De todos esses anos, este, Aurora, este fora o pior.
O pior ano porque eu te conheci.
Porque eu me apaixonei.
Porque eu morri, literalmente, por você. E acredite, não só de amor.
Porque você me matou, Aurora. E de uma forma tão cruel. Tão fria. E tão triste. Você foi embora sem ao menos se despedir, ou dizer o porquê de estar indo. Você simplesmente pegou sua mala de cores bizarras e partiu, deixando assim também um coração partido. O meu coração.
E por vários dias, várias semanas, vários meses eu me questionei sobre o porquê de você ter ido. Era por que eu sem querer deixava a toalha as vezes em cima da cama? Ou por que eu simplesmente esquecia do que me pedira para fazer?
Não. Não era. E eu soube disso. Soube quando sua carta fora entregada em minhas mãos. A mesma carta em que você dizia que sentia muito por ter ido embora, mas que não sabia como me dizer o que havia de errado, então simplesmente fugiu. E por fim, disse que me amava mais do que tudo.
Mas que nunca mais me veria novamente.
Pois você estava morrendo.
Você realmente estava morrendo, Aurora.
E não queria me ver sofrer.
Só que, Aurora, você só adiantou o inevitável.
E eu te odeio tanto por isso! Eu te odeio tanto por ter partido. Por não ter dito nada. Por não ter acreditado nas palavras que eu dissera quando dizemos o nosso primeiro eu te amo.
Você lembra?
— O quê você está fazendo, Caleb?! Me solta! — Aurora pedia entre gargalhadas gostosas para que eu parasse de fazer cócegas em sua barriga, embora eu continuasse a negar, rindo freneticamente.
Portanto minhas mãos haviam se cansado, então parei de fazer as malditas cócegas e fechei meus olhos, respirando fundo em seguida, e agradecendo a Deus por ter você. Quando meus olhos se abriram, Aurora, eles se encontraram com os seus. Com os seus pequenos olhos castanhos. Os mesmos olhos castanhos que me deixava hipnotizado, tanto quanto o resto de seu rosto.. Tanto quanto o resto de seu corpo. E eu sorri.
Você era tão linda, Aurora!
E quando eu vi que me olhara do mesmo jeito eu sorri mais ainda, porque eu sabia. Sabia que você me amava também. Então eu souber que aquele momento, o nosso momento, era o momento perfeito para que eu te dissesse que:
— Eu te amo, Aurora.
Você permaneceu do mesmo jeito. Seu sorriso não havia diminuído ou aumentado. Você só continuou a me olhar, como se estivesse me analisando. Analisando nossas vidas.
Você então pousou uma de suas mãos, com tanta delicadeza, em meu rosto, suspirando em seguida e dizendo:
— Eu te amo, Caleb.
E eu soube que era verdade quando você disse, Aurora. Porque eu conhecia você o suficiente para saber quando estava mentindo e, quando estava falando a verdade. E você estava, definitivamente, falando-a.
Daí em diante prometemos que nunca deixaríamos alguêm ou algo atrapalhar o que existia entre nós. Portanto você quebrou essa promessa, Aurora. E eu te odeio tanto por isso.
Odeio tanto por você ter partido.
Por ter me deixado.
Por não ter se despedido.
Por simplesmente não ter me contado.
Mas eu também me odeio. Me odeio porque eu não consegui ver o que estava acontecendo com você. Por não ter perguntado se estava tudo bem conosco. Por não ter perguntado se você estava bem. E me perdoe por isso, Aurora.
E tambêm pelas outras milhares de besteiras que eu fiz.
Principalmente pelo Toby.
Nosso cachorro, se lembra?
Aquele que eu havia comprado depois de nossa conversa totalmente estranha sobre termos filhos algum dia. Aqueles dos quais eu dizia que nunca teríamos.
Mas que no fundo, Aurora, era uma das coisas que eu mais queria ter, com você.
Aquele que eu havia adotado porque eu queria que vêssemos como sairíamos como pais.
Quem eu estou enganando? Como eu me sairia como um pai.
E não, não estou pedindo perdão por ter adotado aquele animalzinho que amàvamos muito, Aurora, longe disso, mas sim por ter perdido-o. Eu o perdi. Deixei aquela maldita porta aberta, aquela porta que só você conseguia fechar, porque só você, sempre, arranjava um jeito, uma estratégia.
Você era como a peça do tabuleiro que andava mais casa, Aurora. A peça que era mais útil. Que valia mais. Que não poderia ser morta, nunca, pois, você, era a peça fundamental do jogo. E sem você, o jogo era apenas um jogo. Um jogo imprestável.
E sem você, Aurora, a vida é apenas uma vida.
Uma vida imprestável.
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COMO VOCÊ ME MATOU, AURORA
Historia Corta"De todos esses anos, este, Aurora, este fora o pior. O pior ano porque eu te conheci." Capa feita por @AnaVitoriaAv