Temporada 01 - Episódio 01 "Malos recuerdos"

527 32 6
                                    

"Não deixe pra dar valor quando perder, se uma planta tenta crescer, e você não se preocupa pra aguar, a tendência dela é secar." - Mateus Lima

O barulho do monitor de sinais vitais ecoava por toda a ala D do hospital municipal, aquele jovem estava a meses internado e ainda não havia apresentado melhoras. Para os médicos já era certo, Miguel não iria acordar tão cedo, talvez nunca mais.

Ela se aproximou e colocou sua mão esquerda no vidro, Luísa sentia suas lágrimas quentes saindo pela glândula lacrimal e percorrendo suas bochechas geladas. Seu respirar era frio, como o vento do inverno de Mendoza.

___ Oi? - Candelária se aproximou -

___ Oi, Cande - Luísa se virou e abraçou fortemente a mãe de seu amigo - Eu acabei de chegar, os médicos falaram algo sobre ele?

___ Não! Não, apenas para esperar... - respirou fundo ao olhar seu filho deitado na cama respirando por aparelhos - Foi um acidente muito grave, Luísa, é incrível como você e os outros não se machucaram tanto.

Cinco Meses Atrás - Mendoza, Argentina

Luísa estava inquieta em seu quarto, com tudo que havia descobrido sobre seu amigo sua cabeça estava a mil, seu mundo estava desmoronando aos poucos.

Ela tinha matérias da escola para colocar em dia, tinha deveres de casa para fazer, e ainda algo muito mais importante... compor a nova música de sua mãe. Luísa era filha de Daniela, uma brasileira luso-argentina que ficou famosa cantando sertanejo.

Apesar de tudo ela decidiu de última hora voltar para o estúdio de pintura de seu amigo. Mais cedo Miguel havia feito um convite a ela, no qual ficou mega aborrecida.

___ A onde vai? - Daniela perguntou a filha que saia pela porta da sala - Luísa, você acabou de chegar.

___ Eu preciso falar com o Miguel, você sabe o que está acontecendo e eu estou com medo. Não quero perder o meu amigo, mamãe!

___ Não demore, a gravadora está cobrando a música do você me prometeu que me ajudaria a compor.

___ Eu volto às cinco, mamãe.

A jovem saiu e fechou a porta atrás de si. Ela deu a volta na casa e pegou sua bicicleta que estava no fundo, antes de sair enviou uma mensagem ao amigo avisando que iria para lá.

Depois de alguns minutos pedalando, Luísa chegou ao estúdio de pintura, ela adentra e não encontra ninguém. A jovem adolescente deixa sua mini mochila azul celeste sobre um sofá de couro preto, após ela caminha e com cautela observa os esboços de desenhos sobre a mesa.

___ É você! - uma voz rouca afirma vindo de trás dela -

___ Ah... está perfeito! - olhou para trás e seus olhos se encontraram -

Miguel caminha e se joga no sofá de couro preto, logo em seguida ela se aproxima mas não se senta, fica em pé em sua frente.

___ Miguelito, er eu andei pensando naquilo que conversamos de manhã, acredito que não será de todo mal ir a essa festa com vocês.

___ Você vai mesmo, Lu? - deu um pulo de alegria - Eu tô muito feliz, vai ser muito divertido.

___ Ah, e me desculpe por ter falado aquilo, naquele jeito tão rude com você hoje mais cedo. Mas por favor, não diga mais aquilo!

___ Aquilo o que? A verdade? - ficou sério e se distanciou - Eu não menti quando disse que vou morrer logo e tenho que aproveitar essa merda de vida!

Época Atual - Hospital Municipal

Luísa ficou a manhã toda no hospital, e após Candelária sair do quarto ela entrou, restavam mais alguns minutos do horário de visita. Ela fecha a porta atrás de si, e caminha em direção a Miguel.

___ Miguelito? - sentou-se na cadeira ao lado da cama e segurou a mão dele - Que saudade de ouvir a sua voz, quantas saudades... Eu me culpo, talvez se não tivesse topado ir você não iria!

Ela pega algo em sua mochila e coloca sobre o corpo dele, era uma margarida, apenas uma flor simbólica.

___ Eu ainda as tenho, elas ainda vivem lá... Hoje fazem cinco meses que me pediu em namoro, mas não passamos nem cinco horas juntos!

Cinco Meses Atrás - Ruta Nacional 40

Eram quase duas horas da manhã, e quatro jovem percorria com um carro a rodovia RN40, eles haviam saído de uma festa próximo a Tunuyán e estavam voltando para casa em Mendoza.

Nesta região as noites são frias e a pista fica completamente úmida, quase que congelada. No celular de Luísa havia mais de dez chamadas perdidas de sua mãe, ela não atendia pois estava inconsciente. O trajeto entre as cidades que deveria durar cerca de uma hora passou a durar mais de três, tudo por culpa de um acidente.

Juan havia perdido o controle, o carro saiu fora da pista e acabou capotando algumas vezes, os jovens ficaram inconscientes. Após algum tempo Natália acordou e conseguiu alcançar o celular.

___ Alô? - ofegante entre lágrimas - Eu preciso de ajuda, o meu namorado capotou o carro... por favor me ajuda, tem muito sangue... - o policial na linha fez uma pergunta - Somos quatro, eu... e-eu estou presa na carro eles estão inconsciente...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

© 2020 TVDay Channel, Inc

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

© 2020 TVDay Channel, Inc.

O Privilégio De Te Ter Onde histórias criam vida. Descubra agora