(...)
Às três da tarde de um sábado extremamente chuvoso, saí em busca de um novo caso - quero dizer, "paciente". E em mais de uma observação, gostaria de relatar um acontecimento um pouco estranho.
Há dois dias percebi que na biblioteca onde trabalho - Sim, finalmente consegui um emprego! (Que na verdade é mais como um passatempo nos finais de semana. Afinal de contas, estou sempre em busca de uma breve oportunidade para ler alguns de meus livros favoritos).
Mas continuando, quero dizer que minha companheira de trabalho - bibliotecária - anda um pouco estranha. Eu diria que a mesma guarda um segredo. Um segredo que lhe faz muito mal. Pelo que percebi.(Visivelmente) Nesses últimos anos de estudo, a psicologia me fez querer investigar a vida das pessoas com mais sutileza. A riqueza de detalhes que uma história tem por trás de si são infinitas, assim como as suas dificuldades meticulosas.
Às vezes é tão difícil de se segurar, que mesmo sem querer, as pessoas deixam transparecer toda a sua insegurança, medo e frustrações, corriqueiramente a rotina transborda desconfiança e descontentamento, que por vezes é deixado de lado e substituído por "É a vida" ou " Fazer o quê?"Como se na verdade não tivessemos escolha sob as nossas próprias decisões.
Porém, deve-se deixar em evidência: Não precisamos guardar tudo para nós, nem sempre é o que parece e chorar, gritar e assumir as adversidades não é fraqueza e sim coragem!
Somos responsáveis pelas nossas próprias escolhas e podemos mudar a qualquer hora ou minuto.
E ser forte significa - ter a capacidade de ultrapassar as montanhas mais altas, mesmo quando elas não parecem ter mais fim...(...)
- Júlia! - grita aliviada.
- Fernanda, como vai? - pergunto me aproximando.
- Bem, muito bem e você? - diz a contragosto.
- Estou ótima! Precisa de algo? - digo sentando-me a mesa, antes ocupada por ela.
- Não, obrigada - fala fazendo menção de sair.
- Sabe que se precisar, estou aqui, você sabe, certo? - falei a fitando de maneira indutiva e ao mesmo tempo, preocupada.
- Claro! - sorriu, pálida.
- Fernanda? - chamei.
- Sim.
- Você caiu? - perguntei, desconfiada.
- Ah...isso... - falou escondendo com a mão uma marca roxa no braço esquerdo - Não foi nada...estava arrumando as prateleiras e...
- Elas caíram em você?
- Foi, foi exatamente isso! - falou saindo da sala - Tenho que ir, Júlia, estou muito ocupada!
Você já entendeu a situação?
Uma semana depois e adivinha? Mais uma queda. Acredita que uma pessoa pode ser tão desastrada? Não, não pode. E mesmo tirando por mim, às vezes, nem eu caio ou me machuco com tanta frequência( E olha que meu senso de direção não é um dos melhores).
Bem, eu não podia deixar que isso piorasse, afinal tudo estava tão claro e absolutamente insustentável, por isso cheguei a uma conclusão. E ela estava mais que decidida.
- Posso falar com você? - perguntei.
- Sim, pode. Mas...seu horário começa daqui à uma hora...
- E por isso vim mais cedo, se não fosse eu não estaria perdendo o meu tempo Fernanda(Poderia eu estar tirando uma soneca?)
- Eu entendo e sei muito bem sobre o por quê de ter vindo... - falou tímida, porém confiante.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Psicologia da Vida - Samara França
RandomUma jovem estudante de psicologia, um cenário aleatório e uma bela história para se contar... ...Tudo começa com uma tarde, um banco, uma praça e uma simples observação. O que levaria o vendedor dar de graça as suas mercadorias? O que isso implic...