❪I.❫

1.5K 83 21
                                    

Porque em dias de tempestade,
nem sempre conseguirás conter
os trovões de minha mente.
Seu abraço pode não ser
a calmaria suficiente.
── ɱᎥnᥲɦ.

1. A tormenta lhe sorriu.

Atordoada. Correndo ofegante, cercada pela escuridão que cai após o entardecer. Meus pés eram mantidos sobre cárcere do mando branco e gélido que se alastrava pelo solo, antes, repletos de gramíneas e flores de diversas cores.

Agora tudo mantinha-se congelado, com o decadente e intensivo inverno. Coincidentemente, parecia que meu coração se encontrava no mesmo estado. Congelado, perdido em meio ao tempo. Podia-se comparar-se com cada riacho ali, torneados pelo gelo brilhante e maciço. Parecia não conseguir voltar a bater com tanta maestria quanto antes, que...havia desaprendido a manter o ritmo.

O descompasso do mesmo feito a marcação dos segundos de um relógio, deixavam-me apreensiva. Meus nervos mantinham-se estalando até que se pusessem a cansar. Minhas orbes escuras que eram protegidas pelos cilhos negros, rolavam de um lado para o outro, observando cada canto em meio às arvores, em busca de uma saída inexistente. Porém, tudo não passava de um borrão. Eu poderia cair dura no chão a qualquer momento, meus pés pareciam se movimentar da forma mais rápida que conseguiam, quase que de forma automática. Minhas pernas estavam bambas e mais um pouco sentia que meus joelhos tocariam o chão, exaustos.

A ansiedade parecia vir como um tapa que deixava um vergão no lado mais racional de minha personalidade. Não devia me permitir sentir aquilo! Mas quem sendo refém da mínima fagulha do medo consegue por as rédeas em seus pensamentos? Nem sempre é possível comandar seus obséquios.

O nervosismo estava consumindo e tomando parte de cada veia latente em meu corpo. O sangue rubro que corria em meio a cada artéria parecia queimar por onde passava. As gotas salgadas de suor escorriam pela lateral de minha testa, e se alastravam em um único caminho até descerem pelo meu pescoço e adentrarem por dentro da blusa que já grudava em meu corpo.

De todo o trabalho que tive até agora para manter-me sensata, parecia ter ido por água a baixo em menos tempo do que devia.

Aquilo estava a me assustar até o último fio de cabelo, enquanto o ar de meus pulmões esvaiam-se sem a mínima cautela. Estes, podiam associar-se à queimação do fogo do inferno. Era isso o que sentia. Ardiam feito a brasa da lenha da lareira.

Minhas forças não eram mais tão avassaladoras, não era possível fazer algo para evitar que continuassem a decair. Meus pés iam ceder a escuridão. Aquele que pôs-se a me perseguir até determinado momento levaria a vitória e minha dignidade impuleirada entre seus dedos sujos.

"Desperte, querida".

~♡~

O pequeno corpo da jovem sentia espasmos enquanto suava frio. Sua respiração estava ofegante e a boca entre-aberta tentava buscar oxigênio ao cérebro. Seu coração, parecia pular corda dentro da própria caixa torácica, enquanto as mãos, tremiam de forma incessante e úmida.

O cabelo negro, grudava na testa, nas bochechas, e pendia sobre os ombros feito uma cascata molhada. As gotículas do suor, e os olhos arregalados pela forma desamparada a qual acordara, fizeram a pobre garota permanecer desestabilizada. Quase permitindo-se a usar o termo "petrificada".

Buscara calmaria, enquanto apoiava as mãos no colchão macio. Pôs-se a sentar logo em seguida, dando impulso para que seu corpo permanecesse naquela posição, encostada á cabeceira atrás de suas costas. Seus olhos, assustados, só sabiam mirar à frente, de forma vazia e opaca. Sua vista, mais especificamente, pendia sobre as fotos na parede branca do quarto, colocadas recentemente.

The BeginningOnde histórias criam vida. Descubra agora