A Morte vem a cavalo

1.4K 80 74
                                    


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

    Ateu e desinteressado, Lucas rumou por uma estrada de terra até que chegasse ao encontro da entrada de uma floresta tropical a fim de uma boa aventura com sua magrela, em busca da entrada daquela trilha habitual em meio a árvores e natureza, era algo realmente empolgante. Aventureiro, o garoto de dezoito apenas seguia seus instintos aventureiros em busca de qualquer coisa que pudesse render uma boa história posteriormente, como uma vez que encontrou uma cascavel bem grande a matou e ainda a levou para ilustrar sua narrativa. Ou como uma vez que encontrou o próprio corpo seco em uma clareira afastada.

      De fato a floresta que cercava a velha cidade do interior paulista não era um lugar muito agradável para os crentes, afinal, dali nascera história incrivelmente fantásticas sobre o corpo seco, saci Pererê, fantasmas, espíritos e outros seres, algumas dessas histórias ganhara vida da boca do Lucas, afinal, ele era um dos poucos que se atrevia adentrar o lugar úmido e escuro.

       Naquele dia estava decidido apenas a perscrutar cada canto da floresta em busca de uma boa história, e foi exatamente oque ele fez, colocou os pneus da bicicleta para derrapar no barro daquela trilha e começou a sua aventura. Pedalou por aproximadamente uma hora até alcançar uma clareira esfumaçada, de uma densa fumaça que se despregava do chão de terra. Um ambiente perfeito para que algo acontecesse algo sobrenatural ou terrível, mas tudo parecia calmo, no outro extremo da clareira havia uma trilha tão estreita e defeituosa que seria impossível descer com sua bicicleta, aquele lugar era novidade, nunca antes em suas aventuras e sede por desbravar ele chegara ali, Lucas desceu de sua bicicleta e a colocou entre alguns arbustos, mesmo sabendo que não haveria perigo de ser roubada, pois ninguém estava por ali, ele se cuidou e a escondeu.

       Ligou a câmera de seu celular e começou a filmar tudo ao seu redor, seu feeling não falhava, algo estava para acontecer e não queria perder a oportunidade de gravar e exibir posteriormente enquanto arregalasse os olhos para contar. Enquanto seu tênis derrapava na descida íngreme da trilha ele tentava se equilibrar com a câmera em uma das mãos e a outra se segurando nos galhos e troncos. Parecia que não iria ter fim aquela ladeira estreita e barrenta. Enfim conseguiu alcançar um solo reto iniciando uma caminhada mais tranquila.

      O solo parecia estar se secando a cada passo que dava, ou seja, estava perto de uma saída do interior da mata, onde o solo era bem úmido e argiloso. A escuridão da mata começava a se desfazer na medida em que se aproximava de uma forte luz que invadia por um dos caminhos. Dito e feito conseguira chegar a uma clareira em céu aberto, era uma espécie de pasto, porém muito menos, deveria haver alguns quilômetros de extensão, a luz solar entrava direto naquele buraco oval bem no meio da floresta. Estranho que não havia nenhum bicho por perto, nem mesmo um gato selvagem ou raposa. Nem mesmo borboletas voavam por ali, era como se aquela clareira, como uma imensa claraboia no centro da mata fosse evitada, nem mesmo pássaros voavam ali. Lucas registrou o fenômeno.

        Colocou o pé para dentro daquela área reservada e começou a caminhar para a única coisa estranha que se postava bem no centro do círculo de luz, era algo bem estranho que estranhamente lembrava um túmulo, ora uma caixa, e uma enorme cruz de madeira mal feita ao lado. Caminhou por entre as ervas daninhas que nasciam rente ao solo até chegar perto daquela espécie de caixa que ficava bem no centro daquela planície estranha. Arrumou a câmera para não deixar escapar nenhum detalhe, bateu três vezes contra a caixa e constatou que ela era completamente oca, que segredo ela guardava? Afinal, uma espécie de túmulo no meio de uma clareira totalmente sem vida, com uma cruz malfeita deveria sim significar algo, e não era algo bom pelo que sentia. E é claro que ele iria descobrir.

