvir o nome dela provoca-me calafrios. Recordo o seu cheiro, o seu sabor...
Para, Mike! Cabeça no trabalho!
Encolho os ombros.
- Ainda deve estar na casa de banho.
Andrew estuda-me por momentos e depois suspira.
- Bom, pelo menos é ela. Imagina, ir para a Circolândia com a megafónica da Rachel!
Gargalho. Não queria imaginar esse cenário.
Andamos em direção ao pórtico de segurança para staff acompanhados pela funcionária da companhia de handling que nos representa. Há oito meses que faço voos com Andrew. Tempo suficiente para saber o que posso esperar dele.
- Acho que querias dizer Suazilândia. – Corrijo.
Ele olha-me de lado. – Foi o que disse. Qualquer dia temos passageiros para a Infernolândia.
Gargalho pela sua frustração.
- Secalhar Lucifer dá gorjetas.
- Se Lucifer desse gorjetas não era o dono daquela merda lá em baixo.
Bom, ele tem o seu ponto de vista.
- Como está a Anne? – Pergunto-lhe.
- Está bem. Fomos jantar à casa dos pais dela nas minhas folgas. Juro que o pai colocou alguma coisa na minha bebida.
- Mais provável ter sido a mãe, na comida.
Andrew detém-se quando se preparava para entrar na carrinha que nos vai levar ao avião.
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Trono de Algodão - Conto
Short StoryTodos os direitos reservados a Cátia Grenho. Obra devidamente registada no SafeCreative Copyright Registration. Aviso: Linguagem e conteúdo considerado ofensivo/agressivo/explicito. Leia com consciência. SINOPSE: Mike Storm sempre soube onde queria...