Não entendo.
Como isso aconteceu?
Estava tudo indo tão bem, tão... Perfeito.
Até algumas horas atrás.
Não creio que tudo isso aconteceu por causa de algo tão bobo.
Não era pra nós dois aproveitarmos nosso dia de natal no shopping como sempre fizemos?
Talvez... Talvez a culpa seja minha.
Se eu não estivesse tão convencida de que você estava olhando pra aquela garota.
Se eu não tivesse te deixado no vácuo durante todo esse tempo.
Se eu tivesse te dito que eu te amava mesmo depois de tudo aquilo.
Isso não é justo.
Não posso crer que isso seja a realidade.
Eu sei que você ainda está aqui.
Eu sei que você não pode ser aquela pessoa no hospital.
Aquela pessoa que todos os médicos disseram que não tinha chances de sobreviver.
Por quê?
Por que você veio?!
Naquele dia, naquela chuva.
Você devia saber que algo ia dar errado.
Você não merecia isso.
Não mesmo.
Você é meu, e só meu.
Porque sequer desconfiei que você podia ser de mais alguém?
Minha mãe está no telefone.
Por que será que ela está tão triste?
Ela está olhando pra mim, meu amor, com lágrimas nos olhos.
Não quero acreditar no que ela está me dizendo.
Eu sei que só pode ser mentira.
Não pode ser real, não pode.
Ela diz que você morreu.
Que você morreu depois de bater o carro contra aquele bêbado do meu vizinho hoje mais cedo.
Que você morreu, depois de me pedir desculpas e me dar meu presente de Natal, junto com um último beijo pouco antes de você entrar na ambulância.
Ela está mentindo.
Não é?
Me diga que sim.
Por favor, me diga que sim.
“Isso lá é Natal?”
Eu me pergunto, abraçando meu coelhinho de pelúcia.
Ele está sujo de sangue.
Do seu sangue.
O sangue que você derramou naquela hora.
O vizinho pediu mil desculpas.
Ele não sofreu nem um arranhão.
Como pode?
Como pode isso ter acontecido?
Logo na noite de Natal.
Você se lembra, meu amor?
Das noites quando você subia a árvore na frente da varanda do meu quarto e ficava comigo até de madrugada?
Dos dias quando nós saíamos pro parque e nos sentávamos na grama e olhávamos os velhinhos passarem correndo?
Das horas que passamos com você me explicando a bendita matéria de física que eu não entendia?
Ah!
Olha você aí!
Eu sabia que você não tinha morrido.
Você está bem aqui, na minha varanda como sempre.
Eu sorri e abri a porta pra você entrar.
Por que você não entra?
Meu amor, por que você está tão transparente?
Você me beijou,
Um beijo tão triste, mas ao mesmo tempo tão feliz.
Você segurou o meu rosto como sempre fez e beijou meu nariz como fazia quando éramos crianças.
Meu amor, por que está chorando?
Essas lágrimas não combinam com você.
Você que sempre me consolava quando eu estava triste.
Você que sempre tinha um sorriso estampado nesse seu rosto lindo.
Você está desaparecendo.
Espere!
Não vá!
Por favor, meu amor, fique!
“Adeus, minha flor”
Essas palavras passaram por seus lábios, tristemente.
Meu amor, você não está mais aqui.
Todo mundo disse que você se foi.
Então por que esse coelhinho que antes estava tão triste,
Depois que eu o costurei e o lavei e o abracei e o beijei,
Está com o seu lindo sorriso estampado no rostinho pequeno?
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Merry Christmas?
ParanormalOne-Shot Natalina (será?) ---- Isso lá é Natal? Eu me pergunto, abraçando meu coelhinho de pelúcia. Ele está sujo de sangue. Do seu sangue. O sangue que você derramou naquela hora, por minha causa.