         Então com muito cuidado começou a erguer aquela caixa, levantando a cada respiração ofegante, era estranha a sensação de estar ali isolado, no meio do nada, talvez estivesse um pouco impressionado com a energia estranha que aquele lugar proporcionava, e parecia que a cada rumo que olhava havia alguém sondando seus passos entre as árvores imergidas na escuridão da floresta.

         Então de uma única vez tirou a caixa e a jogou longe, pois no mesmo instante que o fizera uma tempestade de moscas nojentas se despregava de uma carcaça humana em decomposição, parecia que era uma criança morta, enquanto as moscas sobrevoavam em todas as direções ele tapava o nariz para evitar aquele cheiro horrível. Sua mão tremia segurando a câmera, enquanto tentava afastar as moscas. Foi quando notou que no peito daquele corpo jazendo havia um medalhão, deixou de filmar para tapar a boca e o nariz para chegar mais perto do corpo e retirar aquele coração metálico e abri-lo para descobrir o que havia dentro. Quando o retirou um buraco bem no peito daquele corpo foi descoberto e a imagem foi lúgubre, enormes formigas começaram a se movimentar mesclando um borrão preto em movimento dentro de seu corpo, ao abrir o coração de metal descobriu algo que fez seus cabelos ficarem em pé, embora ele fosse ateu aquela imagem mexeu com ele de alguma forma, era a foto de uma santa, talvez a Virgem Maria ou alguma do tipo, não saberia diferencia.

         Algo estava ligando em sua cabeça, lembrava uma história ouvida quando criança de tal negrinho, mas jamais acreditou na veracidade de algo tão horrível como aquele ter acontecido. E enfim conseguiu ver seus joelhos quererem se dobrar diante do medo, o céu começou a ficar turvo e as nuvens se juntaram num cinzento ameaçador, deixando a clareira escura e os arredores da floresta mais escuros ainda, as trevas sondavam entre as árvores.

        Uma ventania dobravam as ervam daninhas criando uma força estranha enquanto os cabelos de Lucas esvoaçavam, oque estava acontecendo era extremamente macabro, era como se ele estivesse em um filme de terror, em uma das piores cenas, ou pior, em uma das cenas que antecedem uma morte. Foi quando o pior aconteceu, ele ouviu barulhos de cascos, Lucas já estava aterrorizado, os barulhos de cascos representava algo muito grande, era como se estivesse diante de uma cavalhada com centenas de cavalos, mas não havia nada ali, nada e ninguém.

        Levantou-se num pulo e começou a rumar para dentro da floresta, deveria abandonar aquilo e voltar para algum lugar seguro, para fora daquela floresta, mas quando já estava no meio do caminho daquela clareira quando sentiu algo bater contra seu peito, apenas sentiu, não viu nada, olhou para onde fora atingido e notou uma fenda aberta, sua respiração ofegante se transformou em súplicas e choro desolado, o sangue jorrava daquela fenda, não demorou muito até sentir outra patada, era como se levasse coices por todo o corpo, até que um deles foi tão forte que o jogou novamente para o meio daquele cenário macabro. Sua cabeça caiu diretamente sobre aquele cadáver que se partia ao meio, descobrindo um formigueiro lotado de formigas cortadeiras e carnívoras que imediatamente começaram a subir sobre sua cabeça.

      Tétrica aparência agora fazia sobra sobre seu corpo no chão, um garoto sobre um cavalo chegara para perto, era um belo cavalo baio, o garoto tinha apele tão escura quanto à noite, apenas ficou ali observando a cena, não fez nada, não disse nada, e foi à última coisa que Lucas viu antes que as formigas alcançassem seus olhos. Mas podia jurar que da boca daquele garoto surgira um sorriso maquiavélico.  

FOLCLORE SANGRENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora