FOLCLORE SANGRENTO

A noite na Estrada

   Uma viagem havia sido planejada por dias a dias a fio antes de ser concluída por dois casais de jovens estudantes, com muito entusiasmo as coisas foram colocadas dentro do carro, um velho fiat um ponto zero que mesmo com um motor mais fraco levava e trazia os jovens de altas aventuras pela região.

Naquele dia a aventura começaria na Sexta-feira, rumo à capitólio para um mergulho nas águas cristalinas de Paraíso Perdido e aventuras pelo canyon que tinha na região. Com grande animação os dos casais partiram da cidade enquanto o sol se punha manchando o horizonte do habitual vermelho alaranjado, com duas mochilas com agasalhos, água e alguns pertences.

Quando a noite começava a chegar o carro parou junto de uma lanchonete na beira da estrada, há mais de quarenta minutos de casa, os jovens desceram do carro em busca de fast food, em seguida colocaram as carteiras e bolsas sobre o capô do carro, era hora da habitual contagem, onde todos juntava seu dinheiro a fim de descobrirem quanto tinham para gastar e se deveriam poupar em caso de emergências.

Após fazerem este 'ritual' se colocaram novamente na estrada, a lua já acompanhava o carro e pareciam ser os únicos que viajavam para aquele lugar àquele horário, poucos carros cruzavam com seus faróis. Dois dos jovens já adormeciam quando o motorista parou o carro e os acordou:

- Agora devemos escolher, entre estacionar em algum lugar seguro e adormecer ou continuarmos, pois vamos entrar em estrada rural.

Todos resolveram se mantiver firmes e acordados para passarem pela estrada de terra cercada por cercas de arame farpado, árvores secas e arbustos. O carro passava levantando uma poeira densa para trás, enquanto o farol do carro começava a desvendar caminhos estreitos com pontes e algumas pedras.

Logo um dos jovens começou a narrar uma historia de terror, para ele, caminhos rurais combinavam com ótimas histórias de terror, era sobre um Bode que aparece nas estradas à noite correndo atrás dos veículos, o bode teria uma velocidade incrível e que a história teria sido confirmada veridicamente alguns anos antes.

Todos gostavam desta energia que as histórias de terror causavam. Logo histórias do folclore norte americano começaram a ser narradas também, tais como o Slender e Exorcismos. As histórias permaneciam num nível incrível, os jovens até começaram a fazer gestos e a mudar de vozes ara dar vida á personagens quando foram pegos por um baque surdo debaixo do carro que parou de pegar imediatamente.

O motorista já havia os alertado de que o carro estava com uma espécie de pane no sistema, e quando isto acontecia era bastar tirar os fios dentro do painel do carro e reconectar. A sensação de estarem dentro das histórias narradas minutos antes começou a fazer efeito, enquanto o motorista tentava reconectar os tais fios, sua namorada segurava a lanterna de seu celular para auxilia-lo. O outro casal descia do carro, um deles precisava fazer xixi, e assim foi feito, os dois foram para um local atrás do automóvel e nem precisaram esconder nada, a escuridão era bem intensa naquele momento. Foi aí que tudo mudou, quando o casal voltava para o carro um barulho ao longe foi ouvido, era uma espécie de uivo de lobo, porém com mais grunhidos, sem pensar duas vezes o casal entrava no carro enquanto a moça gritava, seu grito agudo e desesperador ecoaram por todos os cantos daquele ambiente rural, ao longe uma nuvem de morcegos levantou voo sobre alguns arbustos. Para ajudar um raio cortou o céu trazendo uma densa e pesada chuva.

O motorista começou a pedir calma, enquanto todos assustados olhavam para o exterior do veículo, através do vídeo não conseguiam encontrar nada que pudesse ter feito o barulho, todos perscrutavam com o máximo de atenção enquanto o motorista tentava conectar os cabos no escuro mesmo, pois acharam mais prudente apagarem todas as luzes.

Poucos momentos depois a garota no banco detrás gritava desesperada apontando para uma árvore qualquer, ninguém conseguia ver o que a garota via, porém ela parecia estar muito assustada e convicta do que via, era apenas um tronco seco de árvore, mas bastou o tronco de movimentar para que todos no interior do veículo pudessem notar que na realidade aquele tronco recortado contra a luz do luar era um corpo, um corpo com aspecto amadeirado, mas eram ossos, pele e ossos, era uma espécie de ser humano, ou talvez fosse uma caveira, seria alguém desnutrido? Ele não iria assustar tanto se não tivesse um rosto de caveira e uma altura humanamente impossível, parecia ter pelo menos uns dois metros e meio. Não, era um corpo totalmente seco, que começou a se movimentar, como se tentasse tirar suas raízes do solo fértil.

As garotas gritaram levando às mãos à boca, enquanto o motorista tentava encontrar o problema com os fios, quanto mais ele tentava, mais perto aquele ser parecia estar, agora com as mãos esqueléticas na cerca de arame farpado, pertinho de onde o carro havia morrido, o motorista conseguiu enfim ligar tais cabos, o carro automaticamente acendeu-se por completo, faróis, luzes internas, lanternas e painel, a moça no banco detrás berrou desesperadamente quando aquele corpo totalmente seco bateu contra o vidro do carro com tanta força que o quebrou inteiro, então sem pensar duas vezes agarrou a moça com as mãos esqueléticas e dedos finos e longos, embora fosse seco era muito forte, uma força sobrenatural.

O namorado da moça agarrou nela também enquanto o motorista dava partida, ele não iria solta-la, aquele ser também não estava disposto a deixa-la partir, o carro começou a desengasgar aos poucos enquanto as luzes começaram a piscar, o carro começou a derrapar na lama que havia formado na pista, mas não saía do lugar. O garoto no banco detrás instintivamente começou a lutar contra aquele ser que enfim largou a moça, mas para azar conseguiu agarrar na lataria do carro, então mais uma vez o garoto apanhou uma lanterna e a direcionou diretamente no rosto dele, ele bradou raivoso, mas largou do carro que enfim começou a se deslocar, descontrolado bateu no barranco do outro lado da estrada, a lama o fez deslizar e uma vez mais teve suas luzes apagadas novamente e o motor deixou de funcionar.

O corpo seco virou os olhos para o carro num gesto robótico enquanto começava a caminhar em direção a eles, o motorista ligava carro, dava partida em vão, engasgava, engasgavam engasgava mas nada de ligar, até que enquanto as garotas gritavam desesperada o carro funcionou novamente, o motorista sem pensar muito pisou fundo no acelerador jogando lama para trás e se movendo devagar, devagar até que o pneu encontrasse algo mais consistente e tomasse velocidade, logo se viu andando bem, então a escuridão ao fundo foi ficando mais intensa, a última visão daquele ser repugnante foi quando um raio cortou o céu e ele foi visto parado no meio da estrada totalmente imóvel, mas extremamente ameaçador.