Capítulo 22

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Hoje à hora de almoço, Taehyung ligou-me a dizer que estava aqui por perto e perguntou se podia vir me visitar, desde então está aqui na minha casa.

Como sempre, a minha mãe deixou me algo para comer mas eu não tinha nada preparado para o Taehyung...

Acontece que ele ofereceu-se para cozinhar!

No início já estava a preparar-me para vestir o avental não sei bem porquê...para ser sincero eu não tenho muita experiência em culinária... Acho que confio mais nele para mexer na cozinha.

Taehyung preparou peitinhos de perú, juntou-os à alface com frutas cortadas aos cubinhos e mais um molho qualquer que ele preparou de uma receita da sua mãe.

Eu era capaz de comer a taça toda, ele fez tudo com tanto jeitinho e ficou muito bom! Nunca pensei que ele fosse tão bom cozinheiro.

Depois do almoço ficámos no meu quarto a jogar e a falar de várias coisas. Mais uma vez ele escolheu os eu username como 'V' porque dizia que estava confiante que ia ganhar, por isso era 'V' de Victory. Provavelmente eu estava só a pensar demasiado na situação enquanto ela não passava só de uma coincidência.

Jungkook? — Perguntou pausando o jogo e virando-se para mim com uma cara preocupada. — Como é que estão os teus cortes...? — Perguntou cuidadosamente.

Pensei por um pouco. Já à algum tempo que não faço algo desse género. Desde que Taehyung me começou a ajudar que as coisas têm melhorado. — Mhm...Estão a melhorar... — Menti entre dentes. Taehyung não acreditou então puxou o meu casaco para cima para olhar o meu braço onde os cortes infectados estavam.

Isto está infectado! Temos de tratar isso, Jungkook! — Disse como uma mãe preocupada. Levantou-se e sem dizer mais nada dirigiu-se para a casa de banho. Quando voltou trazia um bocado de algodão nas mãos e água oxigenada.

Está a doer?— Perguntou preocupado enquanto pressionava suavemente o pedacinho de algodão sobre os meus cortes.

Estávamos sentados no chão frente a frente enquanto ele tratava do meu pulso. — Não, não. Nadinha. — Mentira. Até os meus olhos estão a arder. Tentei esconder a minha dor e vontade de gritar o que estava a ser difícil. Não por causa do Taehyung, ele faz tudo com muito cuidado, mas sim por ser pura água oxigenada em cima dos cortes que eu nunca tratei.

Sabes, se queres gritar estás à vontade. Provavelmente está a arder, são muito profundos. — Disse sem tirar os olhos do meu pulso — Mantém o algodão aí que eu vou procurar uns pensos para tratar disso.

Enquanto ele se levantou para buscar os tais pensos à mochila dele, que estava no piso de baixo, atirei-me para uma almofada caída no chão para abafar o meu grito de dor nela e desejei que ele não tivesse ouvido.

Encontrei uns do meu irmão, deixa-me ver. — Voltou com uns pensinhos nas mãos e devagarinho pegou no meu pulso e pousou-o sobre a perna dele.

Tirou o papel protector do lado aderente e colocou sobre um dos cortes.

Eram pensos com bonecos, todos diferentes e de várias cores. Pelo menos o meu era dos Ursinhos Carinhosos com vários arco-íris e corações.

Desculpa, só há destes lá em casa... O Hyungwon passa a vida a cair e a arrastar-se pela calçada então temos uma quantidade industrial deles. - Disse passando carinhosamente e suavemente o polegar sobre o penso acabado de pôr.

Ele parecia muito preocupado... Agarrava o meu braço com muito cuidado como se fosse de vidro. Aquele penso tapava apenas um corte, ele não teria tantos pensos para cobrir toda a confusão em que o meu braço se encontrava.

Não vamos conseguir tapar todos os cortes com esses pensinhos Taehyung. Espera. Eu sei oque pode ajudar.

Levantei-me e fui ao meu armário, que estava atrás dele. Detrás da roupa pendurada em cabides estava uma pequena caixa de cartão. Tirei-a e levei-a comigo para onde eu estava sentado à segundos.

Tirei a tampa e dentro tinha todas as minhas coisas mais antigas.

Fotografias de quando era mais novo, as mais antigas tiradas na grande casa da minha infância e as outras eram na casa da amiga da minha mãe e eu era sempre a única pessoa nas fotos. Tinha também vários dos meu brinquedos preferidos e todos os meus cadernos iguais ao que Taehyung conhece só que todos preenchidos. Vi os seus olhos curiosos sobre a quantidade de caderninhos pretos que estavam na caixa. Num canto estava o que me acompanhou a infância toda e era exactamente o que eu procurava, as minhas ligaduras.

Lembras-te das ligaduras de que te falei...? — Disse com a toda a minha atenção sobre as tiras de pano que tinha nas mãos – Elas acompanhavam-me para todo o lado, não me traziam muitos amigos mas sempre me ajudaram. Sem ser o Yugyeom, ele veio ter comigo e começou a conversa com "Essas coisas que tens nos braços são fixes".

Ri levemente quando me lembrei de como foi fazer uma amizade, das aventuras que tive com Yugyeom.

Dei-lhe as ligaduras e reparei no olhar profundo que ele lhes lançou. Realmente era algo muito significativo para mim e deixá-lo colocar-mas era algo que nunca deixei ninguém fazer, nem mesmo a minha mãe. Na altura eu aprendi a colocá-las no psiquiatra, mas sozinho.

Tentou envolver o meu braço com elas mas eu conseguia ver nos seus olhos o quão perdido e atrapalhado ele estava e como tirava e voltava a colocar as ligaduras.

Espera eu ajudo-te. – Ri e mostrei-lhe como se entrelaçavam as tiras de pano sobre todo o meu braço, de maneira a que o casaco as tapasse, não podia correr o risco da minha mãe as ver. Acabo e desmancho tudo para ele tentar também.

Vejo-o assentir e deixo que ele o faça sozinho, seguindo todos os passos com cuidado e atenção para não me magoar ficando exactamente como eu lhe mostrei.

Já está! - Disse com um pequeno sorriso orgulhoso no rosto.

Ri levemente elogiando como ele aprende fácil e agradeci.

Os olhos de Taehyung brilhavam preocupados mas meigos ao mesmo tempo enquanto olhava o que tinha feito. Nunca prestei muita atenção ao rosto dele, até agora. Como os olhos de Taehyung brilham sobre a luz do sol num tom mais claro. Como a pintinha que tem no nariz se tornou tão especial e os seus lábios tão interessantes.

Ele realmente era um rapaz muito bonito. Desde a primeira vez que o vi que sempre achei que ele tinha o seu próprio charme mas sempre neguei isso, até para comigo. Agora já não tinha tanto receio para dizer isso.

Jungkook...

Sabes os teus olhos são mesmo muito bonitos. — Disse interrompendo-o. Ele olhou para cima com uma expressão confusa e a cara vermelha. Senti o meu coração disparar um pouco, ele ficava realmente fofo quando estava envergonhado.

Virou a cara para o lado evitando o meu olhar. — Obrigado... — Murmurou tirando o meu braço do seu colo. — De nada. — Sorri suavemente sem conseguir desviar a minha atenção dele.

Taehyung fazia-me sentir estranho por dentro mas ao mesmo tempo quente, como se algo estivesse a queimar dentro de mim. Um sentimento esquisito mas que eu não me importava de sentir toda a vez que estava com ele.

There Are No Happy Endings [TaeKook/Vkook] Pt-PtOnde histórias criam vida. Descubra agora