5.

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Há sempre aquela noite que não escapamos ao pecado: se caímos no sono, nem que seja num local desconhecido, e estamos tão perdidos num sentido psicológico, não nos vamos levantar e ir embora; o que toda a gente faria, seria algo parecido a: abrir os olhos - ou apenas um -, olhar em redor, e voltar a dormir.

Foi exatamente isso que Park Jimin fez.

Ele sabia onde estava? Não. Mas importou-se? Também não.

E só quando os raios do sol, que nascera há, pelo menos, uma hora, o começaram a irritar, que o ruivinho despertou. Não quis, ainda, abrir os olhos. Limitou-se, então, a colocar o seu braço por cima da sua cara, de modo a parar o incómodo da luz.

Mas nem isso parecia ajudá-lo, pois as suas costas suplicavam por uma mudança de local. Então, como solução, apenas se virou para o lado direito, o que, até por sorte, pareceu diminuir a luz do sol.

O barulho da natureza ainda o incomodava e, quando, finalmente, se decidiu espreguiçar e levantar o tronco, arrependeu-se da maior e mais dolorosa maneira: a sua cabeça latejava, as suas costas doíam, e até os seus pés imploravam por uma massagem.

Jimin gemeu enquanto esticava as costas. Tudo parecia tão errado; o chilrear dos pássaros, o sol brilhante e a brisa suave que se faziam sentir, não melhoravam em nada os maus pressentimentos de Park.

Ele não queria abrir os olhos; não queria perceber onde estava porque, simplesmente, não queria constatar a merda em que estava metido.

Não podia evitar as lembranças da noite anterior; não eram tão certas assim, mas ainda tinha ideia de ser abandonado por Namjoon, passar algum tempo com Hoseok e com os seus amigos, ser deixado, novamente, de parte por toda a gente, e da companhia inesperada de... como é que se chamava? Jeongguk?

É, Jeongguk...

Jimin quase deu um grito quando viu um corpo ao seu lado; um rapaz moreno, com a carinha inchada pelo sono, boca semiaberta e tronco nu.

As bochechas do garoto ganharam um tom carmesim. Ele não queria pensar em nada, tentava convencer-se que foi apenas uma dormida. Mas tudo parecia tão, mas tão errado na sua cabeça. Não conseguia arranjar uma explicação para o misto de pensamentos e sensações que tinha.

Ele só queria ir embora.

E onde estava Hoseok? Ou Namjoon? Tinham-se esquecido do ruivinho?

Jimin estava ciente que sim; ele conhecia os amigos, sempre faziam a mesma porra quando iam juntos a festas. O que vale é que não acontecia frequentemente, senão Park estava, completamente, lixado.

Voltou a olhar para o garoto ao seu lado - que confirmou, já com os olhos mais abertos, que era Jeongguk. Tinha receio do que poderia ter acontecido entre eles os dois, Jimin não se lembrava de muito; estava tudo demasiado búzio na sua mente.

Olhou eu redor; tudo estava em cacos. Havia pessoas caídas no chão, cheirava a álcool, tabaco, droga e - o pior de tudo - a vómito. Park queria sair dali, sentia-se nojento e sujo; mas, por dentro, sentia-se vazio. Se lhe pedissem para explicar, ele não conseguiria.

Por momentos, apeteceu-lhe chorar; o ruivinho sentia-se tão mal: sujo, sozinho e perdido. Hoseok e Namjoon iam arrepender-se tanto de o ter levado ali.

Então, não hesitou. Primeiro, bateu levemente no tronco descoberto de Jeongguk - ainda que estivesse com um pouco de receio de lhe tocar. Como o moreno não reagiu, decidiu abaná-lo várias vezes, tendo como consequência um gemido do mesmo.

hopeless fountain ⁂ tae.ji.kookOnde histórias criam vida. Descubra agora