Prólogo 1 (Ana Cecília )

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Ana Cecília Meireles, era seu nome, um nome tão bonito, quem vê até pensa que ela era de família rica ou algo parecido, mais não, ela vivia no meio do nada com seus pais desde que nascerá , em extrema penúria, tudo na vida dela dava errado desde sempre, a única coisa que a confortava era saber que ela era filha única, não que ela não quisesse ter irmãos, mas se só com três pessoas morando na quele casa já era difícil de se sobreviver, imagine só se ela tivesse irmãos?!

Apesar de tudo o que ela passou na quele lugar, ela gosta tá muito dali. Seus pais não tinham condições de dar a ela tudo o que ela precisava muito menos o que ela queria, mas eles a enxeram de amor, carinho e atenção, eles ensinaram a ela os princípios básicos do ser humano. Lá naquele lugar tão simples e pobre foi  onde ela passou os melhores momentos da vida dela.

Ela costumava falar que " Se algo está ruim, não a possibilidade de piora ", mas ela estava errada. Quando ela tinha seus 11 anos de idade, sua mãe foi diagnosticada com câncer de pulmão, porém ela foi diagnosticada tarde de mais o câncer já tinha se desenvolvido, e estava em estado terminal, não dava mais para salvar a vida dela, o que restava era espera a sua morte. E foi exatamente isso que eles fizeram, a pedido de sua mãe.

Ela morreu três meses depois de descobrir que estava doente, e foi enterrada sem amenos um caixão eles não tinha o dinheiro para compra-lo e a prefeitura não liberou um mísero real para ajuda-la, mas Ana Cecília ficou indigitada como isso, sua mãe a mulher que lhe carregou durante nove meses em seu ventre, agora morta e sem direito a um caixão? Na mesma hora percebeu que o dinheiro na sociedade era mais importante  do que a memória de alguém, e pela primeira vez desejou estar morta. Ela não foi no " enterro " de sua mãe, porque não iria conseguir ver sua mãe enrolada em um lençol velho sendo jogada dentro de um buraco qualquer.

Um ano depois...

Agora tudo o que estava ruim piorou, e Ana jurou a si mesmas que nunca mais iria repetir aquela frase. Com apenas 12 anos e mentalidade de 20 Ana teve que se dobrar e desdobrar para aprender  sozinha a cuidar de todos os afazeres domésticos da casa. Seu pai aos poucos foi se afundando no álcool, mais e mais,  a cada dia ela desconhecia o homem que a criara durante toda sua vida, o que a ensinará várias coisas, coisas que talvez ele já tenha esquecido por causa da bebida.

O tempo foi passando, e as coisas piorando, tinha dias que Ana não comia nada, não por opção mas porque não tinha nada para comer, até que um dia ela tomou a decisão de conversar com seu pai bem sério, ela já não aguentava mais essa situação atual ela estava se submetendo obrigatoriamente.

Uma noite ela decide que vai falar com ele custe o que custar, ela se senta no sofá a espera dele. Ele demora quase três horas para chegar, mas ela permanece ali o aguardando com a idéia fixa de falar com ele.

Quando ela esculta a o barulho da porta, em um reflexo involuntário ela levanta só sofá rápido e vai para frente da porta e ajuda a abri-lá. Quando o seu pai a ver ele abre um sorriso diferente, um sorriso malicioso, um sorriso que não era o dele e Ana por um instante fica com medo do que seu "pai", mas não demonstra e permanece com o olhar firme.
 
- Papai, eu preciso falar com você. Agora

- Filinhaaa, como você está linda, tão parecida com sua mãe - sua voz estava molenga da bebida- muito mesmo. Mas agora se você me der licença eu vou direto pra cama, tô muito cansado.

- Não você não vai sair  daqui até eu dizer tudo  que eu tenho para falar.

- Pera aí, eu sou o pai aqui - ele fala isso batendo a mão no peito, e quase caindo para traz - e eu digo a hora que devo ir  pra cama.

- Você era, você foi, agora é só um resto Oi pelo menos o que sobrou de um - por mais que aquilo doesse ela tinha que fala, ela estava sufocando com aqueles pensamentos todos - só isso.

- Eu sei que depois que sua mãe eu mudei um pouquinho.

- Um pouquinho? Você não acha isso um pouco de sarcasmo de mais - ela soltou uma risada muda.

- Eu sinto tanta saudade dela filha! Você não faz idéia da barra que estou tendo de enfrentar nesses últimos meses.

- Ah sim eu posso imaginar sim, você não tem noção de como minha imaginação e fértil, alias eu posso até fala para você como tá sendo "difícil " você sair para beber todas as noites gastando o dinheiro que não temos em bares.

Ao falar isso seu pai tomou fôlego e sentou no sofá velho e rasgado que havia na na casa.

- Ana, sua mãe nos deixou a  pouco tempo e eu não podia ficar sem ela não agora não com você tão jovem, eu não tenho estrutura para cuidar de você sozinho.

- Eu o que? Beber te dá a "estrutura " que você precisa? Porque se te der nos paramos nossa conversa por aqui e eu vou dormir porque amanhã eu tenho um dia cheio!

- Não, não me dá estruturas, mas me ajuda a enfrentar isso. Sabe o mundo não é cor de rosa, temos contas para pagar, temos a que se alimentam... mas não tá dano.

- Para! Eu já sei que o mundo não é cor de rosa deis  do dia enque nasci! E as contas para pagar, pai como você vai fazer isso bebendo? E tem outra, para de se esconder por traz da minha mãe, ela já não está mais aqui pai! Tá na hora de você encara a vida como ela realmente é. - ela deu uma pausa longa respirou fundo e continuo - Ela morreu, e você tem que aceitar isso, eu também sinto falta dela, mas milhares de pessoas morrem todos os dias e o mundo nunca parou por isso, você beber não vai trase-lade volta.

-Você Acha que sua mãe iria querer que discutisse dessa forma?

-Agora pensa no que ela iria querer?

-Ah.....- ele ia falar algo mais não conseguiu.

- Os mortos não querem nada!

Um silêncio se instalou pela casa Ana Cecília que já estava cansada não resistiu ao sono e foi se deitar. Quando encostou sua cabeça no travesseiro teve uma sensação que talvez nunca tinha sentido antes, uma sensação de dever cumprido.

Um mês depois...

Ana Cecília nunca tinha visto um velório tão vazio, na verdade nunca foram a um velório de verdade, não pode ir ao de sua mãe, não consegui.

Havia  só sua tia, irmã mais nova de seu pai, casada recentemente, sua única parente viva, sua única família agora , que ficou órfã de mãe e pai.

Seu único pensamento era de como seria sua vida de agora em diante, passaria fome novamente? Ou teria uma vida normal? Esta sentido uma mistura estranha de medo e ansiedade. Mas ela era forte e sentia que o que acontecesse como ela de agora em diante seria consequência de suas escolhas.

Segredos de duas vidasOnde histórias criam vida. Descubra agora