A Sombra

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>acordo lembrando da noite passada
>será que a garota tinha saído?
>lembro da criatura
>aquela pele podre
>os dentes afiados
>os olhos vermelhos
>não queria voltar lá
>minha mãe me chama para almoçar
>resolvo perguntar pra ela a história do hospital
>"que hospital?"
>ué
>"o de cima da montanha oras"
>ela me olha com cara de triste
>"meu filho aquilo não é um hospital"
>heim?
>"aquilo era um manicômio"
>"mas as pessoas começaram a usar ele para despejar as pessoas que não queriam soltas"
>"políticos honestos, pessoas que desafiavam os ricos e gente desse tipo"
>"as pessoas simplesmente jogavam outras pessoas lá e as deixavam para morrer"
>"os médicos de lá tratavam todos como loucos"
>"varias pessoas morreram de fome ou torturadas"
>"há lendas de que houveram experimentos com humanos lá"
>"dizem que os espíritos continuam lá até hoje, então meu filho não vá lá"
>ela aperta minha mão
>"por favor"
>eu nunca tinha visto ela assim
>"tudo bem"
>almoço
>morava apenas com a minha mãe
>dia normal
>vou pra escola
>encontro meus amigos
>dia passa
>fim do dia
>o mesmo por do sol vermelho
>a mesma colina
>e o mesmo vulto no velho manicômio
>eu não deveria...
>mas estava curioso demais
>resolvo ir
>abro a porta da frente
>e lá estava ela
>"hmmm... não achei que você voltaria"
>ela se aproxima sorrindo
>"vim ver se você estava bem, sabe... esse lugar é pior do que você imagina"
>"eu sem muito bem que lugar é esse"
>ela sempre sorria
>"então porque vem aqui?"
>"já disse, estou procurando uma coisa"
>"mas oqu-"
>"ei, vamos fazer algo legal?"
>"heim?"
>"vem, vou te mostrar o resto desse lugar"
>então ela me levou para dentro
>conversamos muito
>ela disse que estava procurando sobre a história das pessoas que haviam morrido ali
>ela não frequentava escola e morava um pouco acima de mim na colina
>disse que sua casa era em cima do manicômio
>wtf
>apesar do lugar ser extremamente sombrio
>era como se fosse uma mansão só pra nós
>era divertido estar com ela
>resolvo ir, já tinham se passado horas
>"te vejo amanhã?"
>ela sorri
>"claro"
>saio
>resolvo perguntar o nome dela antes de sair
>mas quando olho pra trás
>vejo atrás dela
>aquela coisa
>com aquele sorriso
>e aqueles olhos
>aquilo puxa ela pra trás
>corro para tentar ajudá-la
>mas a porta se fecha
>sangue começa a escorrer por baixo da porta
>"não.... NAO NAO NAO NAO"
>corro até em casa
>não podia falar para a minha mãe
>ela não iria para aquele lugar
>pensei em chamar a polícia
>mas eles levariam horas
>não sabia oque fazer
>resolvo voltar
>estava com medo
>mas prescisava ajudá-la
>chego lá
>abro a porta devagar
>não vejo nada
>o sangue continuava lá
>entro
>deixo a porta aberta
>meus passos ecoavam nos corredores
>assim como a madeira gritando junto
>passo vários corredores
>então vejo ela
>encostada em um canto
>chorando
>"caralho você ta bem? eu vi sangue na saída, oque era aquela coisa?"
>ela treme e me olha
>"ta tudo bem.... eu não tô machucada....eu... eu só não quero.."
>ela chora
>"eu só não quero mais ver aquilo.. eu cansei de ficar sozinha..."
>"tudo bem, você pode vir pra minha casa eu explico tudo..."
>ela chora mais
>"não eu não posso... eu quero muito eu juro mas eu não posso"
>"mas porque?"
>então eu sinto um leve frio nas minhas costas
>"você tem que fugir"
>congelo
>"por favor sai daqui"
>olho com dificuldade pra trás
>lá estava mas uma vez
>aquela coisa
>"por favor eu não quero que você veja isso"
>aquilo pôs suas mãos em mim
>e me atirou para o lado
>então se dirigiu para a garota
>"POR FAVOR NÃO OLHA ISSO"
>ela fica as unhas em sua barriga e a levanta
>então morde seu pescoço e arranca uma parte dele
>ela empurra sua cabeça contra a parede várias vezes
>a esfaqueia com as garras
>ela cava na sua barriga arrancando tudo de lá
>eu não conseguia me mecher
>era demais pra mim
>o corpo da garota olha pra mim
>então ela fala
>"por favor vai embora"
>como ela tava viva???
>com a pouca coragem que me restava joguei um pedaço de madeira naquela coisa
>ela para
>vira o rosto devagar para mim
>então ela sorri
>coberta de sangue
>e sai
>sem fazer mais nada
>o corredor antes marrom agora era vermelho
>haviam órgãos espalhados por todos os lados
>pelo menos pedaços deles
>me aproximo da garota
>"ei.... ei.. não va agora"
>era idiota, ela estava aberta mas não conseguia aceitar
>"por favor"
>então percebo
>o corpo dela não estava mais lá
>mas...
>algo me toca
>"ei..... tudo bem?"

CONTINUA...

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