Capítulo 02.

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" Às vezes, eu só tenho medo do tempo. Medo de quem ele leva e do que ele apaga... ".

(Rafael Silveira).

O medo a consumia, ela envolvia seus pequenos braços em volta de suas pernas.

A dor era grande, mas a pequena não sabia se doía mais seu corpo ou seu coração, pela falta de amor ou por ter apanhado tanto...

Com certeza a falta de amor supera qualquer dor física. Além do mais, dor física melhora, já a falta de carinho cresce, destruindo tudo que um dia existiu.

Não podia fazer nada além de esperar ele voltar, aquela pessoa que a fazia tanto mau.

[...]

Passos se eram ouvidos cada vez mais próximo, ela se encolhia mais e mais, prevendo como seria suas próximas horas.

Seu choro aumentou a partir do momento em que alguém toca seu braço, mas diferente do que pensava uma voz feminina e doce se foi ouvida.

"Está tudo bem, olhe para mim"- A mais velha fala.

A menina com medo a encara e, mesmo sem falar uma palavra consegue dizer tudo com um simples olhar.

"Tudo bem criança, vou te tirar daqui".

A mais velha a puxa para um abraço, sendo esse abraço a maior demonstração de afeto que a pequena teve em seus longos oito anos de vida.

Mais que dali um tempo não significaria mais nada.

[...]

Já no carro da policial agora intitulada como Rebecca, a menina comia um simples pão, mesmo sendo apenas um pão ela comia como se fosse a melhor coisa do mundo.

Durante os anos que ficou trancafiada no local não comia muito e o que comia era simplesmente horrível.

"Anjo, qual o seu nome?".

A policial pergunta depois da criança ter comido.

"Ta... Ta... Tayla, meu nome é Tayla".

"Que nome lindo pequena".

"... Eu te amo Becca".- A garota fala.

"Becca?".

"Não gostou? Des... desculpa".

"Eu adorei Tay, e eu também te amo".

"Você vai me machucar?".

"Claro que não".

"Então Becca, eu te amo de verdade".

[...]

Rebecca estacionou o carro em frente a delegacia.

As duas saíram do carro e entraram em uma  das sala.

Tayla havia gostado de Rebecca, mais achava estranho tudo o que estava acontecendo.

A garota sentou na cadeira que tinha ali e fitou o chão, lembrando de tudo que já havia acontecido com si mesma, estava tão concentrada que não ouviu a conversa de Becca com a assistente social.

"Ela vai para o orfanato?".

"Sim ela irá".

"Eu poderia ficar com ela?".

"Poderá ficar com ela se for aprovada pelo sistema, por agora ela terá que ficar no orfanato".

"Ok, mas... vamos ver isso o mais rápido possível, não quero ela em um orfanato, Tayla já sofreu de mais nessa vida".

"Claro".-Concordou a assistente.-"Tayla... Tayla".-Chamou um pouco sem paciência.

Tay saiu de seus devaneios e olhou a assistente.

"Você pode me acompanhar até o carro?".

"Não".

"Por que?".

"Você vai me devolver para ele, E EU NÃO QUERO VOLTAR 'PRA ELE, ELE É MAU!

"Claro que não, você vai para um lugar cheio de crianças para brincar".

"MENTIRA É MENTIRA... Pessoas são más...".

A criança não terminou de falar pois chorava muito.

Com esse pequeno deslize a assistente pegou o braço da garota e começou a puxa-la para o carro.

Tayla chorava muito, ela não queria ir com a moça, queria ficar, queria ficar com a Becca.

Já dentro do carro, a garota ficou mais desesperada batia no vidro pedindo ajuda.

Passou um tempo cansou de bater no vidro então só chorava.

Chegando no orfanato a assistente abre a porta do carro e Tayla sai de dentro ainda chorando.

Entrando no orfanato ela percebeu o olhar curioso das crianças e adolescentes sobre si, ficou envergonhada e olhou para baixo.

"Tayla olha para mim".-Falou autoritária.

No mesmo momento Tayla olha, tinha medo de apanhar como antes.

"Fica aqui eu já volto".

"Você não vai voltar, né?

A assistente a olha estranho.

"O que?".

"Meu pai me disse a mesma coisa... e nunca mais voltou".

"Eu só vou ali, a Talila vai ficar aqui com você".

A assistente saiu e uma garota se aproximou.

Ela era adolescente tinha uns 15 anos era baixa tinha cabelos enrolados e era morena, linda na visão de Tayla.

"Oi, eu sou a Talila mais pode me chamar de Lila".   

"Oi".

"Qual o seu nome".

"Tayla".

"Nome bonito".

"Obrigada".

"Você não é de fala né".

"Não sou acostumada com pessoas em volta de mim, sempre fui sozinha".

"Ok... você quer que eu cuide de seu machucado?".

"Machucado?".

"Sim, esse aqui".

Disse apontando para o braço de Tayla.

"Não é nada".

"Nada? Isso 'ta bem roxo".

"Já tive piores".

"Quantos anos você tem Tayla?".

"Oito".

"É... você quer conhecer o orfanato?".

"Pode ser".

" O tempo tem uma forma maravilhosa de nos mostrar o que realmente importa ".

(Caio Fernando Abreu).

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Aceito críticas construtivas. Até o próximo capítulo. 

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