A viagem de São Paulo a Lisboa foi tranquila, dormi praticamente o vôo todo, ao chegar em Lisboa a imigração foi super rápida, muitos guichês abertos, na realidade o único inconveniente foi o caminho do portão de desembarque até a imigração e depois até o portão de embarque para Lyon, eu senti como se tivesse indo de São Paulo ao Rio caminhando.
Lyon, terras francesas, aterrizando com vocabulário português, a Tap sendo uma empresa aérea portuguesa falou português o vôo todo, super tranquilo e fácil de comunicar-se. No desembarque já não havia imigração, pois a fiz em Lisboa (ótimo, pois foi em português também). No entanto, sair do avião foi fácil, seguir as placas com informação em inglês simples, o primeiro desafio foi o carrinho de bagagem.
O carrinho de bagagem precisava de uma moeda de 1€, mas eu tinha apenas notas de 5€ para cima, pois troquei no aeroporto, e nunca imaginei precisar de uma moeda daquelas, foi quando uma senhora que viu meu problema me deu uma moeda de 1€ , eu quis trocar pela nota de 5€ , mas ela disse qualquer coisa, sorriu e seguiu, compreendi como um pode ficar.
Logo após foi o momento de pedir informações, balcões de informações dentro de aeroportos sempre falam inglês, mas este não, nem inglês, nem espanhol, nem italiano, nem português, então usei a linguagem lógica: "Táxi ou Train" e apontei para as bagagens, o moço sorriu e disse taxi, e resolvido.
O hotel era ótimo, simples, com banheiro do lado de fora dos quartos, mas muito limpo e cuidado, Etap-Hotel em Villeurbanne. Fiquei cinco dias neste hotel, tempo necessário para terminar a documentação do stúdio que aluguei do Brasil, que de maneira interessante precisa de um comprovante bancário francês para fechar o contrato e o banco precisa de um endereço fixo na França (não pode ser hotel) para abrir uma conta bancária, mas como meu visto era de pesquisador convidado tudo resolveu-se facilmente, além do que o gerente não compreendia nada do que eu falava e eu o entendia levemente, como se estivesse aprendendo a língua francesa por osmose.
Já estávamos em meados de junho/2012, Lyon é sem dúvida uma cidade linda, depois de acertada a burocracia francesa, que é dotada de muitos papéis, pude ver a cidade com mais calma, era início de verão, um sol quente acolhedor, fui caminhar por um parque grande e bem famoso, o Parc tête d'or.
O parque era realmente grande, estava caminhando quando começou um temporal de verão eu fui correr para baixo de algum abrigo, mas curiosamente notei que as pessoas ignoravam a chuva e continuavam a caminhar e fazer seus afazeres pelo parque, foi uma experiência interessante, pois fiz o mesmo que elas e adorei.
Fiz amizade com outros engenheiros e acabei descobrindo um brasileiro que estava fazendo doutorado na INSA (uma faculdade de engenharia localizada em Lyon), Renato, um menino bonito, de boa família, nordestino, mas de pele clara, estatura em torno de 1,75m, olhos castanhos e uma boa estrutura física. Ele havia ido para um estágio durante a graduação e depois retornou para fazer mestrado e ficou para o doutorado.
A partir de Renato descobri um mundo de brasileiros em Lyon, desde restaurante com boa feijoada, há grupos de brasileiros formados com o objetivo de lembrar o que era ser brasileiro, acolhedores, alegres, e bons de garfo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu era brasileiro...
Non-FictionHistória baseada em fatos reais de imigrantes brasileiros que partem para a Europa em busca de sonhos, mas na verdade encontram um mundo diferente do que esperavam, cheio de desafios, dificuldades e paixões sorrateiras.