2 - A análise no metrô

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Ao terminar minha tese, pude observar a grande influencia das pessoas sob as próprias. Algo que descreve a importância de se perceber que tipo de impressão causamos nos outros. Ela é de fato positiva?

Pensando assim, surgiu em mim um desejo de iniciar mais uma das minhas sessões de observação.

Hoje, como saio mais cedo da universidade, tenho uma parcela de tarde livre. Aliás, tempo interessante para que possa andar de metrô pelas ruas e avenidas mais movimentadas da região, horário de pico, talvez?

...

Andando até a estação que não é tão longe, talvez uns duzentos metros de onde estou, recebo uma ligação, é Valentina, minha colega de quarto.

Nós vivemos a algumas quadras da universidade, o que facilita a locomoção. Moramos em um pequeno apartamento que cruza uma das avenidas mais agitadas do centro. (Algo bastante compreensível devido ao intenso comércio, acompanhado pelos diversos centros de estudos espalhados).

Me mudei há quatro anos e assim, como em todo início de primeiro ano letivo, estava a encarar um período difícil, financeiramente, eu diria.

Valentina se mudou há três. Um ano depois de meu ingresso, ela cursa Gastronomia e devo admitir que é um grande prodígio, já que de minha parte, só ovos queimados, assim como a carne da terça passada. Tudo bem! Devo adimitir que tirei a sorte grande logo quando ela se mudou. Dividimos as despesas e levamos uma vida rotineira, com finais de semana salvos, graças as visitas matinais de sua família.

Já de sua parte, costuma dizer o contrário, afinal, conselhos, mesmo que por vezes ignorados, sempre lhe foram úteis e talvez, alguns, bem utilizados.

Voltando a ligação ela me disse que não chegaria a tempo para o jantar e eu concluí que um jantar fora seria bem mais pertinente do que ovos queimados. Não concorda?

- Me desculpe Júlia, estou atarefada, não conseguirei chegar a tempo! - repetia, enquanto eu já imaginava as suas duas mãos juntas, apoiando apenas o celular no ombro(Típico dela).

- Tudo bem, não se preocupe, eu me viro! - falei já imaginando o desastre na cozinha.

- Tem certeza? - perguntou com uma possível cara de desdém.

- Ah, claro! Certeza! - respondi encerrando a ligação.

(...)

O que farei? Simples, usar minha última mesada do mês para pagar um "último" jantar descente(Preciso arrumar emprego!)

Mas como disse, a caminho da estação. Ou já na estação(Como de costume, falar ao telefone me embananava toda).Guardo o celular e me sento em um dos bancos, recém desocupado.

Poxa, é cinco da tarde e já estão começando a euforia!

Isso me lembra a minha vontade incessante de observar um grande número de "pacientes", então já calma compro uma garrafa d'água com algumas das moedas jogadas na bolsa e continuo a olhar a paisagem abarrotada mais uma vez por ocupados, incessantemente trabalhadores sem botões de pausa.

(...)

- Parecem robôs! - dispara a senhora ao meu lado.

- Desculpe? - respondi confusa.

- Robôs! - completa um outro senhor ao lado da mesma.

- Sim, eles parecem - afirmei entendendo que a pessoa a quem se dirigiam era eu - Robôs prontos para o trabalho, ou até voltando do mesmo -completei - Esse sempre é um horário de "pico"?

- Sim! A senhorita não é daqui? - perguntou a senhora.

- Sim! Bem...não, vim a estudos, mas não tenho muitas oportunidades para pegar um metrô, moro perto do meu local de estudos.

Psicologia da Vida - Samara FrançaOnde histórias criam vida. Descubra agora