The Pacto

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K A T H E R I N E  |√ 

De maneira inexplicável, me sinto incapaz de dizer ao certo como isso aconteceu... Quando o desejo veio à tona, nublando minhas ambições e colocando em risco meus interesses. 

Talvez tenha sido na primeira vez em que nossos olhares se cruzaram, há quase três anos atrás em seu escritório, quando eu tentava, inultimente, me refugiar; esconder-me da farsa que eu havia criado para ser minha vida.

Eu sucumbir e foi quando tudo começou a ruir; rachar.

Naquela ocasião ele fez algo que nenhum homem havia feito: Despertou meu verdadeiro interesse (embora eu fosse mestre em disfarçar bem  meus  sentimentos).

Ele fitou-me fixamente, sem se importa em mostrar que eu  também o tinha atiçado. Sua intensidade me desnudava em uma luxuria ardente; devassando-me com o seu ar de mistério. Parecia querer me afrontar, desafiar-me naquela troca de olhar poderosa. Cercou-me de sua presença dominante, e enquanto me tocava de maneira despudora, disse:

— Você é  perigosa, Slátkiy [1]. — seu tom era jacoso e meus olhos não saíram dos seus. Ele me fazia sentir extremamente enfeitiçada,  cativada por sua postura e maneira de agir. — Vou manter isso em mente para um futuro breve. — e saiu, deixando-me ali,  devassada e mexida por uma gama de sentimentos incontroláveis.

Desse dia por diante eu me tornei alvo de seu interesse e ele se tornou, secretamente, minha obsessão.

" A repulsa é uma das formas de obsessão e que, se desejamos alguma coisa, é mais fácil pensar nela com horror do que deixar de pensar... "

— Marguerite Yourcenar.

[1] —  Slátkiy —  Doce em russo.