Uma rosa para um jardim

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Mark ficou uma semana juntando dinheiro para comprar um presente para alguém especial: uma rosa. Não entendia de flores, mas havia visto um desenho de uma rosa no caderno de Jisung e uma anotação dizendo sobre o quão gostaria de ganhar uma rosa de presente.

"Detesto presentes de aniversário", estava escrito no caderno, "Pois as pessoas apenas lhe dão porque está mais velho, porque se sentem obrigados à lhe presentear. Mas, por que presentear alguém por estar ficando mais velho? Cada passo que dou para longe da infância, dói. Eu gostaria de ganhar presentes do nada, sem motivo algum, só pelo fato de eu ser importante para alguém. E uma rosa seria um bom presente"

Por isso, Mark abriu um sorriso gentil enquanto pagava pela rosa. Jisung não queria um buquê. Bastava apenas uma. E aquilo seria fenomenal.

Mark colocou-a na sua mochila, com as pétalas para fora, e subiu em sua bicicleta amarela. Pedalou pelas ruas até chegar na escola. Estava feliz, mas não mais do que Jisung ficaria quando recebesse o presente inesperado.

Mas, quando chegou, um garoto segurava os braços de Jisung enquanto um outro tinha as mãos em seu caderno e lia o seu conteúdo.

"Uma rosa? Você quer uma rosa?", ria o garoto. "Tudo bem, aqui está a sua rosa!", e rasgou a folha, fazendo Jisung emitir um som, cujo era uma mistura de choro, gemido e um "não" abafado. O garoto rasgou, dobrou e amassou a folha, tentando fazer um tipo de origami. O final foi terrível. Aquilo estava muito longe de uma rosa. Parecia uma flor que fora atropelada.

"Aqui está, JiFlower!", e ergueu a obra, orgulhoso. O outro garoto soltou Jisung e o derrubou no chão. "Mas seria uma pena se...", jogou aquela péssima rosa de origami no chão e a pisou, arrastando-a com o pé.

Depois daquilo, riu com o amigo e ambos saíram de perto, entrando na escola.

Mark se insultou por ter assistido tudo e não feito nada. Machucaram o Jisung, e não fora fisicamente. E, consequentemente, o machucaram também. E ele finalmente notou o quanto o tempo estava gelado, e ele sentiu medo e se perguntou se deveria se aproximar ou passar direto. Não, passar direto seria desumano. E Mark já fizera — ou não fizera — algo.

"Jisung!", largou a bicicleta no chão — e dane-se caso tivesse quebrado — e correu até o garoto que estava ajoelhado no chão.

"Me larga!", gritou Jisung, assim que sentiu os dedos de Mark em seu ombro, e afastou-se. Pegou o caderno do chão e o papel e se levantou. "Desculpa, eu... Estou cansado", fitou Mark.

"Eu vi", contou Mark, e Jisung suspirou.

"É apenas uma coisa boba. Não espalhe para ninguém.", pediu, passando a mão no braço, num movimento sobe e desce.

"Bobo? Por que inferioriza os seus desejos dessa maneira? Por conta deles?", ergueu a mão para direção da escola. "Não faça isso consigo mesmo, Jisung."

Jisung abaixou o olhar por um tempo, chutando as pedrinhas soltas do asfalto e ainda com aquele movimento nervoso.

"Olha, trouxe isso para você", e Mark tirou a mochila das costas e a deixou no chão. Com isso, tirou a rosa gentilmente de dentro e ergueu-a na direção de Jisung. "Uma rosa, para um jardim inteiro que é você, Jisung".

Aquilo saiu natural, já que nem havia planejado o que falar quando presenteasse o garoto. E era uma completa verdade, já que Mark sempre achara que Jisung era a junção de todas as flores do mundo. E ele amava vê-lo cheirando as flores da rua, tocando nas plantas e observando o vento sacudindo as folhas.

Porque ele era bonito até no seu interior. E era uma pessoa tão amorosa, que Mark se perguntava o porquê de pisarem tanto naquele lindo jardim chamado Park Jisung. Mas ele estava ali para cuidar dele, e aquilo era mais que o suficiente.

O frio de antes foi-se embora. O medo também. E apenas havia uma única certeza: nunca iria machucar Jisung. Uma promessa que fez à si mesmo.

"Uma... Rosa? Para mim? Eu? Jardim?", não podia acreditar.

"Sim, você. Um jardim florido e colorido em plena primavera. E talvez eu seja uma abelha solitária que acabou por ser atraído pelas cores e cheiros desse jardim. Que é você", explicou, mais uma vez, naturalmente.

Jisung sorriu, aceitando a rosa e cheirando-a. Gargalhou, e cheirou mais. Deixou o caderno cair, junto com a folha amassada. Ainda rindo, deu um longo passo à frente e se encontrou nos braços de Mark.

"Obrigado, Mark! Te amo! Te amo!", disse, com entusiasmo e emoção. Com os braços ao redor do pescoço de Mark e lhe deu um beijo na bochecha.

Naquela manhã, Mark escreveu uma nova folha do caderno de Jisung. O mais novo desenhou a rosa igual a que ganhou, e o mais velho escreveu:

"Uma rosa, para um jardim que é você"

E assim ficou. Pois é a verdade.

Rose || MarksungOnde histórias criam vida. Descubra agora