6. Agulha

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P.O.V - JM

Abri os olhos calmamente, um gosto ruim residia minha boca. Estava deitado, não sentia mais frio, mesmo com meus pés e mãos estarem congelantes o suficiente ao ponto de cairem de seus lugares.
Olhei para o teto branco, e nele algumas cortinas verde água estavam penduradas. Desci o olhar para o meu braço, uma agulha desconfortável estava enfiada dentro de alguma veia na minha mão esquerda. Mas que engraçado, meu cérebro não é capaz de lembrar um simples nome, mas sim de que tenho fobia à agulhas. Cutuquei o esparadrapo que segurava a agulha à minha pele:

-Eu não faria isso se fosse você.

Me assustei com a voz, olhando para cima e encontrando com o rosto angular e jovem que tinha visto mais cedo na loja,... E também na árvore... Ele apoiava o queixo entre os dedos compridos, e me encarava com uma expressão vazia. Mas ainda sim me encarava.

-Quem é você? - me impressionei com a minha voz quando saiu falha.

-Jeon Jungkook. E você cabelo de prata?

"O quê?... Cabelo de Pra... prata?"

-...Hãaa... - Demorei a responder.

-Hmm, parece que alguém aqui está se fazendo de difícil. - Ele diz com um sorrisinho de lado, que me irrita consideravelmente.

-Eu não... Não me lembro...

-Wow, estamos em outro nível. -disse ainda imerso na brincadeira.

-Você me conhece?

-É o quê eu estou tentando fazer agora.
-Haha... - ri amargo - É o que eu estou tentando fazer desde a loja.

Ele paralisa por alguns momentos.

-Você está falando sério?

-Eu gostaria que fosse uma mentira. - disse colocando meu antebraço livre sobre meus olhos.

Jeon alguma coisa limpou a garganta e continuou.

-Hm, você desmaiou do nada, então eu te trouxe para o hospital.

-Oh,... ok.

Silêncio novamente.

-Bem, ...obrigado...

O garoto se mexeu desconfortável em sua cadeira, como se não estivesse acostumado a esses tipos de palavras.

-Mas acho que não poderei retribuir, infelizmente...

Ele não mudou de expressão, mesmo o dizendo que não poderia pagá-lo em retorno, mas de repente seus olhos se abriram e suas sobrancelhas acompanharam, o quê me parecia, uma ideia na mente ou algo do tipo.

-Antes de tudo, acho melhor levá-lo à poli....- ele parou por um momento e pareceu repensar suas palavras - Não. É melhor não, afinal eles são imprestáveis. - ele disse mais para si mesmo do quê para mim - Eu vou te ajudar umpa lumpa.

-Me ajudar? Hmmm... - eu na verdade não queria muita a ajuda desse cara, ele parecia hm... Suspeito...Mesmo o suspeito ser eu na situação - Você não precisa me ajudar... Já fez o suficiente.

  Disse me levantando da cama, senti o que parecia uma costela quebrada, mas mesmo tendo uma tontura junto com a dor aguda, eu aguentei e retirei aquela agulha nojenta presa à minha pele, que eu percebi estar precisando de um banho.

-Obrigado por tudo. - Finalizei andando em direção à saída.

-Oi oi! Espera ai! - o ouvi chamar vindo apressado atrás de mim. -Você não pode apenas ir embora assim.

-Não? Eu acho que sim.

-Não, hã eu quero dizer...hm..

Continuei a andar até a porta de entrada, quando então parei de repente fazendo ele esbarrar em mim. Então me virei e repeti novamente:

-MUITO obrigado pela sua ajuda, mas como pode ver eu não tenho nada nesse momento para agradecê-lo, nem mesmo meu nome, e não sei também se tenho algum rim ou algo do tipo para vender e te pagar. Por isso, acho que o mais sábio é achar um posto policial. Não concorda comigo Jeon-shi?

Ele ficou uns segundos sem reação, o quê eu achei ser uma brecha para poder escapar novamente, mas ele pareceu perceber e foi mais rápido por alguns segundos, agarrando meu braço e me puxando para fora do hospital.
Ele soltou meu braço por um breve momento para retirar seu casaco e colocar por cima dos meus ombros.
Não entendi o por quê, eu ficaria tocado se fosse por causa dessa brisa inofensiva, mas acho que era mais pelo caso de eu estar no meio da rua usando roupa de hospital.
-È o seguinte, eu vou te levar comigo, para o meu trabalho, por quê você queira ou não, vai ficar sem teto e comida até suas memórias voltarem, se elas voltarem. Então você pode aceitar minha ajuda agora, e quando estiver melhor, me pagar de volta pelo salário do trabalho que você fará. Está bom pra você assim?

Eu não respondo, apenas penso na proposta do mais alto. Deixando um silêncio entre nós dois. Até que o ronco da minha barriga fala primeiro. Eu a envolvo com os braços e olho para o lado, fingindo como se nada tivesse acontecido.
Então o garoto se vira e chama um dos taxis da fila ao lado da calçada. Ele abre a porta de trás e diz:

-É difícil pensar de barriga vazia. Vamos comer primeiro e então você pode me dar sua resposta.

Eu estava a ponto de reclinar novamente quando minha barriga ronca dessa vez mais fervorosamente do que da anterior.
Então me movo emburrado até o taxi e entro, o acompanhando aonde quer que ele esteja me levando. Por que, onde mais eu iria? A não ser lugar nenhum....

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