Capítulo 1

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Seja a mudança que você quer ver.

Uma vez, havia um homem de origem indiana, chamado Koulu Tuhonnut vagando pelas ruas, numa noite qualquer, quando num surto de raiva e agonia ele decidiu caminhar em meio a uma rua abandonada que dava acesso a uma estrada de terra, afastada de qua...

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Uma vez, havia um homem de origem indiana, chamado Koulu Tuhonnut vagando pelas ruas, numa noite qualquer, quando num surto de raiva e agonia ele decidiu caminhar em meio a uma rua abandonada que dava acesso a uma estrada de terra, afastada de qualquer parte da cidade. Naquele momento, ele parecia sentir apenas uma vontade chorar, como se sucumbisse em desespero, foi quando se deitou no chão frio e começou a olhar para o céu se perguntando o que tinha o levado até ali. Nesse instante, se depara com uma menina estranha de cabelos e olhos escuros, de uma expressão muito séria, ela se aproximou dele, como se estivesse a procura do rapaz, olhou para ele e disse:

- O Sr. que deixou aquela garrafa jogada ali?

Revoltado, Koulu não pensou duas vezes antes de responder:

- Sim, foi eu mesmo! De que isso importa? Tanta coisa errada nesse mundo e você vem me perguntar sobre uma garrafa jogada no meio do nada?

Ela sorriu, discretamente e disse:

- Desculpa... erro meu. Mas deixa eu te fazer uma pergunta senhor... se não começarmos a arrumar o "mundo" de algum lugar, como que as coisas erradas irão se resolver? Está esperando algum milagre?

Koulu ficou sem palavras e começou a enxugar as lágrimas, tentando parecer forte, naquele momento, tentou respirar profundamente e respondeu:

- Já não sei se acredito nessa ideia moça... de que o "mundo" tem solução... Sei que sou novo, como todos dizem: "tenho muita coisa para viver" mas as vezes... só não aguento mais esse mundo... Todo dia é a mesma coisa... Parece que estamos vivendo em uma máquina, todos os dias temos que nos ajustar as engrenagens e não importa o quanto tentamos escapar, no fim, a sociedade ainda vai nos dizer que temos que fazer mais! Nessa busca de engrandecer esse sistema, nos tornamos adubos, entregamos nossa alma de bom grado em troca de alguns meros centavos...

A menina se entristeceu com as palavras de Koulu, respirou fundo, deixou a garrafa no chão, sentando ao lado do pobre rapaz e disse:

- Difícil não se comover com essas suas palavras... por muito tempo me sentia como você... eu não sabia dizer quantos amigos tinha, ou simplesmente o que significa ser amigo de alguém... Como se todos tivessem se ajustado a essa maquina que você descreveu e eu tivesse tentando fugir. Entretanto, porque você põe a culpa sobre o mundo? Quem é esse tal "mundo" que não tem salvação? — Aliás, meu nome é Mokita, senhor.

Ainda revoltado, mas de alguma forma tranquilizado, por ter se sentido acolhido de um jeito especial nas palavras de Mokita, como se finalmente tivesse encontrado alguém que o tivesse entendido, Koulu olhou para o céu e respondeu:

- Prazer, eu me chamo Koulu... Bom, acredito que a culpa é do mundo sim... dessa sociedade capitalista... Dessa precupação exagerada com títulos, status e as aparências. Parece que nos esquecemos do que realmente importa... Olhe para o céu, quantas estrelas mortas conseguimos ver? Difícil contar né? Mas logo seremos mais uma e o que vamos deixar? De que vai valer toda essa "riqueza" descrita em pedaços de papel...

- Verdade, a sociedade é complicada mesmo senhor, mas você não é parte dela? Não é um Ser que pode mudá-la? Aliás, o que realmente importa para você Sr. Koulu?

- Não sei dizer ao certo mokita, talvez não me entenderia ou simplesmente eu não teria palavras para expressar o que sinto... Mas me importo com as pessoas e a Vontade. Porque não podemos escolher nossos próprios caminhos? Me sinto tão preso! Preso a um sistema que não tem rosto, que não tem planos e que não espera nada das pessoas, me sinto consumido, como se fosse um escravo de uma entidade que supostamente deveria nos proteger. Mas não somos nós que servimos a ela? Já não consigo mais olhar para o mundo com a mesma inocência e achar que o simples fato de ter uma carreira de "sucesso" pode ser o suficiente pra fazer alguma diferença.

Nesse momento, mokita chorava sentindo a dor de Koulu e parou para observar o céu ao seu lado, após alguns minutos olhando para o céu ela disse:

- Como você imagina que deveria ser o sistema? Digo, se você pudesse mudar qualquer coisa no mundo, o que você mudaria?

Koulu ficou surpreso com a pergunta sentindo que Mokita estava realmente levando a sério suas palavras, parou para pensar um pouco e respondeu:

- Há muito tempo eu penso em formas, mas nunca ninguém levou a sério minhas críticas, por isso por todo esse tempo, no fundo, acreditei que o problema era eu, não o sistema... Talvez isso que tenha me trago até aqui... Porém, que bom que encontrei você, ficaria muito feliz de poder compartilhar minha visão, quem sabe você não possa me ajudar também.

Mokita parou de olhar para céu, olhou para Koulu, e com um sorriso no rosto lhe disse:

- Seria um prazer!

Naquele momento, parecia que o céu tinha começado a brilhar e se tornado tão límpido que eles achavam que podiam ver o universo, em meio a tanta admiração pela vida, Koulu sorria dizendo:

- Então Mokita! Imagino que o coração para a transformação é a educação. Eu me perco a imaginar como seria se as escolas foessem integradas com nosso dia a dia, como se cada atividade, cada momento fosse para fazer as crianças, adolescentes e até os adultos questionarem o mundo em que vivemos e as coisas que existem ao nosso redor. Permitindo que cada um se desenvolva atrás de suas proprias habilidades e motivações.

- Que legal! — Disse Mokita, levantando as duas mão para o céu e continuou dizendo — Mas como você integraria todo o conhecimento nas coisas do dia a dia?

- Então, imagino que isso deveria ser ajustável para cada pessoa, da forma que é, as escolas parecem linhas de produção, tentando enfiar informação nos jovens, sem se importar com o que realmente querem. Por exemplo, quando você era criança, o que mais gostava de fazer?

- Interessante. Deixa eu pensar Koulu... Acho que sempre fui apaixonada por música. Tudo que sentia e pensava se tornava música ou poesia, então acredito que posso dizer a coisa que mais gostava e talvez ainda goste, é a música.

-Perfeito. Para você, no mundo que imagino, sua educação poderia ser moldada envolta da música por exemplo, já pensou que pode aprender muito sobre matemática com as escalas musicais? Já parou para pensar que toda nota tem uma frequência e que cada nota tem uma relação matemática com uma outra? Além disso, você disse que gostava de transformar tudo em musica ou poesia, imagina como seria se você tivesse que transformar a história e a geografia dos lugares em canções? E se tivesse que aprender idiomas para escrever essas músicas, não seria mais interessante?

Nessa hora, Mokita se levantou do chão rapidamente, puxando as mãos de Koulu e disse:

- Eu sempre imaginei dessa forma Koulu! Sempre achei que seria mais fácil e mais interessante aprender se pudéssemos vivenciar o aprendizado, se pudéssemos relacionar com as coisas que mais gostamos, fica muito mais fácil de lembrar! Na verdade a muito tempo faço isso! Você também faz?Não... ando sempre tão ocupado, que não consigo fazer as coisas de um jeito diferente...

Como Mokita estava olhando diretamente em seus olhos , pode ver que aquela simples pergunta o fez sair daquele estado de extrema felicidade, passando para um estado de tristeza inexplicável. Dessa forma, tentou animá-lo dizendo:

- Bom, então vamos pensar em como mudar seu "mundo" de hoje?Nossa, eu ficaria muito feliz — Disse Koulu com lágrimas no rosto.Então vamos começar! O que você quer mudar?

Após algumas horas conversando, Koulu percebe que por mundo tempo esteve realmente preso diante de suas proprias ilusões. Pois, ao acreditar que o "mundo" o tentava controlar, tudo que fazia era entregar o controle. Sem nem perceber que são nas pequenas coisas do dia-a-dia em que podemos realmente fazer alguma diferença. Aquele dia então terminara e ele nem percebera em que momento tinha caido ao sono, mas ao amanhecer, acordando com os primeiros raios de luz que incidiam sobre seu rosto, sorria agradecido. Como se tivesse renascido. Embora nunca mais tivesse encontrado com Mokita e as vezes se questionava sobre aquele encontro de fato tivesse acontecido. Sabia que a partir daquele dia, tudo mudaria. Porque ele havia mudado.


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⏰ Last updated: Nov 22, 2020 ⏰

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