Amor de Amigo

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Ah, o amor... muitos ainda não entendem o tamanho da simplicidade desse sentimento. Muitos complicam, dizem não ser justo, ou até mesmo irreal. No entanto eu, o narrador que vos fala, particularmente, faço parte de um pequeno grupo que ainda crê em tal sentimento. Trago aqui um conto simples. Tão simples quanto é o amor. E com esse pequeno conto provarei meu ponto para vocês.

O século é XXI. Estamos agora no escritório Drummond Solution; escritório o qual o mocinho de nossa história trabalha. Samuel Drummond, mais especificamente. O moreno de olhos azuis, rapaz bonito, esbelto, inteligente, mais um membro da impecável família Drummond – a perfeição em família, um exemplo a ser seguido por todas as outras, os grandes empresários, donos de toda a cidade. Não há ser são que encontre um defeito sequer na admirável família Drummond. Bom, com exceção de Samuel, é claro.

Sua opinião sobre os Drummond nunca foi das melhores. Os considerava superficiais e narcisistas. Ao ver de Samuel, não importava realmente o que estava acontecendo dentro de sua casa; o foco de todos era mostrar para o mundo como suas empresas estavam indo bem, ou como suas viagens eram maravilhosas, ou mesmo como eram próximos uns dos outros (por mais que não se suportassem).

Mas voltando a nosso cenário: são exatamente 12h23, o que significa que logo mais todos os funcionários entrarão em horário de almoço. Já é possível notar algumas pessoas discutindo aqui e ali onde irão comer naquele dia. Algumas outras olham para o céu azul através das enormes janelas. É um belo dia de primavera lá fora. E linda como a primavera, entra pela porta principal a irmã de Samuel, Bárbara Drummond, à procura de seu "querido" pai.

Ela chegou no escritório sorridente como sempre, encantando a todos com suas mechas loiras, olhos azuis como o céu lá fora e, debaixo de seu vestido florido, uma barriguinha indicando que logo mais a tão maravilhosa família receberia um novo membro.

Bárbara foi logo rodeada por vários funcionários – basicamente, qualquer um que tivesse interesse em agradar a filha do chefe. A enchiam de perguntas e elogios, e ela, calmamente, respondia um a um, nem que fosse com um simples riso.

—Nossa, como está linda! – expressava um rapaz que de vez em quando tentava roubar a menina de seu marido. E de vez em quando conseguia.

—Nem consigo acreditar! Que sortuda que vai ser essa criança! – Disse uma funcionária qualquer que tanto Bárbara quanto seus pais desprezavam.

Samuel desligou-se daquela conversa logo depois do segundo elogio. Porém entre todo o furdunço, pôde distinguir a voz de sua irmã:

—Pois é, alguém precisava continuar a família, né?

Enquanto todos riam, sua única reação foi procurar por sua amiga de franjinha e "beleza exótica" (como ela mesma definia), Tatiana Soares; uma das poucas pessoas que não abandonou o trabalho para "puxar o saco de uma qualquer", como ela mesma diria. Seus olhares se encontraram, e sem que uma única palavra fosse dita, a fiel amiga já sabia o que deveria fazer.

Aproveitou a deixa para ir almoçar um pouco mais cedo. Ela puxou Samuel pelo braço e assim seguiu, escritório a fora, até que chegassem na aconchegante padaria da esquina.

—Desabafa. – Falou Tati, enquanto se sentava.

—Poxa, Tati, o que foi aquilo? "Alguém precisava continuar a família"? Quando é que eles vão superar isso? – Reclamava Samuel.

—Bom, não era bem isso que eu esperava que dissesse, mas já que disse, vamos lá: eles não vão. Aceita isso, Sam. Bola pra frente, é vida que segue, bebê.

—Como assim "é vida que segue"? – A voz de Samuel saiu mais alta do que ele esperava, fazendo com que a senhora que preparava o café lançasse um olhar de desprezo para eles. Tentando disfarçar, ele continuou a conversa de cabeça baixa, assim como sua voz agora – Você só fala essas coisas porque não é na sua família.

O Mais Simples AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora