A Festa

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Retomando a ordem cronológica que começamos, falemos sobre a festa. Tatiana, vendo que seu querido amigo, Samuel, tivera um péssimo encontro, o chamou para uma noitada. A jovem moça estava acostumada a ir em festas e bares quase todas as noites (diferente de seu amigo, que praticamente vivia o trabalho).

Era um belo fim de tarde naquela sexta-feira. O céu começava a escurecer. Samuel aturou sua fiel amiga o dia inteiro comentando sobre a boate em que iriam, como as festas de lá sempre eram tão maravilhosas, e as apresentações, as bebidas... Ele entrou em modo de resposta automática durante o horário do almoço e não dava mais ouvidos desde então. Só queria que aquele dia terminasse logo para que ela parasse de o importunar com toda a sua ansiedade.

"Daqui a pouco a gente sai daqui e acabamos logo com isso..."

Samuel Drummond mentalisava essa frase repetidamente, como se fosse um mantra. Enfim esse objetivo se concretizaria: faltavam apenas 3 minutos para o fim do expediente. Estava ajeitando as coisas em sua mesa, guardando alguns documentos para trabalhar em casa naquele fim de semana, quando ouviu o som de salto alto batendo no chão de madeira, cada vez mais forte, se aproximando. Tati se apressava para perto do amigo.

  — E aí, o que você vai vestir? - Disse ela, abrindo um sorriso de rosto inteiro.

— Como assim o que vou vestir? Eu pretendia ir assim mesmo...

—Tá me zoando né? Não escutou nada do que eu disse o dia inteiro?! - A morena agora estava vermelha de frustração.

A verdade é que não, Samuel não prestara atenção. Nem queria. A ideia de ir para uma boate era repugnante para ele. Por mais que desgostasse de sua família, era acostumado com suas saídas para degustações de vinho e museus, nada como uma aglomeração de pessoas bêbadas e música alta. No máximo uma reunião de alguns poucos colegas com música clássica ou jazz suave. Mas o primogênito dos Drummond não queria ser como sua família. Precisava quebrar esse preconceito e dar uma chance para a ideia de sua amiga.

— O que quer que eu use então? - Rendeu-se.

— Era essa a frase que eu esperava! - Sorridente, a garota revirava a sua enorme bolsa de ombro, procurando alguma das coisas que trouxera para seu amigo experimentar no banheiro do trabalho. - Que tal? É seu tamanho, demorei bastante para achar! - Estendeu para ele um salto plataforma tamanho 42. Preto, com spikes.

Para o azar de Samuel, foi exatamente nesse instante em que Daniel, o marido de Bárbara, passava em frente à sua sala, já que no fim daquele corredor encontraria o escritório de seu sogro; iriam falar de negócios.

O terrível cunhado, com seu péssimo senso de humor e todos os seus preconceitos reunidos apenas encarou aquela cena e soltou com um sorriso de lado:

  — Decidiu se vestir de mulher agora? Haha, olha eu não sei muito bem como seus amiguinhos coloridos se vestem, mas tenho certeza de que isso é o mesmo que pedir demissão para o papai. Muita falta de respeito mesmo... Toma vergonha na cara, viadinho

O sangue subiu à cabeça de Sam; no entanto ele deveria se controlar. Desde que se assumiu para sua familia, Daniel passou a ser mais querido do que ele. Para todos e, principalmente, para seu pai.

O rapaz seguira seu caminho para o escritório de César Drummond, pai de Samuel, deixando os dois amigos sozinhos novamente. Tati mordia seus lábios com toda a força, se segurando para não retrucar o "infeliz". Cabisbaixa, murmurou:

  — Exagerei? Bem... eu trouxe algumas outras coisas menos escandalosas, caso queira dar uma olhada...

— Ei... não fica assim, ele só é estúpido mesmo. - Tentou confortar a menina - Aliás, eu "super usaria"  isso daí, se soubesse andar de salto. - Tentou imitar a menina - Mas vamos ver as outras coisas, feito?  

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⏰ Última atualização: Aug 17, 2018 ⏰

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